Janguiê Diniz

Janguiê Diniz

O mundo em discussão

Perfil:   Mestre e Doutor em Direito, Fundador e Presidente do Conselho de Administração do Grupo Ser Educacional, Presidente do Instituto Exito de Empreendedorismo

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O Brasil cada vez mais bem visto

Janguiê Diniz, | qua, 16/05/2012 - 15:03
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Atualmente o Brasil vive um momento histórico. Desde a era Lula e agora com o governo da presidente Dilma Rousseff, nosso país tem sido destaque internacionalmente e vem ganhando reconhecimento no cenário mundial.

Além das mudanças positivas na economia e de um pulso forte no combate à corrupção, Dilma e outros brasileiros integraram este ano a lista das pessoas mais influentes do mundo. A presidente, que teve seu perfil escrito por outra mulher de destaque mundial, Cristina Kirchner, recebeu elogios por sua política de interesse nacional absolutamente ligado aos interesses de países vizinhos, visto que Dilma preza por acordos multinacionais, como o Mercosul.

Nessa perspectiva, vale ressaltar que não foi apenas da presidente argentina que a brasileira recebeu elogios. A secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, afirmou, em visita ao Brasil, que o empenho da presidente Dilma Rousseff na luta contra a corrupção criou um padrão que serve de exemplo para o mundo. Fato este que devemos concordar. Desde o inicio de seu governo, sete ministros já “caíram” por conta de denúncias de corrupção e temos visto a criação de inúmeras CPIs, além do afastamento de vários políticos ligados aos escândalos.

Outra personalidade que se rendeu a política moderna da nossa presidente foi Fidel Castro. O cubano destacou Dilma por sua personalidade firme na relação com os Estados Unidos, ressaltando que a postura das mulheres que estão atualmente no poder fizeram com que o Brasil e o restante da América Latina fossem tratados com igualdade pelos americanos.  Caro leitor,  de fato, vemos a economia do Brasil com impressionante vigor diante de tantos outros países.  A continuidade que o governo Dilma tem dado a trajetória iniciada pelo ex-presidente Lula tem gerado muitas oportunidades de crescimento, principalmente econômico, ao país.

Uma nova prova do poder da nossa presidente veio na última semana, com a publicação, feita pela revista Forbes, da lista das mães mais influentes do mundo. Dilma perde apenas para a americana Hillary Clinton, em uma lista que levou em consideração critérios como a influência e o poder das decisões financeiras das mulheres. Aliado a tantos reconhecimentos internacionais, pesquisas mostram que a aprovação da presidente pela população cresce a cada dia.

Estamos no caminho certo. Temos conquistado cada vez mais desenvolvimento e nossa economia tem se tornado mais forte. Mas, precisamos lembrar que Dilma deu continuidade a política econômica de Lula, que por sua vez, implementou continuidade a política econômica de Fernando Henrique Cardoso.  Enquanto o mundo inteiro está em crise, basta visualizar o que tem acontecido com os países europeus, como  a Grécia e a Espanha, nosso país continua crescendo e não podemos parar. Ainda temos mais de 50 milhões de brasileiros na linha da miséria e impostos absurdamente altos  que não dão o retorno  desejado  para os brasileiros em forma de bens e serviços públicos de qualidade. O Brasil tem muito ainda  o que crescer e o que mostrar. Precisamos continuar investindo.

Transparência nas contas públicas

Janguiê Diniz, | seg, 14/05/2012 - 11:14
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É fato que a política do país não tem sido bem vista pela sociedade como um todo. Todos os dias recebemos notícias sobre novos escândalos, desvios de verbas públicas e até superfaturamento de obras que deveriam ser realizadas para melhoria da qualidade de vida da população. No Brasil, quem paga os impostos ao Estado só tem notícia do dinheiro investido  em episódios de  corrupção raramente punidos.

O Poder Público é o responsável pelo bem comum e cabe a ele organizar o Estado, a fim de satisfazer as necessidades coletivas, provendo bens e serviços públicos de qualidade.  Tais necessidades estão relacionadas à educação, saúde, saneamento, energia, transporte coletivo, entre outros. Para distribuir tais benefícios à população, é imprescindível a realização de despesas orçamentárias  que implicam na utilização de recursos públicos, arrecadados da população, e que devem voltar sob a forma de bens e serviços, tais como:   escolas, hospitais, estradas, iluminação, etc.

É público e notório,  por  exigência legal infraconstitucional e até constitucional,  que  todas as instituições públicas e privadas que recebem recursos do Estado, por meio de convênios ou outras ações, são obrigadas a prestar contas para comprovar que a aplicação dos recursos repassados foi feita de forma adequada.  Diante disso, questionamos como deve ser feita a prestação de contas do governo sobre como o dinheiro público é utilizado no país.

No Brasil, a prestação de contas públicas é feita, em sua maioria, através da publicidade, e depois, julgadas pelos Tribunais de Contas dos Estados e da União.  É possível encontrar nos sites de alguns  Estados e de algumas  prefeituras planilhas de gastos e aplicações de verbas. A grande discussão é a forma como essas publicações são feitas. A maioria da população não consegue compreender inúmeras planilhas, com tantos dados, o que torna o projeto de transparência e prestação de contas dos gastos públicos um tema recorrente em discussões sobre a administração pública.

É interessante trazer à baila uma iniciativa inusitada promovida esta semana pela  Câmara Municipal de São Paulo. Ela  promoveu um concurso para premiar os melhores aplicativos criados por “hackers” da cidade para facilitar a leitura e o entendimento dos dados da Câmara pelos cidadãos paulistanos. Entre os critérios para definir o vencedor estão o grau de utilidade pública, a praticidade de uso, a mobilidade, o custo de manutenção, a criatividade da solução e a qualidade da documentação. Temos que aplaudir iniciativas como esta. Aumentar a transparência dos governos é uma necessidade cada vez maior em todo o mundo.

Por fim, registramos que mais do que garantir o atendimento das normas legais, as iniciativas de transparência na administração pública estabelecem uma política de gestão responsável, que beneficia o exercício da cidadania pela população. O controle político propiciado pela prestação de contas faz parte de importantes contribuições para o processo democrático, mediante o debate e a crítica construtiva das ações governamentais voltadas à construção do bem comum.

A privacidade na internet

Janguiê Diniz, | qui, 10/05/2012 - 08:55
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Em tempos de “era digital”, onde grande parte dos usuários de internet participam de redes sociais, seja como lazer ou trabalho, como é possível ter privacidade ou preservar informações? Essa é uma questão levantada por muitos e sem uma resposta conclusiva.

É de nosso conhecimento que, desde o seu surgimento, em meados de 1960, a internet visa, principalmente, promover a comunicação, rompendo as barreiras físicas, difundindo e expandindo a educação e, acima de tudo, colocando o mundo em contato através de uma rede virtual. Assim, ela tornou-se um meio essencial e do qual todos nós nos tornamos dependentes, direta ou indiretamente.

A facilidade trazida pela internet está proporcionalmente relacionada aos perigos que a rede nos traz. Para registrar um endereço de email ou realizar um cadastro em vários sites, sempre temos que cadastrar algum tipo de informação pessoal (CPF, RG, etc.), e nem sempre temos a garantia de que nossos dados serão guardados de forma segura. Assinamos um contrato com um servidor de internet que irá atribuir um número de registro (IP) ao nosso computador e este IP estará sempre ligado as nossas atividades na internet.

As pessoas nunca estiveram tão conectadas na vida social e ai é onde o problema começa. Um IP, por si só, não indica nada sobre nós, permite apenas que a cada atividade executada esteja associada um registro, então, nossa segurança virtual depende da forma como o servidor de internet garante a nossa privacidade e como esse IP nos identifica.

Devemos reconhecer que estar conectado é muito prático para diversas atividades diárias, mas o simples ato de ficar conectado o tempo todo nos expõe ainda mais a riscos físicos. Não é incomum acontecerem sequestros, invasões a residências e assaltos a pessoas que expõem suas vidas nas redes sociais. Não bastassem esses crimes, os internautas também estão sujeitos aos crimes virtuais como roubo de dados confidenciais e o monitoramento de conversas.

É preciso saber que o Brasil ainda não possui uma legislação específica e rigorosa em relação aos crimes da internet. O tema é sempre marcado por polêmicas e a proposta está em tramitação há mais de 10 anos. A título de informação, um dos pontos mais polêmicos do texto diz respeito à privacidade dos internautas, já que a proposta prevê a exigência de que os provedores de serviços de internet guardem, por um período de três anos, os dados de conexão dos usuários.

Diante de tantos impasses, o melhor a fazer para evitar problemas e surpresas futuras, é ter responsabilidade ao utilizar a internet. Ações simples, como evitar a exposição excessiva pessoal e de parentes através de fotos e vídeos, além de verificar sempre a veracidade dos sites são formas de prevenção que devem ser adotadas por todos.

Desenvolvimento, juros e inovação

Janguiê Diniz, | qua, 09/05/2012 - 10:45
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As recentes decisões da presidente Dilma revelam que ela não tolerará a redução do consumo no Brasil. Dilma, assim como o ex-presidente Lula, incentiva o consumo através da oferta de crédito e da redução dos juros, este último corresponde à cobrança do governo federal por juros mais baixos nos bancos públicos, forçando as instituições privadas a fazerem o mesmo para manterem a competitividade. Consideramos  meritórias as ações da presidenta. Entretanto, a política de inovação e a astúcia precisam fazer parte das suas decisões.

A  economia do país não se desenvolve apenas por meio do consumo desenfreado. O consumo consiste em uma  variável dependente de outras variáveis independentes.  Ou seja: ele não é o meio, mas o fim do desenvolvimento sustentável. Mas para tal ampliação ocorrer são necessárias melhorias e políticas inovadoras.

Faz-se necessário entender que as reformas e as políticas diferenciadas, as quais são variáveis independentes do desenvolvimento, devem possibilitar a redução dos custos da produção dos setores da indústria e dos serviços. A reforma trabalhista é necessária, e tem o objetivo não só de reduzir custos na relação laboral, mas de possibilitar que o setor produtivo adquira facilidade para realizar contratações formais.  E, claro, não se deve desprezar o investimento maciço em infraestrutura.

O desenvolvimento econômico sustentável não é possível sem mão de obra  qualificada.  A economia mundial se transforma a cada dia. Novos produtos e serviços surgem. Hoje, não  podemos mais falar,  apenas,  em sociedade do conhecimento.   Os profissionais de hoje e do futuro precisam ter, além de conhecimento, capacidade para inovar.  Estamos diante da sociedade do conhecimento e  da inovação.

Se o debate em torno da economia brasileira se restringir apenas à redução dos juros, certamente, em longo prazo, o mercado de consumo brasileiro poderá criar “bolhas de consumo”.  Estas bolhas surgem em virtude do forte gasto e da incapacidade adquirida por parte dos consumidores de honrar com as suas dívidas. As bolhas interrompem o crescimento econômico e não possibilitam o desenvolvimento sustentável.

Portanto, a presidenta Dilma precisa ofertar a sociedade brasileira, mesmo diante das dificuldades que poderão surgir no Congresso e nos movimentos sociais e sindicatos, ações inovadoras no âmbito da economia. Apenas a redução dos juros e o aumento da oferta de crédito não colocarão o Brasil nos trilhos do desenvolvimento sustentável. Inovação é preciso.   

A Lei Seca no volante

Janguiê Diniz, | seg, 07/05/2012 - 10:12
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Apesar do velho dito de que, não existe a “lei seca” propriamente dita, o que existe, de fato, são dispositivos legais que visam restringir o consumo de bebidas alcoólicas em determinadas situações ou períodos, como nas eleições e durante a condução de veículos.

No Brasil, centenas de pessoas morrem todos os dias em acidentes de trânsito. Somos o quinto país com mais vítimas no trânsito, atrás apenas de Índia, China, Estados Unidos e Rússia. De acordo com o Ministério da Saúde, em oito anos, o número de mortos em acidentes de trânsito subiu 24%, de 32.753 registrados em 2002 para 40.160 em 2010. A grande maioria deles é causado pela imprudência dos motoristas, aliado tanto ao consumo de álcool como o aumento do número de motocicletas.

Quando entrou em vigor, em 2008, a Lei 11.705, modificou o Código de Trânsito Brasileiro. A "lei seca", como ficou conhecida, proibiu o consumo superior a 0,1 mg de álcool por litro de ar expelido no exame do bafômetro por condutores de veículos, sob penalização de multa, suspensão da carteira de habilitação por um ano e até a pena de detenção, dependendo das consequências causadas pelo motorista e da concentração de álcool por litro de sangue.

Em 2012, a lei seca foi ampliada. Se antes os motoristas poderiam se recusar a realizar o teste do bafômetro, pois a nossa constituição prevê que nenhum cidadão pode criar provas contra si mesmo, o novo texto da lei passou a aceitar o uso de vídeos e de depoimentos para provar a embriaguez dos infratores. Além desse recurso, o valor da multa para o caso dobrou para R$ 1.915,40 e no caso de reincidência na infração dentro de um ano, a punição chega até a R$ 3.8 mil.

É notório que o objetivo da lei é diminuir os acidentes de trânsito causados por motoristas embriagados. E muito justo que a tolerância seja zero para esses casos, visto que cada pessoa tem reações diferentes a determinadas quantidades de álcool. Inúmeros países possuem a lei seca rígida, assim como o Brasil. Porém, esbarramos em um problema: a corrupção dos nossos órgãos fiscalizadores.

O que vemos no Brasil, além de uma legislação rigorosa, são casos de abuso de autoridade, como o ocorrido com um ciclista que transitava com sua bicicleta elétrica no Rio de Janeiro. Não precisamos de punição apenas aos motoristas infratores, é necessário, também, que os agentes de trânsito que se submetem as práticas do suborno e do abuso de poder sejam punidos rigorosamente. E isto não vale apenas para os casos que envolvem o consumo de álcool e direção.

Conscientizar a sociedade sobre as leis e incentivar a participação ativa delas é o caminho para aperfeiçoar nossa democracia. A lei seca - bem como a lei da ficha limpa, por exemplo - é prova de que uma sociedade esclarecida e organizada se desenvolve muito melhor. E essas ações devem ser permanentes.

As mudanças na economia Argentina

Janguiê Diniz, | qui, 03/05/2012 - 12:27
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É público e notório que   a Argentina representa a segunda maior economia da América do Sul, atrás apenas do Brasil. O país “Hermano” participa ativamente do Mercosul, e também faz parte do G20, grupo formado pelas vinte maiores economias do mundo. Nos últimos anos a Argentina tem aparecido no noticiário  internacional principalmente pelas mudanças em sua economia. Atualmente, este é o grande desafio econômico daquele  país: enfrentar a fuga de capitais e reduzir a inflação.

Recentemente, ao decidir estatizar 51% da petrolífera YPF e assumir a participação que cabia à espanhola Repsol, a presidente argentina Cristina Kirchner tem sido duramente criticada pela comunidade internacional, em virtude desta postura  política,  tendo sido, inclusive, sua atitude considerada por muitos como populista e arbitrária.  Kirchner tem adotado a “política de subsídios", também utilizada em 2003, durante o governo do ex-presidente e seu falecido marido Néstor Kirchner e considera este um dos fatores que promoveram o crescimento econômico do país.

Configurando o quadro, em um período de crises financeiras e recessão nos mercados mundiais, a Argentina mostrou um crescimento na atividade econômica de 8,8% em 2011 quando comparado a 2010, segundo o Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (Indec). Esse incremento foi gerado pelo consumo, pelo comércio internacional e pela indústria. Outro dado que deve ser ressaltado é que a balança comercial argentina fechou 2011 com um excedente de US$ 10,347 bilhões. O que representa 11% abaixo do número registrado em 2010. As exportações cresceram 24%, registrando US$ 84,269 bilhões, e as importações tiveram elevação de 31%, no total de US$ 73,922 bilhões.

Em contrapartida a esses números positivos, entre 2003 e 2010, o consumo de petróleo e gás subiu 38% e 25%, respectivamente. Enquanto a produção declinou 12% e 2,3% no mesmo período. Tudo isso em um país com uma das maiores reservas mundial comprovadas de gás de xisto.  O desacerto energético tem custado muito caro à Argentina, estima-se um déficit de 60 bilhões de dólares, mas, há apenas três anos, o setor era superavitário. Esta pode ser a justificativa para a estatização promovida pela Casa Rosada.

Um dos motivos que levaram a presidente à reeleição foi a continuidade política, antes adotada por Néstor. Dentre as medidas adotadas podemos destacar o enfrentamento do Fundo Monetário Internacional (FMI), quando o país recusou aceitar as políticas de ajuste fiscal e preferiu ficar sem créditos internacionais e renegociar a dívida externa unilateralmente. Em vez de conter gastos públicos para pagar os credores, o governo argentino investiu em programas sociais. Como resultado, a Argentina saiu da crise graças, em parte, ao aumento dos preços das principais matérias primas que exporta: carne, trigo e soja.

Na nossa ótica a posição política adotada é muito perigosa. Não podemos afirmar se  esta posição política adotada pela presidente argentina  dará certo em longo prazo.  A economia argentina vem crescendo graças aos preços altos de matérias primas, mas apresenta um déficit no orçamento público, já que, nos últimos 4 anos, quase US$ 70 bilhões foram sacados do sistema financeiro argentino. Apesar da situação política e econômica do país se manter estável, a pergunta que fica é: Até quando o governo argentino conseguirá sobreviver sem os empréstimos de órgãos internacionais?

O novo Código Florestal e suas implicações

Janguiê Diniz, | seg, 30/04/2012 - 09:08
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O texto do novo código florestal brasileiro foi aprovado esta semana pela Câmara dos Deputados, com 274 votos a favor e 184 contra. O relator, deputado Paulo Piau, protegendo  o setor de agronegócios, retirou do texto, aprovado pelo Senado no ano passado, princípios que caracterizam o Código Florestal como uma lei ambiental.

De acordo com o novo código, não há mais obrigatoriedade de se divulgar na internet os dados do Cadastro Ambiental Rural (CAR); nem é obrigatório recompor 30 mts de mata em torno de nascentes de água nas áreas de preservação permanentemente ocupadas por atividades rurais consolidadas até julho de 2008. Além disso, foi retirada, também, a regra de recomposição de vegetação nativa em imóveis de agricultura familiar.

Revisar o Código Florestal era necessário, bem como tantas outras legislações existentes em nosso país precisam passar pelo mesmo processo. É fato que o Código de 1965 era difícil de ser cumprido e que não ajudava o Estado a controlar de forma eficaz o desmatamento ilegal, além de não trazer benefícios para quem conserva as florestas.

Após quase 10 anos de discussões, os ambientalistas consideram que o projeto aprovado é um retrocesso e um atraso na proteção do meio ambiente. Em contrapartida, os ruralistas comemoram as mudanças que o novo texto traz. Diante do impasse e da expectativa criada em torno de um possível veto da presidente Dilma Rousseff a alguns artigos  do Código, cabe questionarmos como é possível conciliar produção e proteção ao meio ambiente.

Contextualizando, o Brasil possui a segunda maior mata verde do mundo, a floresta Amazônica, com cerca de 7 milhões de quilômetros quadradosdivididos entre o nosso país, Venezuela, Suriname, Guianas Francesa e Inglesa, Equador, Colômbia e cuja maior área fica em nosso território – 5 milhões de km². A Amazônia é considerada a maior floresta tropical do mundo e dentro da área reconhecida como Amazônia Legal, 26.000km são desmatados todos os anos. A maior parte dela foi  devastada  à toa.

O planeta vive um momento que a preservação do meio ambiente é prioridade. A título de comparação, caso o desmatamento sofrido pela região Amazônica continue ao ritmo atual, pelo menos 55% da floresta desaparecerá até 2030. É preciso lembrar, também, que o desmatamento desordenado prejudica a fauna, aumentando o número de espécies em extinção, agrava a seca e o risco de desabamentos. O que o cenário mundial nos mostra são reservatórios de água potável cada vez menores e a temperatura global se elevando a cada ano.

Temos a consciência que é necessário produzir alimentos para sobrevivência da população, mas, será que é preciso desmatar terras para essa produção? Sem dúvidas seria melhor criar alternativas de aproveitamento para áreas já destinadas a esse tipo de cultura. Revisar as leis é preciso, visto que nossa legislação é antiga e que o Brasil tem um histórico de falhas no que se refere a rigidez do cumprimento das mesmas. Mas, antes de qualquer mudança, faz-se necessário pensar nas consequências que elas resultarão.

A eleição da França e a retórica ideológica

Janguiê Diniz, | sex, 27/04/2012 - 09:27
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A recente eleição francesa reacendeu o debate sobre as ideologias. Marine Le Pen, candidata considerada de extrema direita, conquistou cerca de 20% de intenções de voto. Nessa perspectiva, o eleitorado de Le Pen decidirá quem será o próximo presidente francês no segundo turno. Com efeito, uma possível vitória eleitoral de Sarkozy depende,  e muito,  dos eleitores de Marine Le Pen.

Registre-se que Marine Le Pen e Nicolas Sarkozy são rotulados de candidatos da direita em virtude  de defenderem um  maior controle nas fronteiras da França e uma rígida fiscalização de imigrantes. Ademais,  Sarkozy, em particular, defende a  diminuição do papel do estado na economia, sendo, inclusive, denominado o “presidente dos ricos” já que, nos últimos cinco anos, ele teve 84 bilhões de euros distribuídos, principalmente, para as famílias mais ricas e empresas.

Em face ao debate da eleição francesa, os  candidatos de direita passaram a ser qualificados como xenófobos. De fato,  eles tem se mostrado extremamente  intolerantes para com os estrangeiros,  ao argumento de que esses contribuem imensamente para o enfraquecimento da economia francesa.  Outrossim,  aqueles  candidatos de direita também são considerados defensores dos ricos e não lutam contra a desigualdade econômica, ignorando os mais pobres.  

Nesse contexto, diante das rotulações apressadas, indagamos:  será que apenas os candidatos da direita ignoram a população mais pobre?  Será que apenas os candidatos de direita são xenófobos?  Se as respostas forem positivas, é importante perquirir: para onde irão caminhar os franceses, caso Sarkozy seja reeleito presidente da França?  Em conclusão  apressada afirmamos que  a França caminhará  para ser um estado absolutista, intolerante com o próximo e defensor dos interesses dos mais  ricos.

Em face à conclusão exposta acima, embora seja ela apressada e carente de fundamentos mais concretos, será  importante verberar  que o mundo deve temer a vitória de Sarkozy.  É que o estado francês, sob a presidência de Sarkozy, não contribuirá para a inclusão social e para o convívio harmonioso entre as nações e os indivíduos. 

Por outro lado, importa registrar que este problema não afeta apenas a França.  Os países da Comunidade Europeia também sofrem de males semelhantes que precisam ser enfrentados, pois, o estado de bem-estar social está sofrendo forte deterioração. Como consequência disto, os povos daquelas nações  reclamam por soluções e buscam culpados.  Estão com ideia fixa de que os verdadeiros responsáveis pela crise econômica e pelo mal-estar social são os imigrantes. Embora nós saibamos que elementos como o envelhecimento da população e a incapacidade fiscal do estado de garantir o bem-estar social à população são, na nossa ótica, grandes responsáveis pela crise.

Diante de tais problemas, debates ideológicos, os quais carecem de argumentos sofisticados, surgem. E a discussão entre candidatos de esquerda e direita concentra-se nas seguintes premissas: 1) candidatos da esquerda salvarão a Comunidade Europeia; 2) candidatos de direita salvarão a Comunidade Europeia.

Ora, diante das multicausalidades que proporcionam a crise do estado de bem-estar, não é recomendado que as soluções sejam originadas do debate meramente ideológico - embora ele seja, aparentemente, enriquecedor.

O debate entre esquerda e direita não apresenta soluções diferenciadas para os mesmos problemas. Apenas as retóricas dos candidatos são distintas nos momentos eleitorais. Independente de quem será o vencedor na eleição presidencial da França, os franceses continuarão a reclamar da economia, da imigração e da fragilidade do estado de bem-estar econômico. E as soluções, em razão do debate ideológico, não serão racionalmente debatidas. Por consequências, os problemas tendem a perdurar.

O avanço da seca no Nordeste

Janguiê Diniz, | qui, 26/04/2012 - 09:23
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O Nordeste ocupa uma região equivalente a 18% do território nacional, com cerca de 1.500.000 quilômetros quadrados. Aqui vivem mais de 40 milhões de pessoas, ou 28% da população do país. Somos, também, a região mais afetada pela seca no Brasil.

Nos últimos anos, o Nordeste tem sido marcado por mudanças drásticas no clima. Tivemos enchentes, secas e até registro de tremores de terra no Rio Grande do Norte. Porém, um dos principais problemas da região está relacionado à desertificação que tem, cada vez mais, avançado sobre as áreas urbanas. 

Os dados impressionam: de acordo com o Programa de Ação Nacional de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca, PAN, ligado Ministério do Meio Ambiente, 1.482 municípios estão em área suscetível à desertificação em nove estados, sendo oito deles nordestinos - Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia. Uma área que corresponde a 15,7% do território nacional e onde vivem cerca de 31,6 milhões de pessoas.

Ainda de acordo com dados oficiais, desta vez da Secretaria Nacional de Defesa Civil, devido à estiagem, 2012 já soma 261 municípios com decretos de emergência reconhecidos pelo órgão, onde os principais estados afetados são Bahia, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe. Além destes, mais de 200 cidades já decretaram a situação e estão com a documentação em processo de análise. Esses dados representam o maior índice dos últimos cinco anos e um aumento em mais de 400% em relação a 2011.

Alguns especialistas indicam que o aumento do período de estiagem se deve ao fenômeno “La Niña” e a mudanças climáticas no oceano. Além destes, fala-se também em erros envolvendo a transposição do São Francisco. Em contrapartida e aliado a essas mudanças climáticas, a justificativa para o aumento da desertificação está no extrativismo, no desmatamento desordenado, nas queimadas e uso intensivo do solo na agricultura.

O fato é que, independente das causas, a população é quem vem sofrendo as consequências. Diante de um quadro como este, cabe, mais uma vez, perguntarmos: por mais quanto tempo a população irá sofrer com a falta de medidas preventivas para fenômenos previsíveis?

A cidade de Caetés, no agreste pernambucano, por exemplo, hoje está sendo abastecida apenas por carros-pipa do Exército, Estado e prefeitura. Lá e em outras cidades de Pernambuco, cerca de 100 mil produtores já foram prejudicados e 95% das lavouras, principalmente de cultivo de feijão e milho, já se perderam.

Diante de situação tão grave, o Governo Federal anunciou a liberação de crédito e linhas especiais para agricultores, além da expansão da rede de abastecimento de água, a antecipação dos recursos do programa Água para Todos e a recuperação de poços artesianos. Um total de investimentos de R$ 2,7 bilhões. Porém, é preciso mais do que isto.

O Brasil precisa ter a consciência e criar o hábito de que prevenir é muito melhor do que criar pacotes e ações emergenciais para as consequências dos fenômenos naturais e previsíveis aos quais o território brasileiro está sujeito.

Para que serve uma CPI?

Janguiê Diniz, | seg, 23/04/2012 - 11:01
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A história política do Brasil é marcada por inúmeros escândalos, entre os mais lembrados estão casos como o do Mensalão, PC Farias e recentemente o do bicheiro, Carlos Cachoeira. Quando casos como estes acontecem, o Poder Legislativo, através do Senado Federal, da Câmara dos Deputados Federais e Estaduais ou Vereadores instaura uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar as denúncias.

Para entender para que serve a CPI é preciso sabermos, em primeiro lugar, o que é uma CPI. Ela é um instrumento institucional presente no Poder Legislativo desde a Constituição de 1934. Através dela, parlamentares agem em nome da respectiva instituição, investigando e fiscalizando a gestão do bem público e tomando as medidas necessárias para punição dos culpados, caso algo esteja realmente errado.

A criação de CPIs faz parte da tradição legislativa brasileira. Historicamente, apenas a Constituição de 1937, decretada por Getúlio Vargas, foi omissa às CPIs. Na Constituição de 1988, elas foram regulamentadas no Art.58, Parágrafo 3º. A criação de CPIs tornou-se uma prática corriqueira dos legisladores, visto que instituições precisam ser fiscalizadas pelos parlamentares e esta é uma das funções do Poder Legislativo.

A fiscalização possibilita o accountability (prestação de contas) por parte das instituições. O accountability é necessário na democracia, pois é através dele que a publicidade dos atos institucionais passa a fazer parte da rotina do país. Ele também oxigena as instituições, fortalecendo ou exigindo um comportamento republicano dos atores institucionais. A investigação é também uma das funções do Poder Legislativo. No instante em que parlamentares iniciam esse processo, o accountability surge ou se fortalece, de acordo com o resultado do processo.

A investigação, ao contrário da fiscalização, é um instrumento das CPIs que gera conflitos de poder entre as instituições, visto que sugerem o funcionamento inadequado das mesmas. Se o Congresso Nacional, através da CPI, investiga casos de corrupção, é oportuno questionar a razão das instituições coercitivas não realizarem tal ato. É necessário, também, indagar aos membros da Comissão, se a ação investigativa deles não possibilita conflitos institucionais.

O pedido de instauração de uma CPI pode ser feito por um terço dos Senadores ou um terço dos Deputados Federais. Porém, quando uma CPI é composta em conjunto por membros do Senado e pela Câmara, ela recebe o nome de Comissão Parlamentar Mista de Inquérito. Mesmo nesse caso, ela é comumente chamada pelos meios de comunicação e pela sociedade brasileira em geral como CPI, ao invés de CPMI. É preciso entender que, neste caso, além das 27 assinaturas dos senadores, também é necessário o apoio de 171 deputados.

Temos  a hipótese de que as CPIs preenchem o vácuo institucional. Ou seja: se as instituições não funcionam adequadamente, vazios institucionais aparecem, com isso, atores não são fiscalizados, investigados e punidos. É assim que as CPIs nascem e diante de tal hipótese reconhecemos  a importância delas. Entretanto, indagamos: quais são os resultados das CPIs?

O senso comum sugere que “todas CPIs acabam em pizza”. Se isto for verdade, e esta resposta só é possível encontrar por meio da pesquisa científica, não existem razões para CPIs acontecerem. Se o senso comum não for verdadeiro, existem razões para CPIs serem criadas. Porém, outro problema surge: a ação investigativa de uma CPI revela que as instituições coercitivas não funcionam de modo eficiente. Diante deste problema, o Poder Legislativo pode vir a contribuir para o aperfeiçoamento das mesmas.

Não desprezamos  a seguinte hipótese: o Parlamento brasileiro sofre de paralisia institucional. E uma das variáveis que motivam esta paralisia é a criação exacerbada de CPIs. Em razão deste fato acontecer no Parlamento, reformas que são necessárias para a melhora do desempenho econômico do país não são realizadas.

Assim, presumimos  que CPIs são necessárias, mas, antes delas surgirem, o adequado é que o Poder Legislativo crie instrumentos para tornar as instituições eficientes. Com isto, a criação de CPIs perde sentido e o Parlamento não paralisa  suas atividades em razão delas, dando continuidade as reformas econômicas tão necessárias ao desenvolvimento do Brasil.

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