Saiba como a Amazônia pode cair no Enem

Além das queimadas, o exame pode abordar biodiversidade e a importância da floresta para o planeta

por Marcele Lima ter, 27/08/2019 - 17:17
Terriório indígena no Maranhão/ Ibama/ CC . Terriório indígena no Maranhão/ Ibama/ CC

A preocupação com os constantes incêndios que devastam a Floresta Amazônica nos últimos dias tem feito com que o tema esteja presente nos principais noticiários, em diferentes veículos de comunicação do Brasil e do exterior. As políticas de proteção ambiental do governo Bolsonaro têm sido questionadas por líderes mundiais, sobretudo pelo presidente da França, Emmanuel Macron, que anunciou nesta segunda-feira (26) que o G7, o grupo dos países mais ricos do mundo, liberou 83 milhões de reais para ajudar no combate ao fogo na floresta. No entanto, o presidente Jair Bolsonaro, inicialmente, disse que iria rejeitar o recurso por desconfiar dos interesses dos estrangeiros.

Para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), os estudantes precisam preocupar-se em conhecer a floresta como um bioma importante para o planeta e entender quais os riscos da ausência da preservação da fauna e flora amazônica. O LeiaJá conversou com o professor de geografia Hedymur França para tirar as dúvidas que possam surgir nesta reta final para as provas, já que este pode ser um dos assuntos a serem cobrados.

1 – Maior biodiversidade do mundo

“A biodiversidade daquela região é imensa, contribui com a vida da fauna e da flora, inclusive os polinizadores que servem até no sistema de plantações agrícolas. E para os que não sabem, a Amazônia é tão rica que contribui com a formação dos recifes de corais que vão de sua foz até o Caribe”, afirma o professor.

2 – Amazônia e seus territórios

A Amazônia não é exclusiva do Brasil. Ela ocupa mais de 49% do território nacional nos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Rondônia, Roraima, Mato Grosso, Maranhão e Tocantins. Fora daqui ela está presente na Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Guiana Francesa, Peru, Suriname e Venezuela.

A responsabilidade por cuidar é de todos, sobretudo para preservação das mais de 30 milhões de espécies de animais, árvores e plantas e principalmente pela preservação dos povos indígenas. “Dentre tantos, não poderíamos esquecer que a floresta tropical é uma fornecedora científica. Ajuda na indústria farmacêutica, de cosmético e controle biológico de pragas. A Amazônia não é somente uma floresta brasileira ou Pan-americana, é o sustento de muitas famílias nativas. Existe naquela região inúmeros índios com suas tribos e que veem na floresta o seu habitat natural. Preservar, conservar e reestruturar a Amazônia é uma obrigação prevista no código florestal”, afirma o professor.

3– As queimadas

As queimadas ocorrem pelo processo iniciado com o desmatamento. A seca contribui para a propagação das chamas, que acaba devastando áreas imensas, queimando o que vem pelo caminho. Todavia, os especialistas vêm discutindo o fato do clima seco este ano não estar sendo o vilão da história, o que leva a conclusão que incêndios podem ter sido iniciados pelo homem.

De acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), entre janeiro e agosto deste ano, houve um aumento de 83% no número de focos de incêndio na mata, comparados como o mesmo período de 2018. É o número mais alto desde 2013, quando os dados passaram a ser registrados.

“A floresta tropical Amazônica ou Hileia Amazônica, como pode ser chamada, é um sumidouro de carbono. Ela possui uma função, junto a outras florestas espalhadas pelo mundo de captar carbono. Quando há queimadas, todo carbono armazenado é jogado na atmosfera e contribui para o aquecimento global”, explica o professor Hedymur.

4– Desmatamento

Os dados divulgados recentemente pelo INPE sobre o desmatamento na Amazônia foram alvo de críticas por parte do presidente Jair Bolsonaro, culminando com a demissão do diretor do instituto, Ricardo Galvão. Conforme o Deter (detecção do desmatamento em tempo real) em julho, quando comparado ao mesmo mês de 2018, houve um crescimento de 278% na destruição da Amazônia. Em 50 anos, 20% da cobertura da mata já foi devastada. “Um dos temas de Kyoto, em 1997 com o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo, estabeleceu metas para serem alcançadas e por termos a Amazônia, temos um bom crédito desse índice. Retirar a mata para as finalidades do plantio da soja, inserção do gado ou a produção da madeira é saber de fato que estamos trazendo um grande desequilíbrio para o clima do planeta”, diz Hedymur França.

5- Rios voadores

O professor de geografia lembrou também que, além da captação do carbono, a floresta amazônica tem a função importante de espalhar as chuvas pelo Brasil. “Já imaginou que uma árvore com a copa de 10 metros de diâmetro consegue liberar por evapotranspiração 300 litros de água? E uma de 20 metros pode liberar até 1000 litros de água? Esses são chamados de rios voadores. A sua evapotranspiração faz com que a MEC (massa equatorial continental) leve chuvas para diversas partes do país. Irrigando, enchendo e alimentando os rios e até ajudando o fornecimento de energia através das hidrelétricas. Daí então, o desmatamento desenfreado fará com que, caso os números sejam mantidos, uma grande zona árida venha a se formar, visto que a Amazônia possui um solo pobre e quem faz ela manter o verde de sua mata seja seu próprio ciclo”.

6 – A Amazônia é o pulmão do mundo?

A defesa da floresta é legítima porque a depredação causaria mudanças climáticas sem precedentes no mundo inteiro. No entanto é preciso esclarecer a expressão que diz que a Amazônia é o pulmão o mundo. Ela consome praticamente todo oxigênio que produz.

Em conjunto com outros bosque e florestas acaba liberando para o meio ambiente quase 25% de oxigênio. Na verdade, as algas marinhas são responsáveis por lançar na atmosfera aproximadamente 55% de todo o oxigênio produzido no planeta.

O que o Brasil está planejando para cessar o fogo?

Após reunião nesta semana com ministro da Defesa, Fernando Azevedo, Ricardo Salles, titular da pasta do Meio Ambiente, pediu ajuda aos estados para combater às queimadas na floresta amazônica, junto com as forças armadas. Há um contingenciamento de verbas no fundo amazônico, mas que deve ser liberado, segundo ministro da defesa, 28 milhões para combater as chamas.

Nesta terça-feira (27) o presidente Bolsonaro reuniu-se com os governadores do Acre, Amapá, Amazonas, Rondônia, Roraima, Mato Grosso, Maranhão e Tocantins, que compõe o grupo Amazônia Legal, para viabilizar ações de combate aos incêndios florestais. Além da assinatura do decreto para utilização das forças armadas na atividade, também houve um pedido para que o presidente pare de discutir com Emmanuel Macron, da França, e cuide da situação do Brasil.

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