Estudante do Recife vence concurso de redação da Nasa
Aos 12 anos, Isadora Vasconcelos conseguiu se destacar no concurso por unir a curiosidade científica ao encanto por uma princesa da Disney
Uma história de conto de fadas vai muito além dos livros. Crianças de vários lugares do mundo se inspiram nas famosas princesas da Disney e trazem à realidade a mensagem para nunca desistir dos próprios sonhos. Foi assim, inclusive, que Isadora Vasconcelos, estudante do sétimo ano da Escola Municipal Complexo Luiz Vaz de Camões, localizada no Ipsep, Zona Sul do Recife, venceu o 'Concurso Cientista por um Dia 2020-2021', promovido pela National Aeronautics and Space Administration (Nasa).
Com a redação “Ariel: do mundo da fantasia para realidade de um mundo fantástico”, a garota conseguiu, em uma disputa que teve 14 mil inscritos, se destacar na categoria ensino fundamental I. A iniciativa foi criada para dar aos alunos do mundo inteiro uma oportunidade de experimentarem como é a vida de um cientista na Nasa.
Aos 12 anos, Isadora Vasconcelos já enfrentou alguns desafios impostos pela pandemia do novo coronavírus. Um dos maiores, para ela, foi ter que ficar muito tempo na frente de uma tela de aparelho eletrônico que afetou a visão da estudante, levando-a a usar óculos. No entanto, a perseverança da pequena a fez ter que encontrar inspiração e disposição para se dedicar aos estudos. “Para mim foi difícil, não só na questão do aprendizado, mas é muito mais divertido o presencial com os professores e os colegas, interagindo, criando um vínculo. E pela internet, na frente de uma tela não dá para fazer isso. É claro que na pandemia é mais seguro ficar em casa, mas se eu pudesse escolher, se não tivesse pandemia ou todos estivessem vacinados, eu ia preferir estudar presencialmente”, contou, a garota, ao portal de educação da Prefeitura do Recife.
Nesta edição, os estudantes tiveram que escrever uma redação sobre uma das três luas de Urano (Ariel, Oberon e Titânia) que a sonda Voyager 2 da Nasa, lançada em 1986 ao espaço, visitou durante sua jornada pelo sistema solar. Os inscritos deveriam escolher, entre elas, qual seria a melhor opção para retornar com outra espaçonave para uma nova expedição.
Esperta e bastante criativa, a pequena recifense juntou a curiosidade ao encanto por uma princesa da Disney para desenvolver sua redação. “Eu escolhi falar sobre esta lua, não só pelo nome que eu adoro, mas também porque eu amava a princesa Ariel. Era a minha princesa preferida. Quando eu era mais nova, pedia até para a minha mãe pintar o meu cabelo igual ao dela. Mas também achei a lua muito interessante, gostei de ler sobre ela e associá-la à princesa da Disney”, explicou.
Alamy Veríssimo, professor de geografia de Isadora, criou o 'Clube de Astronomia', no qual o trabalho da estudante faz parte. “Essa pandemia fez com que a escola, a família e o professor se aproximassem muito mais. A família tomou posse do que é educação, não do que é escola. A escola entendeu a necessidade de dar recursos para que o professor pudesse ensinar e visse que era necessário se reinventar para motivar os alunos. Este tripé funcionou em função de um único objetivo, o de levar conhecimento”, disse o professor à Prefeitura do Recife.
“Neste momento de pandemia, o importante não é saber que foi uma conquista de um prêmio, mas saber que foi um trabalho em equipe, mesmo com todo mundo longe. A família, a escola e o professor trabalharam juntos. A pandemia nos ensinou isso, que eu não preciso estar próximo, vendo, para trabalhar com o aluno. Eu preciso querer”, concluiu, emocionado, o docente. Confira, a seguir, o texto da estudante:
Arieliano, vulgo "Ariel", é uma lua de Urano que aparenta ter saído de um conto de fadas, assim como Ariel dos contos infantis, desbravadora de um Novo Mundo. A “nova Ariel”, real, apresenta-se muito mais misteriosa e, com certeza, com desafios maiores para a humanidade, uma humanidade à beira de um colapso civilizacional. Ariel é uma lua esbranquiçada e reluzente, tão "brilhante" quanto os olhos da Ariel dos contos de fada. Sua superfície cheia de crateras mostra apenas o quanto ela pôde ser alcançada por corpos celestes. A composição Ariel é de aproximadamente 70% de gelo (água congelada, dióxido de carbono em estado sólido e, possivelmente, também gelo de metano) e 30% de rochas compostas por silicatos. Elementos que não nos são desconhecidos.
Os recursos na Terra são finitos e a escassez cada vez mais evidente. Poucas pessoas, as mais ricas, se apoderam dos recursos e deixam a maioria da população quase sem nada; neste sentido, a sustentabilidade parece um conceito vazio. E é à beira desse colapso que a humanidade voltará seu olhar para o espaço, tão cheio de perspectivas. Seria possível os humanos se adaptarem a um ambiente novo? Seria tão impossível acreditar que a nossa ciência, curiosidade e veia desbravadora não nos levaria tão longe? Ou mesmo nossa cobiça?
Sendo assim, imaginar que um dia poderíamos habitar outra órbita que não seja a da Terra pode ser muito empolgante. Mas o mais interessante de "Ariel" é o quanto essa Lua guarda algumas similaridades com alguns desafios que a humanidade já enfrentou, como: gelo, paisagens desérticas e crateras lunares. Neste sentindo, vislumbra-se a criação de mecanismos capazes de permitir explorar o espaço e expandir não apenas como fronteiras tecnológicas, mas como fronteiras da humanidade.