Fernando Braga

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Direto do Planalto

Perfil: Fernando Braga é comunicólogo e professor universitário em Brasília. Mestre em Memória Social, especialista em Marketing e em Metodologia do Ensino Superior é titular de colunas em jornais de Brasília e Flórida (EUA)

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Educação chega ao Primeiro Mundo

Fernando Braga, | ter, 23/04/2013 - 12:46
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A partir desta semana o Brasil assumiu a liderança empresarial da área de Educação em todo o mundo: a Kroton, empresa de Minas Gerais que começou suas atividades em 1966 com um pequeno curso pré-vestibular, adquiriu, ontem (22), a Anhanguera Educacional, constituída em 1999, em Leme, interior de São Paulo, pelo professor Antônio Carbonari Netto. A aquisição, ou fusão, como o anúncio foi feito ao mercado acionário, constitui uma organização com mais de um milhão de alunos atendidos em unidades espalhadas por todo o País. A Kroton vem numa escalada crescente de aquisições desde que abriu seu capital em Bolsa de Valores, tendo aplicado, nos últimos meses, cerca de R$ 7 bilhões na compra de pequenas, médias e grandes instituições de ensino. O resultado é que ela agora é responsável pela formação de 14% dos estudantes de nível superior brasileiros. A Anhanguera, primeira organização desse setor a abrir o capital no Brasil, ainda não divulgou o papel a ser desempenhado pelo seu fundador, o conceituado professor Carbonari, nessa nova configuração.

O atual valor de mercado da Kroton ascende a R$ 13 bilhões, o dobro da segunda maior instituição de ensino do mundo, a chinesa New Oriental, que vale cerca de R$ 7 bilhões. Ontem, depois do anúncio, as ações das duas empresas experimentaram acentuada alta: 8,38% da Kroton e 7,76% da Anhanguera. Caberá agora ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica – CADE – autarquia do Ministério da Justiça, impedir ou validar a fusão, dado o vulto do negócio e a possibilidade de controle de mercado. A autarquia já está julgando três ações interpostas contra a Anhanguera e uma contra a Kroton.

“Cabe agora ao governo aumentar o rigor em relação às instituições públicas de ensino”, considerou a deputada Professora Dorinha (DEM-TO). “Muitos cursos de instituições públicas começam sem nenhuma estrutura. São cursos de Medicina funcionando sem hospital, laboratórios ou bibliotecas. O mesmo ocorre com os de Direito. São Muitas exigências para o ensino privado, que são necessárias, mas dentro da estrutura pública gostaria de pedir essa mesma preocupação”. Seu colega Jean Wyllys (Psol-RJ), que também é professor, na mesma sessão na Câmara dos Deputados complementou: “As faculdades privadas enfrentam concorrência desleal dos seus pares, que fazem concorrência agressiva, oferecendo mensalidades muito mais baixas e chances de aprovação maiores, para quem deseja comprar um diploma a prestação.”

Em entrevista à imprensa, os dirigentes da Kroton+Anhanguera anunciaram a intenção de expandir as atividades do grupo a mercados ainda pouco explorados por eles, onde atuam grupos educacionais locais. Eles citaram o Nordeste e o Norte como áreas onde deverão propor novas aquisições ou mesmo a montagem de unidades, além da difusão dos cursos sob a forma de EAD. A maioria dos alunos das duas instituições recebem educação presencial, sendo que sob a modalidade a distância, são menos de 20% do total. Outra questão não abordada pelos dirigentes é a necessidade de manutenção de características regionais à Educação que é ministrada, talvez o calcanhar de aquiles dessa onda de customização educacional.

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