Nova versão de Romeu & Julieta encanta recifenses

A encenação de R&J de Shakespeare - Juventude Interrompida mostra diferencial na atuação dos atores

sab, 21/01/2012 - 19:12
Foto: Luiz Paulo Nenem Peixoto/Divulgação Quatro jovens estudantes ingleses decidem reinventar Shakespeare. Foto: Luiz Paulo Nenem Peixoto/Divulgação

Romeus e Julietas existem às pencas nos teatros Brasil a fora. Mas a montagem de R&J de Shakespeare - Juventude Interrompida, apresentada nas noites dos dias 17 e 18 (terça e quarta), no Teatro Santa Isabel, no Recife, inteiramente ousada fez a diferença. A peça foi um dos destaques dessa semana no 18º Janeiro de Grandes Espetáculos - Festival Internacional de Artes Cênicas de Pernambuco.

Por sinal, ousadia não faltou ao dramaturgo norte-americano Joe Calarco, ao escrever em 1997 sua versão para a história de amor mais interpretada de todos os tempos. "Juventude Interrompida" reinventou a maneira de se fazer a tradicional peça - contada a partir de uma escola católica conservadora, e encenada exclusivamente por homens. O diretor do espetáculo que os recifenses puderam conferir, João Fonseca, na sua adptação apostou no básico que toma proporções inestimáveis. 

O figurino de Ruy Cortez, por exemplo, é de uma praticidade e versatilidade desconcertante. A farda da escola dos personagens em cena - um terno vermelho de veludo forrado com cetim dourado - chega até a se tornar o avental da criada. Criada,essa, interpretada divina e caricaturamente por Pablo Sanábio. O ator humoriza as situações mais dramáticas e dá leveza ao andamento da peça.

Falando em ficar a vontade, é hora de ressaltar os protagonistas Romeu e Julieta, interpretados por João Gabriel Vasconcellos e Rodrigo Pandolfo. Em cena, ambos se olham, se enlaçam e se beijam com a sintonia apaixonada da Jovem Capuleto com seu amado Montéquio. O público, parecia sequer pestanejar.

Destaque para o ator coadjuvante Felipe Lima, que encarnou múltiplos personagens, e  assim como seus colegas de palco também brilhou no palco.

Cenário - O cenografista Nello Marrese formulou uma sala de aula com seus quadros verdes e carteiras, que se travestiu a ser igreja, a ser baile, a ser casa. Tudo muito bem distribuído. Os objetos também chamaram atenção - réguas se transformaram em espadas e folhas de papel se tornaram portas e até buquê.

No rastro da trilha - A trilha deu um tom de peculiaridade à montagem. Os rapazes descontraíram com "Rapunzel" de Daniela Mercury,  e emocionaram com "Somewhere" do clássico West Side Story e "Love is in the air", de John Paul Young -  escolhas acertadas de João Bittencourt e André Aquino.

O resultado final é de um espetáculo cheio de paixão, como era de se esperar em se tratando de Romeu & Julieta. Mas com o diferencial da atuação dos atores entregues totalmente a vida de seus personagens. Desde os recatados e rebeldes estudantes aos personagens épicos shakesperianos, que fizeram a platéia se supreender  e ovacionar a arte representada, mesmo que já soubessem o clássico final do histórico romance

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