O "Oscar" brasileiro aposta em seis filmes pernambucanos

Filme "Avenida Brasília Formosa", de Gabriel Mascaro, concorre na premiação

seg, 09/01/2012 - 16:15
Divulgação Filmado em 2010, o longa de Mascaro já esteveem festivais na Alemanha, Holanda, República Checa, Peru e Canadá Divulgação

Por Karolina Pacheco

O Grande Prêmio do Cinema Brasileiro está em sua 11ª edição. Instituído pela Academia Brasileira de Cinema, a premiação é hoje considerada a maior do cinema nacional, uma espécie de "Oscar" brasileiro. O evento tem como principal objetivo contribuir para a discussão, promoção e fortalecimento do cinema como manifestação artística. Em 2011, o longa-metragem Tropa de Elite 2, de José Padilha, foi o grande destaque, sendo premiado nas principais categorias, como melhor filme, direção, roteiro e fotografia. Wagner Moura, que interpretou o tenente-coronel Nascimento, foi contemplado na categoria de melhor ator.

Este ano, Pernambuco está concorrendo com seis produções, entre curtas e longas metragens que estrearam em 2011. Na categoria de melhor longa-metragem documentário, os finalistas pernambucanos são Avenida Brasília Formosa, de Gabriel Mascaro, Pacific, de Marcelo Pedroso e Crítico, de Kleber Mendonça Filho. Já entre os curtas indicados, estão Mens Sana in Corpore Sano, de Juliano Dorneles, Praça Walt Disney, de Renata Pinheiro e Sérgio Oliveira e As Aventuras de Paulo Bruscky, também de Gabriel Mascaro.

Mais do que uma competição, o Grande Prêmio do Cinema Brasileiro proporciona aos criadores uma verdadeira troca de experiências e parcerias. Em entrevista ao LeiaJá, o cineasta Gabriel Mascaro fala sobre essa relação "globalizada" e sobre suas duas produções que concorrem na premiação:


Leia Já – Gabriel, você que já competiu em festivais Brasil afora, como analisa o fato de ver seus filmes sendo exibidos e competindo com outros colegas da profissão, no estado e no país?

Gabriel Mascaro - Os festivais oferecem a oportunidade de você circular pelo mundo, acompanhar os diferentes filmes, proporciona uma base crítica e possibilita a interação com outros colegas. A gente faz filmes para expressar algo para o público, para compartilhar e não para competir. É um prazer estar participando e ver parceiros, pessoas que a gente admira o trabalho, isso vale mais do que o prêmio em si. Não tenho esse fascínio pela competição.

LJ – Como você enxerga a produção cinematográfica no País e em Pernambuco, em termos de valorização e de incentivo?

Mascaro – A gente tem vivido um bom processo do audiovisual nos últimos cinco anos. A produção e circulação dos filmes têm sido consistentes e consideráveis. Especialmente em Pernambuco, que essa política pública vem sendo aprimorada, com todos os realizadores. É um momento de integração que não envolve apenas o governo, mas também a sociedade civil que vem mantendo e aumentando o interesse por cinema.


LJ – “As aventuras de Paulo Brusky”, além de ser o seu trabalho mais recente, também é novidade em sua obra devido aos recursos utilizados, a partir da ferramenta do Second Life e da utilização da técnica de machinima. Por que a escolha do artista plástico Brusky e da ferramenta Second Life?

Mascaro – Foi a primeira vez que trabalhei com o suporte do Second Life. Comecei a ler sobre as suas possibilidades de criação e reapropriação do trabalho. Brusky eu conhecia a partir de um trabalho que fiz com ele chamado O meu cérebro desenha assim - 2, e a partir disso surgiu a possibilidade e a afinidade para trabalharmos juntos. Fiquei entusiasmado em documentar o universo artístico dele de uma maneira diferente, foi uma boa experiência. O suporte virtual possibilita infindáveis maneiras e propostas de criação.


LJ – “Avenida Brasília Formosa” foi feito aqui em Recife onde você mora, praticamente no “quintal de casa”, devido à proximidade das locações e já foi inclusive premiado fora do país, em Austin. Como você avalia essa repercussão?

Mascaro –  Ganhei um prêmio no Festival Cine Las Américas, a gente filma e consegue encontrar um espaço e apreciação ao mesmo tempo tão longe e tão perto. É muito bom vê-los sendo reconhecidos, afinal, quando fazemos filmes é importante não ficar fechado, mas sim circular e mostrar a criação em outros circuitos, fazer nosso som ecoar em outros povos e culturas, quebrar essas barreiras geográficas.


Confira abaixo os trailers dos longas pernambucanos concorrentes:


Crítico, de Kleber Mendonça Filho



Sinopse: 70 críticos e cineastas discutem o cinema a partir do sempre interessante conflito que existe entre o artista e o observador, o criador e o crítico. Entre 1998 e 2007, Kleber Mendonça Filho registrou depoimentos sobre esta relação no Brasil, Estados Unidos e Europa, a partir da sua experiencia como crítico. Com depoimentos reveladores de criadores como Gus Van Sant, Tom Tykwer, Eduardo Coutinho, Curtis Hanson, Carlos Reichenbach, Walter Salles e Carlos Saura, Crítico abre uma janela para uma arte cada vez mais julgada por mecanismos de mercado, e que luta para permanecer humana tanto no fazer, como no observar.


Avenida Brasília Formosa, de Gabriel Mascaro



Sinopse: Fábio é garçom e cinegrafista. Registra importantes eventos no bairro de Brasília Teimosa (Recife). No seu acervo, raras imagens da visita do presidente Lula às palafitas. Fábio é contratado pela manicure Débora para fazer um videobook e tentar uma vaga no Big Brother. Também filma o aniversário de 5 anos de Cauan, fã do Homem Aranha. Já o pescador Pirambu mora num conjunto residencial construído pelo governo para abrigar a população que morava nas antigas palafitas do bairro, que deu lugar à construção da Avenida Brasília Formosa. O filme constrói um rico painel sensorial sobre a arquitetura e faz da Avenida uma via de encontros e desejos.

Pacific, de Marcelo Pedroso



Sinopse: O documentário Pacific é todo construído a partir de imagens de passageiros de um cruzeiro que tem como destino uma das mais belas paisagens brasileiras, o arquipélago de Fernando de Noronha. São sete dias de viagem registrados pelas lentes de turistas que filmam tudo, a todo instante. Ao lançar seu olhar sobre o olhar dos personagens, o filme se revela um ensaio sobre a produção de imagens na contemporaneidade e suas implicações políticas, além de lançar luz para uma reflexão sobre a sociedade brasileira, a partir de um grupo social pouco visto e longe dos estereótipos comumente observados em documentários.

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