INSS e Receita Federal: veja o que dá tempo de estudar

O professor e especialista em concursos públicos, Abner Mansur, dá dicas

por Thaynara Andrade qui, 23/06/2022 - 09:22
Marcelo Camargo/Agência Brasil Prédio da Receita Federal Marcelo Camargo/Agência Brasil

O Ministério da Economia, autorizou, no último dia 13 de junho, 1699 vagas para concursos públicos importantes do Brasil. Do total de oportunidades, 1000 foram destinadas ao cargo de Técnico de Seguro Social para o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), enquanto as outras 699 são para Auditor-Fiscal e Analista-Tributário da Receita Federal.

Com os certames na mira dos concurseiros, surge uma dúvida: como estudar para os concursos públicos cujos editais ainda não foram divulgados? O LeiaJá entrevistou o professor e especialista em concurso público, Abner Mansur, que reuniu algumas dicas específicas para os dois processos seletivos.

Entenda o procedimento

Antes de começar a estudar, o professor Abner Mansur alerta que os estudantes devem antes se atualizar sobre como será o andamento do concurso ao qual estão interessados em concorrer. Isso porque, com apenas a autorização divulgada pelos órgãos responsáveis, ainda faltam etapas importantes do certame que farão total diferença na preparação, como, por exemplo, a divulgação da banca organizadora.

“Nós temos dois concursos importantes, que são concursos de carreira. O INSS faz parte das carreiras previdenciárias, enquanto a Receita Federal é o principal órgão para quem estuda para as carreiras fiscais. Então, a gente tá falando de alguém que se interessou e quer estudar, só que não sabe qual o primeiro passo. O primeiro passo é ele [o concurseiro] entender qual o procedimento dos fatos, depois da autorização abre o processo licitatório, depois vem a divulgação da banca organizadora. Com isso, o próximo passo é o edital, depois os prazos de inscrições abertas, para que venha, então, a data da prova", esclarece.

Organize as disciplinas

Para o professor Mansur, as pessoas que se interessaram em concorrer às 1000 vagas do INSS ou às 699 na Receita Federal, precisarão, antes de tudo, saber a qual cargo elas pretendem concorrer, que pode ser de nível superior ou de nível médio. Após ter em mente qual ocupação desejada e em qual dos órgãos, o concurseiro poderá avaliar e escolher quais são as disciplinas bases que devem estar no seu cronograma de estudo.

“Eu posso dizer aqui que quem vai estudar para o INSS não pode, de jeito nenhum, deixar de estudar direito previdenciário, porque em toda a série histórica de provas deste concurso, 60% das questões foram de direito previdenciário. Então, não importa qual banca vai pegar, se o concurso só sai no final do ano ou no ano que vem, a hora é de mergulhar em direito previdenciário”, afirma o docente.

Em relação à Receita Federal, que abrirá vagas para Auditor-Fiscal e Auditor Tributário, Mansur faz questão de destacar a importância de se estudar disciplinas do direito tributário e questões mais relacionadas ao contexto financeiro. “Do mesmo jeito, quem vai fazer para a Receita Federal precisa estar ligado em direito tributário, orçamento público, essas disciplinas muito importantes para a arrecadação pública. Essa é a base”

Atente-se à banca

O professor relembra que o conteúdo estudado para os dois concursos precisa ser escolhido de acordo com o perfil da banca que formulará as provas. Para Mansur, o ideal é que o candidato comece a estudar com antecedência as disciplinas bases de cada seleção, enquanto aguarda a divulgação da banca para adicionar os outros conteúdos que deverão ser priorizados na rotina de estudo.

“Começou a estudar com as disciplinas que são básicas para esse concurso? Vamos agora esperar sair a banca, porque quando sair banca, nós vamos saber 90% das disciplinas. A depender da banca, nós vamos saber também quais disciplinas elas usam para esse tipo de concurso, aí é mergulhar nessas disciplinas, valendo a pena o auxílio de um preparatório", salienta.

Ainda dá tempo se começar a preparação

Para os estudantes que estão em dúvida se ainda dá tempo de começar a estudar do zero para dois dos concursos que prometem ser concorridos, o professor afirma que é possível. Mansur destaca novamente que, para ter a firmeza de começar a estudar mesmo sem base, será muito importante ficar de olho na banca organizadora.

“Dá tempo total de começar a estudar. Vou dar uma dica interessante: o INSS tem uma banca histórica, só duas vezes não foi a Cespe e Cebraspe as responsáveis pelo exame. Já para a Receita Federal, a gente vai esperar uma novidade, porque sempre quem fez foi a Escola de Administração Fazendária, ela não faz mais, então agora será uma banca externa, e a gente tem que esperar porque vai ser algo novo", explica.

Mansur dá uma dica importante para quem iniciará os estudos: “a dica é que todos preparatórios vão ter uma base histórica daquele concurso, quem vai começar agora, vai procurar um lugar que tenha responsabilidade de ensinar com afinco, aquilo que tu tem certeza que vai ter na prova e trabalhar, de forma direcional, o que a gente imagina que pode cair. Então, procurando uma ajuda profissional e começando agora, fazendo exercícios de acordo com a banca, sem dúvida nenhuma nós vamos ter uma pessoa que terá condições de tirar uma nota boa. Dá sim para começar 'zerado'”, garente.

Rotina de estudo

Mansur, que trabalha diariamente na preparação de estudantes para os concursos públicos, deu uma dica muito importante que deverá ser a base de toda a rotina de estudos dos candidatos. De acordo com o professor, a preparação para as provas não deve ser focada em horas de estudos. O foco deverá ser o próprio conteúdo, a compreensão profunda da disciplina e a capacidade de resolução de questões.

“Nós não fomos treinados para estudar, para saber tanto conteúdo de uma vez só. O concurso público costuma cobrar, em cada disciplina, a ementa toda daquele assunto que a pessoa muitas vezes precisa de uma graduação inteira para debater e aprender, você precisa daquilo tudo para resolver as questões na hora da prova”, ressalta.

De acordo com o docente, o segredo para ter uma rotina de estudos perene, contínua, sem grandes desvios e sem perder o foco, é priorizar o conteúdo para além do tempo de dedicação. “A pessoa que não é disciplinada, terá muitas dificuldades de cumprir metas de horário, são metas muito pesadas. Esqueça o horário, ela deve cumprir metas de conteúdo, ela vai pegar a disciplina que é importante, vai destrinchar em tópicos e estudar", aconselha.

“Vamos dizer que vai ficar 15 tópicos da disciplina e o estudante vai começar a estudar aqueles tópicos um a um. O  segredo é: eu só avanço com o tópico dois, quando eu me sinto confortável com o tópico um, não importa quanto tempo vai demorar, esse é o brilho, a beleza de estudo por edital, é estudar sem pressão" continua Mansur.

De acordo com o método do professor, nenhum conteúdo deverá ser esquecido, de maneira que durante a imersão no novo assunto, o estudante deverá seguir realizando questões do tópico  anterior, ao qual ele já havia apreendido os conceitos e adquirido domínio.

“Faça a quantidade que você puder de exercícios de provas antigas da internet, contanto que você se sinta confortável para passar para o próximo tópico quando já tiver ultrapassado a média de 70% de acertos. Se a cada 10 você fizer pelo 7, num momento pré-edital, não dá para dizer que você dominou o conteúdo, mas dá para dizer que você já pode acrescentar o segundo tópico. Se você fez 10 questões do tópico um e você já está acertando mais de 7, agora você vai fazer 5 questões do tópico um e 5 do tópico dois, tentando manter a média de 7, isso sempre após o estudo teórico", salienta.

O professor finaliza com a importância de estudar com foco na absorção do conteúdo e não no tempo de preparo para a seleção. “Nessa rotina, a preocupação não é em quantas horas a pessoa passou lendo, o foco aqui é em ir matando conteúdo por conteúdo, esquecendo do futuro. Eu sempre digo: o concurseiro tem que se apaixonar pela matéria e não pelo concurso. Todos os concursos vão abrir da carreira que você quer, daqui para lá se preocupe com o conteúdo e não com a banca, ou com o salário, a hora é de se apaixonar pelo conteúdo", diz Mansur.

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