Noite de ritmos e cores na Mostra Brasileira de Dança
Espetáculo Majho Majhobê-Olubajé encanta público no Barreto Júnior
Cores e luzes no palco são um convite ao espectador para se entregar numa viagem musical pela história de Omolu, orixá que rege a cura e as doenças, de acordo com o candomblé. É assim que começa o espetáculo da Cia. Pé-Nambuco de Dança, Majho Majhobê–Olubajé, que se apresentou na última quinta-feira (5) no palco do Teatro Barreto Júnior, no Pina, pela 10ª Mostra Brasileira de Dança, que acontece no Recife até o próximo domingo (8).
Durante os 60 minutos do espetáculo, olhos atentos e curiosos vindos da plateia. No palco, a festa tradicional das religiões de matriz africana representada com a mesma energia que acontece fora dele. Dezessete bailarinos ajudam a contar essa história, com gestos firmes, fortes e perfeitamente sincronizados. Eles dividem o palco com percussionistas, que batucam ali o sonho de uma vida inteira e, inevitavelmente, contagiam o público, inquieto nas cadeiras. É difícil não se levantar para dançar com aquele som que, por hora, parece tocar dentro de cada um.
No enredo, a história de Omolu desde o seu nascimento e, no final, a festa que o celebra, que reúne no palco os 17 orixás, num momento de dança mais pura e verdadeira. As comidas de cada orixá simbolizam a fartura e estão presentes fora do palco também. Ao final de cada apresentação, a Companhia oferece a comida de algum santo e celebra com o público a consagração em mais um dia de espetáculo.
A montagem carrega consigo as memórias de uma cultura e os esforços de um grupo inteiro e é fruto de um intenso trabalho de pesquisa. O resultado não poderia ser diferente: Majho Majhobê-Olubajé é de encher os olhos e o coração. Marcado pela espiritualidade, a apresentação é regida por Mãe Andrea, que participa das preparações e orações que antecedem a entrada no palco. Em conversa com o LeiaJá, a mãe de santo destacou a importância desta apresentação “O espetáculo mexe com as pessoas, ele todo festeja a religiosidade e não se tinha esse processo no palco”, afirma.
A Cia Pé-Nambuco de Dança nasceu no bairro do Ibura há dez anos e hoje já agrega uma equipe de diferentes bairros do Recife. Em seus quatro anos de existência, o espetáculo Majho Majhobê-Olubajé já foi apresentado em palcos da cidade e fora dela e resiste às dificuldades encontradas por quem quer viver da dança. “É difícil viver da dança no Recife, 70% das pessoas envolvidas nessa produção fazem outra coisa para sobreviver, mas vamos nos firmando com garra”, explica Wagner Max, um dos diretores e coreógrafos do espetáculo.