Lygia Clark atinge maior lance em leilão de arte em NY
Bicho Parafuso Sem Fim, da brasileira Lygia Clark (1920-1988), foi a obra que alcançou o maior preço entre os cerca de 400 lotes à venda esta semana nos leilões de arte latino-americana em Nova York. Uma das primeiras estruturas maleáveis produzidas pela artista em 1960, a peça foi arrematada na tarde desta quinta-feira, 29, no leilão da Phillips, na Park Avenue, por US$ 1,685 milhão.
O segundo valor mais alto pago por obra de artista latino nesta temporada de leilões internacionais foi US$ 1,565 milhão para o óleo sobre tela de 1931 Composition TSF (também conhecido como Constructivo Universal), do uruguaio Joaquín Torres-García, vendido na Christies na quarta-feira, 28. Mais de meio século depois que a primeira série de Bichos foi premiada pelo júri internacional da 6.ª Bienal de São Paulo, em 1961, como melhor escultura de um artista brasileiro, aquelas mesmas estruturas de múltiplas configurações chegam ao momento de maior valorização no mercado internacional de arte.
BICHO-EM-SI-MD (Nº IV), construída por ela no mesmo ano que Bicho Parafuso Sem Fim, figura entre as poucas peças que alcançaram lances superiores a um milhão de dólares nos leilões desta semana. Foi vendida na quarta-feira por US$ 1,169 milhão na Sothebys. Além dos trabalhos de Lygia e Torres-García, apenas o quadro do colombiano Fernando Botero "Hombre Yendo a la Oficina (Man Going to Work)", de 1969, ultrapassou aquela marca, ao ser adquirida na Christies por US$ 1,445 milhão.
A obra de Lygia está sendo vista nos Estados Unidos como um marco na arte contemporânea ocidental. Lygia Clark: The Abandonment of Art, 1948-1988, retrospectiva que o Museum of Modern Art (MoMA) de Nova York exibe até agosto, a apresenta como uma pesquisadora consistente que delimita uma fronteira entre contemplação e imersão, entre arte e terapia, entre a arte e a não arte.