Comunidade internacional celebra Dia da Língua Portuguesa

Países de quatro continentes, Europa, Ásia, África e América do Sul, destacam o 5 de maio para exaltar o idioma usado por 261 milhões de pessoas em todo o mundo

sex, 06/05/2016 - 18:51

A quarta língua mais falada do mundo. Possui cerca de 261 milhões de usuários no planeta. Quinta língua com maior numero de utilizadores na internet. Língua oficial ou de trabalho em 32 organizações internacionais. Essa é a língua portuguesa, que teve seu dia comemorado no último 5 de maio (veja vídeo abaixo) pela Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) – composta por Portugal, Guiné-Bissau, Angola, Cabo Verde, Brasil, Moçambique, Timor Leste, São Tomé e Príncipe, Guiné Equatorial, alem de ilhas próximas à África e Ásia, como Açores, Madeira, Macau e Goa.

Segundo a professora de Letras e mestre em Educação Thamy Saraiva Alves, a língua portuguesa não se limita a uma disciplina lecionada em escolas, mas é também um patrimônio cultural e faz parte da identidade cultural de um povo. “É uma coisa originária do cidadão nascido na nação brasileira. Caracteriza o sujeito na sociedade, mostrando que cada um tem sua cultura, sua questão ideológica, além de favorecer a comunicação entre os falantes”, comenta a professora.

Num país de proporções continentais como o Brasil, porém, não é difícil encontrar especificidades conforme a região visitada. As diferenças são diversas: no Sul brigadeiros são chamados de negrinhos; no Norte e Nordeste, palavras como “égua” e “rei” ganham novos usos (e às vezes significados) em interjeições das mais variadas. Fora isso, sotaques enchem as bocas dos falantes no país, de modo que tornam o uso da língua muito vivo e mutável. E, de acordo com a professora Thamy, “cá pra nós, é um idioma muito bonito e que deveria ser mais valorizado pelos falantes”.

Falantes como Ruanne Ribeiro, 20 anos, aluna de língua portuguesa da Universidade Federal do Pará (UFPA), que pensa que o 5 de maio serve para repensar a história comum e o patrimônio linguístico do português. Ou Lucas Corrêa, estudante de jornalismo da Universidade da Amazônia (Unama), que vê o idioma como um instrumento essencial de vida, cuja importância vai muito além do que é ensinado na escola.

Não se pode esquecer, no entanto, a questão do ensino da língua, que, segundo Ruanne, pressupõe o esforço e o interesse dos licenciandos, e também o engajamento da sociedade. “Ser professor no Brasil é uma pauta que merece ser discutida não apenas em tempos de greve ou eleições. Estamos falando do está sendo ensinado, é uma tarefa da sociedade como um todo se envolver na qualidade dessa formação.”

No Brasil, há, também, certos preconceitos linguísticos (ou conceitos de certo e errado) que dificultam a vivência entre os falantes e atrapalham processo comunicativo como um todo. “Antes de entrar no curso de Letras, eu partilhava da ideia de que existia certo e errado na língua. É algo em que frequentemente somos encorajados a acreditar. O preconceito muitas vezes está ligado a uma perspectiva de status social. Nesse sentido, a língua deixa de ser somente um instrumento pelo qual nos comunicamos, e passa a fomentar uma ideia de que existe um melhor falante que outro, quando na verdade há apenas maneiras diferentes de se utilizar o código linguístico”, afirma Ruanne.

Por Arthur Siqueira.

Embed:
 

COMENTÁRIOS dos leitores