Conheça os primeiros passos para trabalhar em Portugal

Qualidade de vida, idioma em comum e oportunidades de emprego tornam o país um dos destinos mais interessantes para imigrantes brasileiros

por Thaynara Andrade dom, 01/05/2022 - 13:09
Unsplash As terras lusitanas são muito procuradas por brasileiros Unsplash

Seja pela melhor qualidade de vida, pela arquitetura e beleza das cidades ou mesmo pela facilidade do idioma em comum, que permite uma adaptação bem mais simples do que em países com línguas diferentes, migrar para Portugal é um sonho comum para muitos brasileiros. De acordo com o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), atualmente são mais de 200 mil registrados em terras lusitanas.

Entretanto, por mais que o país seja um destino interessante para quem busca educação, trabalho e novas oportunidades, se apressar para tentar a vida em um território estrangeiro sem nenhum planejamento nunca é uma boa ideia. É o que diz Clarissa Liarte Sobral, sócia fundadora da Living Porto, empresa de assessoria de relocation para pessoas que desejam se estabelecer em Portugal.

“Na ansiedade para realizar esse sonho, muitas pessoas acabam pulando etapas importantes e, quando chegam em Portugal, acabam sofrendo porque vieram sem a documentação necessária para conseguir emprego, porque não têm o dinheiro suficiente para se manter enquanto segue em busca de trabalho, entre outras dificuldades que podem causar bastante frustrações e até mesmo problemas maiores”, explica.

Em entrevista ao LeiaJá, Clarissa, que através da Living Porto já ajudou mais 300 famílias brasileiras a se estabelecerem em Portugal, conta quais passos os brasileiros devem realizar antes de decidir ir morar no país.

Planejamento

Não é nada interessante a experiência de quem vive ilegal em um país ou de quem acaba vivenciado dificuldades como a falta de recursos, moradia e até mesmo propostas enganosas de trabalho. Por isso, segundo Clarissa, o melhor caminho para quem sonha em trabalhar e estudar em Portugal é realizar um planejamento estratégico voltado para a sua realidade.

“Os primeiros passos para quem deseja migrar para Portugal é justamente obter o visto correto, organizar os recursos financeiros e realizar um planejamento desse projeto de transição como um todo. É importante que seja feito um estudo sobre qual o custo de vida do local de estadia, quais as condições financeiras do imigrante, porque pode demorar um pouco até todos os documentos estarem prontos, então é preciso ser avaliado se ele conseguirá sobreviver até o momento em que estará realmente trabalhando".

Visto

A obtenção do visto é, sem dúvida, um passo fundamental para a estadia em qualquer país. No caso de Portugal, há a possibilidade para brasileiros de passar um período de 90 dias no país, sem a necessidade de visto algum. Contudo, para as pessoas que desejam trabalhar ou estudar no país por um intervalo de tempo maior, ou mesmo morar, é necessário que seja apresentado um visto que pode ser de vários tipos.

“Se a pessoa quer vir estudar ou trabalhar, ela precisa de visto, sim, dependendo do tipo, da duração do curso, será um tipo de visto diferente. Agora se a intenção é morar, ou seja, chegar aqui e trabalhar de forma regular, agrupar família e tudo o mais, será preciso um visto de residência em específico, que pode vir através do estudo ou trabalho. Existem vários deles, são sete, que se dividem chegando a mais dez, que permitem o estudo e o trabalho em Portugal”, explica Clarissa.

De acordo com ela, é necessário avaliar quais das opções se encaixam melhor na realidade da pessoa. Há os tipos de residência que começam com a letra D, em que há a opção D1 e D3 que se refere a vistos de trabalho, no qual a pessoa precisa ter contrato de trabalho ou ao menos ter uma promessa de contrato. Também tem o visto D2, que se divide em duas vertentes, uma é para o empreendedor que tenha uma proposta de negócio interessante para abrir no país ou o visto D2 de profissional liberal que é parecido com D1 e D3.

A fundadora da Living Porto destaca a criação de um novo tipo de visto que se torna interessante em tempos de popularização do trabalho à distância. “Tem uma modalidade nova, que é o visto de nomadismo digital, que está sendo aceito positivamente no consulado e é ideal para quem trabalha no home office. Além disso, o visto D4 e D5 são para estudantes que estejam matriculados em algum curso de uma instituição portuguesa e também servem para conseguir a residência", diz Clarissa.

Avalie bem a cidade de destino

Assim como todos os outros pontos da viagem, a escolha da cidade em que se vai morar é de extrema importância. É comum, que ao pensar em Portugal, as pessoas tenham em mente de imediato a capital Lisboa e a tradicional cidade do Porto, contudo, a depender da realidade do imigrante, cogitar uma cidade menos popular ou mesmo no interior pode ser uma boa saída.

De acordo com Clarissa, não há cidade ideal para viver na terra lusitana, o que deve ser avaliado é o projeto pessoal da pessoa. “Como falei essa questão de planejamento tem que ser feita com estratégia, deve ser bem personalizada, não tem solução boa, que é boa para todo mundo. Então, qual a melhor cidade para vir para Portugal? Depende se a pessoa vem a trabalho, se não vem, qual será o tipo de atividade desempenhada, qual a idade da pessoa, em que área ela vai buscar emprego", salienta a especialista.

Para fazer a escolha do lugar, ela indica que a pessoa faça uma avaliação: "Eu indico que a pessoa estude o local, se você lida bem com o frio, quais suas necessidades, entre outras questões. Enfim, são várias cidades, eu recomendo que as pessoas fujam do clichê Porto, Lisboa e Braga, porque o custo de vida é caro, porém, é lógico, em relação ao trabalho, na capital poderá ser melhor para um emprego mais qualificado já que concentra as grandes empresas. Se não, é interessante buscar uma cidade com custo de vida mais barato.”

Entre em contato com os órgãos responsáveis

Por fim, Clarissa destaca a importância da busca por informações verdadeiras antes de qualquer tomada de decisão. Há na internet, por exemplo, diversos canais de imigrantes brasileiros em Portugal que podem servir como fonte de conhecimento. Contudo, ela realça que é fundamental buscar o apoio de órgãos e entidades oficiais para planejar uma viagem com mais segurança e ficar ciente da realidade.

“É preciso entender que para obter o visto não é preciso de assessoria, apesar de ajudar bastante, é possível sim estudar por conta própria e planejar seu próprio caminho. Minha indicação é que procurem sites oficiais, como Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) e o VSF Global, empresa terceirizada pelo governo de Portugal para processar o pedido de visto no Brasil, que são os melhores canais para obter informações. Porém, para conhecer o dia a dia e o lifestyle na terra, é interessante pesquisar na internet a opinião de outros imigrantes", aconselha.

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