Enem: veja o que não pode faltar na introdução da redação

Professores apontam quais elementos são obrigatórios e o que pode garantir até a nota 1000 na redação do vestibular

por Ruan Reis qua, 07/07/2021 - 10:36
Paulo Uchôa/LeiaJáImagens/Arquivo Prova da redação é uma das mais importantes do Enem Paulo Uchôa/LeiaJáImagens/Arquivo

Estudantes que farão a edição 2021 do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) sabem que garantir uma boa nota na redação pode ser um grande passo para a tão sonhada aprovação em uma instituição de ensino superior no próximo ano. Por isso, vale ficar atento a alguns elementos que não podem ficar de fora da produção textual, principalmente na introdução.

O texto dissertativo-argumentativo cobrado no Enem é dividido em três partes: introdução, desenvolvimento e conclusão. A introdução nada mais é do que “uma estrutura que abre o texto com o intuito de resumir e dar uma prévia do que será tratado na redação”, explica o professor de redação Felipe Rodrigues.

De acordo com a também professora de redação Fernanda Bérgamo, há, na introdução, dois elementos obrigatórios: o posicionamento da compreensão do tema pelo produtor de texto e a opinião do estudante em forma de teses.

“Um exemplo clássico: o aluno tem que desenvolver uma redação sobre ‘O caos do sistema penitenciário brasileiro’. Ele posiciona o tema, que é o sistema penitenciário brasileiro, mostrando que compreende que a temática é um problema, confirmando a palavra ‘caos’, e, logo em seguida, apresenta as teses que vai desenvolver. Ele pode dizer, por exemplo, que há duas grandes causas que são as superlotações dentro dos presídios e a proliferação de doenças. São esses elementos obrigatórios da introdução” explica Bérgamo.

Quem deseja conquistar a nota 1000 na redação do Enem precisa, segundo a educadora, não se prender somente a esses dois elementos obrigatórios, mas também enriquecer a introdução com repertório sociocultural. “O vestibulando precisa colocar como plano de fundo na apresentação do tema o repertório sociocultural, que pode ser dados estatísticos, alusão histórica, uma citação de autoridade, menção a livros ou a filmes. Então, ele precisa enriquecer o posicionamento do tema como problema e com repertório para ter um ótimo primeiro parágrafo”, detalha.

Para exemplificar, o professor Felipe Rodrigues compartilhou, em entrevista ao LeiaJá, algumas introduções de redação com temas variados que abrangem, além dos elementos essenciais, repertório sociocultural. Confira abaixo:

Tema: O estigma associado às doenças mentais na sociedade brasileira.

“No filme brasileiro Nise - O coração da loucura, baseado em fatos reais, a história de uma psiquiatra que trabalha os estigmas e tratamentos mentais rudimentares, com amor e arte, revoluciona a década de 50. Fora das telas, essa realidade ainda é perpetuada na contemporaneidade, de maneira contraditória, haja vista que o preconceito à manutenção da saúde mental do país ainda é o cerne do problema. Nesse viés, a estigmatização pertencente ao ambiente escolar, além da questão do capacitismo são embates nacionais.”

Tema: As consequências da biopirataria no Brasil.

“A lenda do Curupira representa a cultura aborígene e proteção da fauna e flora nacionais, através de um ser mítico que defendia os valores tradicionais contra os exploradores. Essa realidade, para além do folclore, é um reflexo da cultura de exploração, inerente ao Brasil, cuja traz reflexos até a contemporaneidade. Nesse prisma, a biopirataria é um embate nacional, principalmente nos tocantes do desmatamento e tráfico de animais, congruentes à extinção.”

Tema: Alternativas para a ressocialização do menor infrator brasileiro

"O menino do pijama listrado, filme que retrata os impactos do nazismo, arremete o contexto visceral de uma criança presa num campo de concentração alemão, em confronto as suas nacionalidades e infância. Esse retrato cinematográfico reproduz uma realidade diferente, mas semelhante ao contexto nacional: o aprisionamento do infanto. Nesse prisma, deve-se avaliar que a educação, em formato de ressocialização, assim como o tratamento psicológico são embates a serem superados pela realidade carcerária brasileira, voltada aos menores infratores."

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