Pernambuco: uma terra de empreendedores
Entre janeiro e julho de 2012, foram abertos 31.883 negócios no Estado
Abrir ou ter o próprio negócio, atualmente, não está mais relacionado à falta de oportunidades no mercado de trabalho. Deixou de ser uma aventura no ramo dos negócios ou uma forma de completar a renda familiar no fim do mês. Ser empreendedor está muito mais relacionado a uma decisão bem pensada e naturalmente pela identificação do empresário com um promissor nicho de mercado.
O economista e professor da UNINASSAU, Djalma Guimarães, mapeou os empreendedores da cidade do Recife, na pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau. Segundo o estudo, 11,4% dos novos negócios serão formados por lojas de roupas, enquanto o ramo de lanchonetes deve ser responsável por 8,5% deles.
Uma das razões para esses dois mercados se destacarem, segundo Djalma, é a mudança na economia do Estado, que vem recebendo mais investimentos e teve o maior recuo entre as taxas de desemprego de todo o Brasil. O Instituito Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontou que a taxa de desemprego diminuiu de 6,7% para 5,7% no Grande Recife, o menor índice desde 2002.
“Os empreendedores passaram a ter uma expectativa mais profissional e diferente em relação à atividade que já exerciam”, destaca o economista. Segundo ele, as pessoas estão mais decididas a abrir um negócio porque além de encontrarem algo que se identificam, também se amparam na queda da taxa de desemprego. “Esses fatores aumentam as expectativa das pessoas”, completa Djalma.
Foi assim que a pernambucana Prazeres, decidida a voltar à sua terra natal depois de 13 anos morando na França, abriu sua empresa, a Canelés Massé. Em sociedade com o marido, o francês Philipe Massé, patissier, formado em Bordeaux, comemora hoje os quase dois anos de sucesso da empresa, que já se prepara para lançar franquias em 2013.
“Vendemos um produto elaborado e bem diferente da culinária brasileira. Foi preciso muita pesquisa e uma equipe bem afinada para dar certo”, conta a empresária à frente da primeira loja no Estado a vender os famosos doces franceses Canelés e Macarrons.
Prazeres ajuda a somar a estatística da pesquisa comandada pelo professor Djalma Guimarães. Segundo ele, 52,4% das pessoas que pretendem abrir um negócio na capital são mulheres. “Elas têm obtido cada vez mais qualificação, o que potencializa a capacidade empreendedora delas”, conta o professor, que completa, “outro fato interessante é que a mulher muitas vezes, para complementar a renda familiar, desenvolve pequenas atividades de vendas e franquias, e acaba descobrindo que possui aptidão para o empreendedorismo e segue adiante”.
A classe C é de longe a que representa a maioria dos novos negócios, são 63% deles. No Brasil, 53% dos quase 200 milhões de habitantes estão inseridos nessa parcela de pessoas com rendimento domiciliar entre R$ 1.064,00 e R$ 4.561,00.
Se essa mesma classe média fosse um país, já seria o 12º mais populoso do mundo e com o 15º maior PIB do planeta, já que a classe média brasileira movimenta anualmente cerca de um trilhão de reais.
A capacidade tanto de capital quanto empreendedora da população acompanha a economia, contudo é preciso uma ressalva. “Sem planejamento, o negócio não estará alinhado com o que o mercado espera e o gestor não terá qualificação. O empreendedor não vai conseguir obter um retorno acima do capital inicial investido e em muitos casos pode acabar até endividado”, lembra Djalma.
Foi esse modelo de planejamento que o casal Massé seguiu. “Pesquisamos durante vários meses, antes de abrir os quiosques. Buscamos informação no Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), e montamos uma equipe com consultor, arquiteto e designer para nos auxiliar".
“Estimar os custos e receitas e se preparar para as dificuldades do início da atividade é muito importante”, lembra Djalma, que completa, “sem um planejamento bem feito, o empresário pode subestimar custos, o que pode levar a quebra da empresa”. Ter uma pequena fatia de um bolo grande é uma metáfora que nunca se encaixou tão bem com a situação dos novos empresários brasileiros, afinal todos querem uma parcela dessa economia promissora.