Um dia do professor sem o que comemorar
Nesta quinta-feira (15), representantes dos educadores falaram sobre os principais problemas da educação brasileira
O Dia do Professor, comemorado nesta quinta-feira (15), é o momento em que estes profissionais recebem homenagens e o carinho daqueles que já passaram e dos que ainda estão nas cadeiras escolares. Porém, com o cenário da educação estadual e nacional bastante 'maltratado', com baixos salários e difíceis condições de trabalho, esta não é uma das profissões mais fáceis de se abraçar. O Portal LeiaJá conversou com os presidentes do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Pernambuco (Sintepe), Fernando Melo, e do Sindicato dos Professores da Rede Particular, Hemilton Bezerra, sobre a tarefa de cuidar da educação no Estado de Pernambuco.
Para Fernando Melo, uma das maiores dificuldades para o exercício da profissão, atualmente, é o piso salarial: "Em média, nosso piso é 60% do que ganha um outro profissional com o mesmo nível de formação". Ele lembrou do último embate que os professores da rede travaram com o Governo em busca de melhorias neste sentido. No primeiro semestre de 2015, a categoria deflagrou uma greve para pressionar o governo, mas conseguiu garantir apenas um reajuste de 7,1% para os profissionais com magistério. Também não houve uma proposta satisfatória em relação ao plano de carreiras: "Este debate já indica a dificuldade em relação ao piso salaraial", disse o presidente.
Além disso, outras dificuldades como falta de segurança, longas jornadas (muitos professores chegam a trabalhar os três expedientes por dia, fora o trabalho feito fora do ambiente escolar), condições precárias (como escolas sem estrutra, falta de climatização, salas pequenas e superlotadas, etc) e falta de uma formação continuada, comprometem o desempenho dos profissionais da educação e tornam a profissão cada vez menos valorizada. Segundo Fernando, os cursos de licenciatura têm sido os menos procurados nos últimos anos tamanha a desvalorização da área: "Não é uma carreira atraente", afirma.
Na rede privada, os problemas não são muito diferentes. Insegurança, salas superlotadas e a alta rotatividade de professores nas escolas costumam atrapalhar o desempenho dos docentes. Apesar disso, Hemilton Bezerra, presidente do Sinpro, comemora a entrada da educação na pauta de discussões da sociedade e citou a elaboração do Plano Nacional de Educação como uma importante ferramenta em busca da valorização do professor passando pela melhoria na formação e questão salarial: "Nosso sistema não é articulado, embora seja um país de proporções continentais, temos questões inerentes a todas regiões. Estamos caminhando para a construção de um sistema, temos isso a comemorar".
Porém, mesmo diante tamanhas dificuldades, ainda existe um outro 'lado da moeda'. O reconhecimento e apoio dos alunos, pais e comunidade são os fatores o que garantem a manutenção do desejo destes profissionais em acreditar e continuar atuando na educação: "Essa é a parte que nos conforta", diz o presidente do Sinpro. Ele lembra como é grande a responsabilidade dos profesores, que formam os jovens para serem os futuros cidadãos do país e salienta que as nações que investiram em educação são aquelas que conseguiram melhorar sua qualidade de vida. Hemilton também ratifica a importância do professor no crescimento do ser humano e da sociedade: "O conhecimento é uma força motriz no crecimento da humanidade. O professor cumpre um papel fundamental na nossa humanização". Neste Dia do Professor, e em todos os outros em que a categoria árduamente exerce sua função, esta é a mola propulsora dos profissionais que decidiram trilhar este caminho: "O que nos move é saber que a sociedade precisa da gente", finaliza Fernando.