15 anos sem Chico Science

Atualidade do pensamento do Malungo de Peixinhos até hoje reverbera na cultura da cidade

qui, 02/02/2012 - 12:47
Divulgação Unindo tradição e modernidade, Chico misturou elementos da cultura de rua com a tradição do maracatu Divulgação

Com Felipe Mendes.

Há 15 anos, Pernambuco perdia um de seus filhos mais representativos. Em 1997, Francisco França, mais conhecido como Chico Science, morria num trágico acidente de carro, deixando para trás um legado cultural para todo o País. Ou seria para a frente? A atualidade de suas ideias mudaram para sempre a imagem do Estado para o resto do mundo e até hoje influenciam os pernambucanos na música e no comportamento.

De alma inquieta e criatividade à flor da pele, Chico viveu sua adolescência durante a década de 80, época em que entrou em contato com o hip hop, o soul e o funk. Em 1991, o garoto de Peixinhos, subúrbio de Olinda, formou a Nação Zumbi, que unia os elementos da cultura de rua com o maracatu nordestino. Ao lado de Fred 04 (Mundo Livre S/A), que elaborou o manifesto “Caranguejos com Cérebro”, fundou o movimento Manguebeat, que comparava a diversidade cultural pernambucana à biodiversidade de seus mangues.

“O que fazer para não afundar na depressão crônica que paralisa os cidadãos? Como devolver o ânimo, deslobotomizar e recarregar as baterias da cidade? Simples! Basta injetar um pouco de energia na lama e estimular o que ainda resta de fertilidade nas veias do Recife”, dizia o manifesto, na verdade um release enviado à imprensa na época.

A originalidade da música de Chico Science lhe rendeu merecido espaço na mídia. Em 1994, o lançamento do álbum Da Lama ao Caos, produzido por Liminha, projetou a banda nacionalmente. O segundo disco, Afrocibederlia (1996), ainda mais pop, levou a banda a excursionar pela Europa e Estados Unidos.

Esse sucesso projetou também o Movimento Mangue, do qual Chico Science  é o maior ícone. Sua performance no palco, vivacidade e carisma amplificaram toda uma cena que transformou a realidade do fazer música em Pernambuco e no Brasil e literalmente mudou o eixo de produção e divulgação da arte brasileira.

Se com apenas dois discos, Chico e sua banda revolucionaram a cultura pop de todo um país, o quão mais rico ainda poderia ter sido se não tivesse partido tão cedo? Os mangueboys e manguegirls hoje dão lugar aos indies, à geração cibernética, hiperconectada e cheia de referências culturais que ele já preconizava com o lema “uma antena parabólica enfiada na lama”. Qual seria hoje o novo ingrediente que Chico Science traria para o caldeirão da música pop nacional?

MEMÓRIA - O legado do artista, morto tão precocemente, já inspirou inúmeras homenagens, bandas, livros, a moda e até exposições, como a “ocupação Chico Science, realizada pelo Itaú Cultural em São Paulo, no início do ano passado.

Na Manguetown Recife, a vida e obra de Chico, bem como desdobramentos do movimento Mangue são a matéria prima para o Memorial Chico Science, localizado no Pátio de São Pedro, bairro de São José. Com conteúdo interativo e diversas referências ao ambiente que gerou o Mangue, o Memorial é um mergulho  na estética e clima do período.

SERVIÇO:
Segunda à sexta, das 09 às 17 h
(81) 3355 3158 | 3355 3159
contato@memorialchicoscience.com
Pátio de São Pedro, casa 21
Bairro de São José, Recife, PE

 

Confira um trecho da apresentação de Chico Science & Nação Zumbi na 1ª edição do Abril pro Rock, em 1993:

 

 

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