Inovadora, empresária só contrata mulheres sem experiência
A nail designer, Glayce Goggin, contrata pessoas sem experiência na área e ainda capacita, pessoalmente, as funcionárias
O mercado da beleza vem crescendo cada vez mais. Novas técnicas vão surgindo e profissões muito conhecidas se renovando no mundo e, especialmente, no Brasil. Nos últimos anos, de acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC), o comercio de produtos de beleza teve um aumento de 9,3% em janeiro de 2022, relação ao mesmo mês de 2021. Além disso, o país é o quarto no ranking mundial de consumo de cosméticos, de acordo com a Euromonitor. Esses resultados favorecem o crescimento de várias atividades econômicas voltadas para beleza.
Um dos seguimentos do mercado da beleza favorecidos por essa ampliação são as profissionais de unhas, conhecidas como nails designers. O trabalho da nail designer é voltado para as técnicas de alongamento e decoração das unhas, diferente da manicure, que é responsável pela limpeza geral, como retirada de cutilas. Com o crescimento dessa profissão, muitas mulheres mudaram sua área de atuação para buscar a independência financeira ou se tornar dona da própria empresa.
Um exemplo desse empreendedorismo no ramo da beleza é a nail designer e instrutora Glayce Goggin. A empresária, que tem dois estúdios de embelezamento de unhas, um no Recife, Pernambuco, e outro em Natal, no Rio Grande do Norte, trabalha no ramo há cinco anos.
“Trabalhar com beleza nunca foi meu foco, eu trabalhava no setor imobiliário. Entrei nesse ramo quando conheci meu marido, que já trabalhava na área da beleza. Me mudei para a Itália com ele e fiz todos os meus cursos na Europa, eu fiz desde o básico até me tornar Instrutora Master Internacional e trouxe técnicas mais aprimoradas para o Brasil”, conta Glayce Goggin.
A empresária se destaca na área da beleza, com técnicas europeias e modernas, que fazem sucesso entre as clientes. Além da referência em euro nail, a Glayce tem uma forma de contratação diferente. A empresa trabalha com a seleção de pessoas sem experiência na área, o que acaba se tornando uma grande oportunidade para quem quer ingressar no mercado, mas não tem condições de arcar com as despesas dos cursos e materiais.
O valor de um curso e de materiais podem variar de estado para estado, mas a média de investimento pode chegar entre R$ 1.500 e R$ 2.000 apenas para iniciar, o que para muitas pessoas fica inviável. “Pensando em dar oportunidade as meninas que realmente querem aprender e gostam do ramo de beleza, mas não tem condições de pagar um curso, eu optei por contratá-las”, afirma Glayce. A capaictação acontece enquanto a profissional já está contratada, recebendo salário e de carteira assinada.
A nail designer também ressalta a dificuldade que encontrou para se tornar a profissional que é hoje, em um país distante. Com pouco conhecimento do idioma, ela teve que lidar, muitas vezes sozinha, com os obstáculos de uma iniciante. “Foi uma luta para eu aprender, para treinar e chegar no padrão que tenho hoje, não tive ninguém pra me ajudar. Por esse motivo eu também quero ajudar outras pessoas, é muito difícil ingressar e se tornar uma boa profissional, além do investimento ser muito alto você precisa praticar muito", avalia.
Glayce Goggin oferece método próprio de capacitação para funcionárias (Foto: Reprodução/Instagram)
A etapa de capacitação das pessoas interessadas em trabalhar para a empresa de Glayce dura em média três meses, onde elas aprendem técnicas europeias, para alcançar o nível de qualidade que a empresária precisa para suas funcionárias. “Durante todo o treinamento, as meninas trazem modelos para aprender as técnicas e todas fazem as unhas gratuitamente. Eu sou muito exigente no meu padrão, então se faz necessário todo esse tempo para a profissional estar capacitada”, revela Glayce. Apenas após o período de aprendizagem, a profissional é considerada capacitada e poderá iniciar o atendimento aos clientes do espaço.
Entender como funciona uma empresa e lidar com o cliente também faz parte do processo de aprendizagem: “Não é apenas fazer a profissional nas unhas, eu tenho que transformar a profissional em todos os sentidos, como lidar com o público, o que pode falar, o que não pode, como devemos tratar a cliente e como ter responsabilidade quando se trabalha em uma empresa”, diz Glayce.
Além da possibilidade de trabalhar com unhas, a Glayce tem oportunidade de ensinar suas técnicas em cursos, workshops, dentre outros. Para ter se tornado Instrutora Master Internacional, a empresária precisou passar por um processo rigoroso na Itália, local em que se especializou, para assim receber seu certificado. “Se tornar instrutora na Itália é diferente, eu tive que passar por uma prova por juízas, para poder pegar o certificado de instrutora. Para se tornar instrutora tem que ter uma certa experiência, tem que saber ensinar.” No Brasil também é necessário ter certificado, comprovando suas habilidades como instrutor, para aperfeiçoar e aumentar sua qualificação como profissional.