Janela Internacional de Cinema anuncia lista de clássicos

Divulgação dos treze filmes foi feita nesta terça (30)

por Eduarda Esteves ter, 30/09/2014 - 13:02
Divulgação Cena do longa Paris Texas, de Wim Wenders Divulgação

O 7º Janela Internacional de Cinema, que será realizado de 24 de outubro a 2 de novembro, divulgou nesta manhã a lista completa dos clássicos que serão exibidos. Em sua quinta edição, a Mostra Clássicos do Janela programou 13 longas-metragens em cópias novas ou restauradas, nos formatos DCP e 35mm. O evento será realizado no Cinema da Fundação, localizado no Derby e no Cinema São Luiz, localizado no bairro da Boa Vista.

O Janela também anuncia a criação do “Prêmio João Sampaio para Filmes Finíssimos que Celebram a Vida", homenagem permanente ao crítico baiano falecido no último mês de abril. A honraria será concedida pela organização do festival para um filme contemporâneo ou de arquivo, nos formatos longa ou curta-metragem. 

A Filha De Ryan (Ryan’s Daughter, EUA, 1970, 206 min), de David Lean

Lançado numa época em que o cinema havia tornado-se jovem e revolucionário, A Filha de Ryan, com seu porte gigantesco e superproduzido, realizado por um David Lean que vinha dos sucessos mundiais A Ponte do Rio Kwai, Lawrence da Arábia e Doutor Zhivago, foi mal recebido e é, até hoje, uma obra injustiçada. Redescoberto ao longo dos anos, suas paisagens espetaculares são panos de fundo para uma história de amor e fidelidade (política e amorosa) que resulta num filme onde são as imagens que contam a história das relações humanas. Francamente, A Filha de Ryan é como pouca coisa vista desde então. De fato, não se faz mais filmes como esse.  Em DCP.

Alien – O oitavo passageiro (Alien, EUA, 1979, 116 min), de Ridley Scott

Com o sucesso do bem iluminado e juvenil Guerra Nas Estrelas, em 1977, o ano de 1979 já estava pronto para um filme de horror espacial sombrio e aterrorizante, marcado por suspense extraordinário e um visual biológico-extraterrestre inesquecível. De fato, o organismo vivo trazido para dentro da nave Nostromo revela-se a mais medonha criação cinematográfica do bicho-papão já feita, até hoje. Em DCP.

Contos Cruéis da Juventude (Cruel Story of Youth, Japão, 1960, 96 min), de Nagisa Ôshima.

O filme que deu início à versão japonesa da 'Nouvelle Vague', Nagisa Oshima filma seu país ainda no pós-Guerra, mas olhando para o futuro de jovens que querem romper com o passado e com as regras. No caso,  um jovem casal, Makoto e Kiyoshi, menina meio perdida e o estudante rebelde. Uma relação desigual e violenta vai nascer entre estes dois seres marginais. 

Il dolci inganni (Itália, 1960, 95 min), de Alberto Lattuada. Em 35mm.

Proibido pela Liga Católica da Decência e dos Bons Costumes, I Dolci Inganni nos mostra uma adolescente linda, de 17 anos, preferindo alterar sua rota naquele dia: ela faltar a aula para passar o dia com seu namorado, com idade para ser seu pai. Essa espécie de irmão italiano de um filme de François Truffaut tem um olhar elegante e aberto para coisas boas da vida como amor e liberdade, e com um olhar que arrasta uma enorme asa pela belíssima Catherine Spaak, como Francesca. E vejam só o plano dela que encerra o filme. Em 35mm

Juventude Transviada (Rebel Without a Cause, EUA, 1955, 111 min), de Nicholas Ray

O filme de jovens décadas antes de o cinema de mercado ser feito inteiramente para jovens. Os personagens de James Dean, Nathalie Wood e Sal Mineo viraram ícones. Parecem colocar suas almas para fora num panorama social e cinematográfico arquitetado por Nicolas Ray, panorama que já mostrava os sinais das mudanças que viriam nos anos 60 e que reinventaram o conceito de juventude. Ser jovem significa descobrir novas estradas, e às vezes sair delas rumo ao penhasco.  Restauração 4K estreou no último Festival de Berlim. Em DCP

Mad Max 2 (Mad Max 2 – The road warrior, EUA, 1981, 95 min), de George Miller

Hollywood definiu o gênero “ação” no cinema envolvendo automóveis, mas foram australianos que mostraram como se faz.  Nesse espetáculo de coreografia automobilística suicida e insana, de câmera e montagem, realizado sem a ajuda de efeitos especiais digitais, George Miller fez um western pós-moderno e brutal, onde a direção de arte é feita do lixo industrial que restou de um mundo pós-apocalíptico e a agressividade está na ação das estradas e numa câmera que está sempre a bordo de um veículo. Traços gay, sado-masoquistas apenas sublinham um todo realmente impressionante. Em 2015, a saga Mad Max terá continuidade com um filme novo, Fury Road, também dirigido por Miller.  Em DCP.

Os Caçadores da Arca Perdida (Raiders of the Lost Ark, EUA, 1981, 115 min), de Steven Spielberg.

Talvez a melhor aventura retro já feita pelo cinema americano, por um cineasta no alto dos seus poderes, com um astro clássico que chama identificação.  Indiana Jones toma inúmeras estradas e becos, caminhões e aviões. Começou uma cine-série de quatro filmes, dos quais este é claramente o melhor. 30 anos antes de Bastardos Inglórios de Quentin Tarantino, os nazistas recebem uma vingança cinematográfica como nenhuma outra. Em DCP.

O comboio do medo (Sorcerer, EUA, 1977, 121 min), de William Friedkin.

Refilmagem americana de O Salário do Medo, o clássico francês de Henri George-Clouzot. Uma estrada perigosa, homens são pagos para levar carregamento de explosivos em caminhões. Difícil achar um filme mais tenso do que este, realizado com enorme garra e sentido hitchcockiano de cinema. Em DCP.

O Massacre da Serra Elétrica (The Texas Chainsaw Massacre, EUA, 1974, 88 min), de Tobe Hooper

Um grupo de amigos numa van, no interior do Texas. Saem da estrada e param numa fazenda. Em 80 minutos, Tobe Hooper fez um museu de horrores de alta voltagem e onde a violência vem bem mais da agressivdade da montagem, do som e dos objetos (por exemplo: uma moto-serra barulhenta) de cena do que de uma violência explícita. Os últimos 20 minutos, em especial, são uma descarga e tanto de terror e energia bruta. Em DCP.

Paris Texas (França/Reino Unido/Alemanha Ocidental/EUA, 1984, 147 min), de Wim Wenders.

Palma de Ouro no Festival de Cannes, Paris Texas é um filme como nenhum outro. Wenders, um alemão apaixonado pela paisagem americana, nos conta uma bela história de amor e loucura, doce sem ser piegas, e com a presença forte de Nastassja Kinski, símbolo do amor incondicional. Inesquecível, o clima e o feeling e a musica de Ry Cooder. Versão Restaurada 4K estreou no último Festival de Cannes. Em DCP.

Pelos Caminhos do Inferno (Wake in Fright , Austrália/EUA, 1971, 114 min), de Ted Kotcheff.

O 2º. título da Austrália nesta seleção sugere que o pais da Oceania não é para amadores. Incrível filme de horror onde nenhum ser humano morre, onde não há fantasmas ou monstros, embora isso seja questionável. É a história de um professor primário que tenta sair da cidadezinha do interior onde foi passar a noite. Lá encontra uma cultura masculina assustadora de camaradagem e bebedeira, com perturbadora sensação de que não há leis para homens ou animais.  Em 35mm.

Roberto Carlos em ritmo de aventura (Brasil, 1968, 97 min), de Roberto Farias.

O tempo parece ter feito bem a esse produto Roberto Carlos, dirigido por um dos mais competentes realizadores brasileiros do cinema comercial e popular, e que levou milhões aos cinemas. Claramente inspirado nos filmes de Richard Lester para os Beatles, temos imagens de ação com musicas de RC e Erasmo Carlos, na perfeita matinê brasileira. Em 35mm.

Rocky Horror Picture Show (EUA/Reino Unido, 1975, 100 min), de Jim Sharman

Quando o carro quebra numa estrada escura, Brad e Janet, um casal certinho, vai buscar ajuda numa sinistra casa-castelo que pertence ao Dr. Frank’N’Furter, “um doce travesti da transexual Transilvânia”. Ele irá apresentar para seleto grupo de amigos sua nova criação: um homem objeto e perfeito. O bom humor de uma homenagem afiada aos clássicos do Cinema B de ficção científica e horror, com uma trilha sonora sensacional de música e dança. Em DCP.

 

 

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