Esqueça os classificados: redes sociais são a nova opção

Empresas também utilizam as mídias para conhecer melhor seus funcionários

por Alexandra Gappo sab, 28/01/2012 - 08:16
Paulo Uchôa/LeiaJá Imagens O analista de redes sociais, Victor Moury, utiliza o Twitter para se promover profissionalmente Paulo Uchôa/LeiaJá Imagens

Analisar cuidadosamente os classificados, enviar dezenas de currículos, enfrentar filas nas agências de empregos e, talvez, ser convidado para entrevistas não estão mais no roteiro de muitas pessoas que procuram por um novo trabalho. Nos dias de hoje, tem mais chance de sucesso na empreitada quem, para se promover, usa o seu perfil nas principais redes sociais.

O boom da web 2.0 trouxe mais adeptos às novas mídias. Hoje, quem lidera o ranking de mais usuários é o Facebook, com mais de 800 milhões de assinantes, seguido pelo Twitter, com mais de 175 milhões. Os termos compartilhar, twittar, curtir e comentar ganharam novos significados entre quem utiliza as redes sociais.

De acordo com pesquisa realizada pelo Ibope Mídia, em 2011, no Brasil, as pessoas já gastavam cerca de 20% do seu tempo online nestas redes. A grande maioria dos internautas (72%) pretende criar, acessar e manter um perfil em rede. E por que não aproveitar todo esse tempo para conseguir um emprego?

Para facilitar essa busca por novas oportunidades, foi criado, em 2003, o LinkedIn, a rede social específica para cadastros profissionais. A mídia serve para tornar mais fácil a busca e a seleção, tanto para os futuros empregados, quanto para as empresas. A rede tem mais de 46 milhões de membros ao redor do planeta e representantes de 200 países. Diferentemente de outras redes sociais, você não pode adicionar um contato sem ele o conhecer. É preciso utilizar seus colegas para fazer apresentações e conseguir conversar com o profissional desejado. 

As empresas de recrutamento profissional também estão aderindo a essa nova moda. De acordo com Ana Teresa Almeida, sócia e consultora da empresa Fator Humano - especializada em serviços de assessoria na área de Recursos Humanos -, os anúncios nas redes sociais conseguem alcançar mais pessoas em menos tempo, “por isso, companhias não podem fingir que as redes sociais não existem. Pelo contrário, elas devem interagir com as mídias”, frisa.

Consultora na área de RH há 26 anos, Ana Teresa ainda afirma que, mesmo com resistência, algumas empresas costumam utilizar as redes. “Temos empresas que fazem pesquisas para saber o perfil de seus novos funcionários através das redes sociais, então procuramos fazer uma pré-seleção de quem é usuário e quais redes costuma usar”, explica. 

Segundo uma pesquisa internacional feita pela empresa norte-americana Jobvite, do mercado de recrutamento, cerca de 78% usam o LinkedIn para processos seletivos, 55% usam o Facebook, e 45% usam o Twitter. Mas o dado mais impressionante aponta que um terço dos entrevistadores sempre verifica o perfil dos candidatos nas mídias sociais antes de qualquer contratação.

O consultor de mídias sociais, Carlos Macêdo, confirma essa declaração. Há quatro anos, diretor da empresa Mídia Beat, especializada em consultoria de mídias, Carlos afirma que o Facebook e o Twitter são as redes preferidas das companhias que acompanham essa evolução. “Apesar de não ser uma prática na hora de contratar, as empresas deveriam pedir, além do currículo, o perfil das redes sociais, para saber um pouco mais do comportamento do seu funcionário”, afirma Macêdo.

O consultor adverte que, tudo que é posto nas mídias, se torna público, por isso os usuários devem ter cuidado com o que postam, curtem ou comentam nessas redes. Carlos deixa claro que é preciso ter boas maneiras, também no mundo virtual, caso contrário, isso pode comprometer sua carreira profissional. Um exemplo do mau uso dessas mídias aconteceu em 2010, quando um torcedor, durante um jogo entre São Paulo X Corinthians, escreveu diversas palavras ofensivas a torcida do São Paulo por meio do Twitter. Mas não se tratava de um torcedor comum, era um diretor comercial da Locaweb, que recentemente firmou um acordo publicitário com o time de futebol. O funcionário foi afastado do cargo logo após o caso ter chegado à imprensa.


Quem procura uma nova oportunidade deve ficar atento a tudo que se passa na internet, como fez a estudante de engenharia de produção, Patrícia Lupicínio, de 22 anos, que conquistou seu novo estágio através da rede criada por Mark Zuckerberg (Facebook). A futura engenheira explica que sempre fica de olho nos perfis de vaga de estágio e emprego, “mas essa oportunidade veio através de uma amiga que compartilhou uma mensagem de uma empresa que estava recrutando estagiários”.  Patrícia enviou o currículo e começará a trabalhar no próximo mês.

A característica que mais atrai novos adeptos a usar as mídias profissionalmente é que não é preciso ter uma empresa ou procurar uma companhia para se candidatar. Quem tem seu próprio empreendimento pode tirar bons frutos da internet, como faz o analista de rede e marketing social, Victor Moury, de 23 anos, que utiliza o Twitter para divulgar promoções.

O estudante teve o perfil bastante conhecido pelos usuários depois de participar e ganhar várias promoções via retwitter. “Conforme ganhava os sorteios, ia ganhando também seguidores e vi que poderia usar o meu perfil para lançar e divulgar outras promoções”, explica. Segundo o analista, foi fundamental o patrocínio de uma empresa de produtos eletrônicos de nível nacional, pois assim fazia sorteios divulgados em todo o Brasil, o que trouxe maior visibilidade para o seu perfil.

Para Victor, o trabalho nas redes sociais só veio acrescentar ao seu currículo profissional, mas ele dá um conselho aos que pretendem iniciar essa empreitada. “É preciso se aprofundar nesse campo, lendo livros nas áreas de marketing e mídias. Quem tem o interesse de conseguir um dinheiro a mais com as redes sociais, tem que saber em que está mexendo, estudar e estar sempre atento às novidades”, aconselha.

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