Alunos denunciam afastamento de educadoras em PE

De acordo com estudantes de uma escola pública localizada em Jaboatão dos Guararapes, educadoras foram desligadas porque apresentaram um projeto sobre a Cultura Africana e Afro-Brasileira. Alunos dizem que a gestão da escola agiu com preconceito

ter, 10/07/2018 - 13:00
Reprodução/Google Maps Escola fica em Jaboatão dos Guararapes Reprodução/Google Maps

Estudantes da Escola de Referência em Ensino Médio Professor Benedito Cunha Melo, localizada em Jaboatão dos Guararapes, município da Região Metropolitana do Recife, exigem a volta de duas profissionais à instituição. De acordo com o grupo, o afastamento das educadoras - cujas identidades não serão reveladas - foi por preconceito e estaria ligado à apresentação de um projeto pedagógico que discute a Cultura Africana e Afro-Brasileira. 

Segundo o texto publicado no Facebook de um dos alunos da escola, as profissionais, uma professora e uma coordenadora, foram desligadas na última sexta-feira (6) e não houve explicações sobre os reais motivos. "Elas sempre desenvolveram projetos importantes para nós (alunos). Creio que isso incomodou a gestão da escola e houve o afastamento", disse o estudante que terá a identidade preservada.

Segundo outro aluno, a apresentação de projetos de incentivo ao desenvolvimento intelectual e cultural era encabeçada pela coordenadora e professora. "Foram vários projetos. O último foi ligado à cultura afro. Uma bailarina mostrou danças com tema de matrizes africanas e dança dos orixás", disse o aluno. A ação foi realizada no último dia 19 de junho, no pátio da escola.

"A gente acredita que foi um choque de ideias. O gestor da escola é crente. Tanto que depois da apresentação da bailarina e capoeiristas, houve uma apresentação musical com canções gospel no pátio", conclui o aluno; sua identidade será preservada.

Procuradas pelo LeiaJá, as profissionais da educação decidiram não dar entrevista antes de entrar em contato com o Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Pernambuco (Sintepe). O grupo sindical, até o fechamento desta matéria, não recebeu nenhuma informação sobre o caso, mas garantiu que irá apurar as denúncias. Uma das educadoras ainda alegou que está sendo coagida, mas não quis revelar quem seria a pessoa.

O LeiaJá também entrou em contato a direção da escola, mas a gestão preferiu não conceder entrevista. No entanto, informou que todas as informações referentes ao afastamento das profissionais devem ser esclarecidas pela Secretaria de Educação de Pernambuco.

Um protesto está sendo organizado a favor da volta das profissionais à escola e deverá ser realizado no dia 25 de julho. Alunos defendem a importância da presença das profissionais entre eles. Em nota enviada ao LeiaJá, a Secretaria de Educação se posicionou sobre o assunto:

A Secretaria de Educação do Estado (SEE) informa que a educadora de apoio da Escola de Referência em Ensino Médio (EREM) Professor Benedito Cunha Melo, em Jaboatão dos Guararapes, foi devolvida à Gerência Regional de Educação (GRE) Metropolitana Sul por motivos administrativos. Já a professora continua na unidade de ensino.

A pasta reitera também o compromisso de cumprimento à Lei 10.639/03 por meio da sua Gerência de Educação Inclusiva e Direitos Humanos, responsável por ministrar oficinas e formações periodicamente para professores, gestores e educadores de apoio sobre a temática africana, que são aplicadas em todas as escolas da Rede em formato de atividades pedagógicas como aulas, projetos, feiras de conhecimento, mostras culturais, seminários, entre outros.

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