Conteúdo do Museu do Amanhã é apresentado no Rio
Espaço faz parte do Projeto Porto Maravilha, plano de revitalização da zona portuária carioca
Primeiro do gênero a tratar das diferentes perspectivas de construção do futuro, o Museu do Amanhã está sendo concebido para abrigar um espaço de reflexão permanente sobre o impacto das ações humanas no planeta. O conteúdo do novo museu foi apresentado nesta quarta-feira pela primeira vez, em encontro que reuniu arquitetos, cientistas e autoridades locais no Palácio da Cidade, sede da Prefeitura do Rio de Janeiro.
O Museu do Amanhã é uma iniciativa da Prefeitura e da Fundação Roberto Marinho, e faz parte do Projeto Porto Maravilha, um plano de revitalização da zona portuária do Rio de Janeiro. O pavilhão futurista deste que é considerado "o museu das possibilidades" será instalado no Píer Mauá, numa área verde de 30 mil metros quadrados, avançando em direção ao mar. Com curadoria do físico e doutor em cosmologia Luiz Alberto Oliveira, o espaço proporcionará aos visitantes diferentes experiências interativas, que vão desde o aparecimento da matéria e o surgimento do cosmos até as complexidades da vida humana e o futuro imaginado.
O espaço "Antropoceno" da exposição promete despertar no visitante a consciência de seu papel no mundo em que vive. "O conjunto das ações humanas alcançou uma tal escala que passamos a ser considerados uma força geológica", afirmou Oliveira. Instalações mostrarão nossos hábitos de consumo e os principais impactos causados no ambiente. "Estamos na Era do Antropoceno, a Era em que o homem se tornou uma força de modificação do próprio planeta", enfatizou o curador.
Para a museóloga Vera Lúcia Bottrel Tostes, diretora do Museu Histórico Nacional, o pavilhão trará contemporaneidade à cidade e ajudará a difundir uma nova visão, a do museu como um espaço dinâmico e ativo, tendência que vem sendo adotada também pelos museus mais tradicionais. "É desafiador ter um museu do futuro, mexer com o imaginário das pessoas e começar a mudar conceitos", afirmou Vera.
Projetado pelo renomado arquiteto espanhol Santiago Calatrava, o edifício de 15 mil metros quadrados possui características sustentáveis que permitem a otimização dos recursos naturais disponíveis. A ideia é atender aos critérios de sustentabilidade para que o museu obtenha a certificação americana Leed (sigla em inglês para Liderança em Energia e Design Ambiental). A água da Baía de Guanabara servirá para climatização do interior e também será reutilizada no espelho d'água da construção.
Na fachada, estruturas de aço se movimentarão como asas, mudando a iluminação no interior do prédio e servindo como suporte para placas de captação de energia solar. "Há uma ideia de transformação, uma metáfora de mudança na forma do edifício, que lhe dá um sentido de ser vivente", afirmou Calatrava. O prédio é apresentado como um organismo vivo, tornando-se integrado à paisagem urbana. "É um museu que dialoga com a cidade", disse o arquiteto.
Orçado em R$ 215 milhões - quase três vezes mais do que a previsão inicial -, o projeto será custeado pela venda dos Cepacs (Certificados de Potencial Adicional de Construção), títulos mobiliários emitidos pela Prefeitura que permitem a construção de empreendimentos imobiliários acima dos limites estipulados em lei. O museu conta também com um investimento de R$ 65 milhões do Banco Santander.
O Museu do Amanhã foi inicialmente previsto para ser inaugurado neste ano, e chegou a ser idealizado pelo prefeito Eduardo Paes para que se tornasse a sede oficial da Rio+20, a conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, que ocorrerá na cidade em junho. No entanto, as obras serão concluídas no final de 2013, e o Museu será aberto ao público em maio de 2014.