Profissionais do humor trocam experiências em festival

Evento faz parte da programação da Feira Pan-Amazônica do Livro. Em palestra, o carioca André Hippertt falou sobre as formas na caricatura e as alternativas para o mercado de cartunistas.

ter, 30/05/2017 - 11:32
Guilherme Guerreiro Neto/LeiaJáImagens Exposição do Festival de Humor está no Hangar, na Feira do Livro Guilherme Guerreiro Neto/LeiaJáImagens

A palestra “Geometria com humor” reuniu os cartunistas Biratan Porto e André Hippertt, no último sábado (27), como parte da programação da XXI Feira Pan-amazônica do livro. A Feira, realizada no Hangar, em Belém, recebe durante toda a semana uma exposição do IX Festival Internacional de Humor da Amazônia.

O paraense Biratan Porto, que além de cartunista, chargista, caricaturista e ilustrador é o organizador do Festival, indicou a importância de espaços para o humor na Feira do Livro, como a presença de profissionais de outros Estados: “É importante esse intercâmbio de centros diferentes, com atividades que podem colaborar com informação pro crescimento dos profissionais e estudantes desse segmento”. 

Biratan trouxe a Belém o carioca André Hippertt, diretor de arte com um fundo na ilustração, desenhos animados, especialista em caricatura com formas geométricas. Hippertt, em mais de 30 anos de carreira, tem cerca de 40 prêmios do SND (Society For News Design) e cinco prêmios Esso – principal prêmio de jornalismo brasileiro. Ele gosta de usar muitos conceitos de design em seus desenhos animados e considera a forma mais importante do que a técnica.

Em sua palestra, Hippertt abordou um trabalho mais conceitual e formal, e explicou o que é, para caricatura, o principal. “Em uma caricatura, a semelhança e a relevância são essenciais. É o principal objetivo, obter essa semelhança e traduzir a alma das imagens de personagem; é a parte mais difícil”, disse o convidado. Ele gosta de fazer caricaturas de personagens famosos, de preferência daqueles com quem tem certa identificação.

Hippertt comentou também sobre o mercado reduzido, em que cada profissional tem que procurar alternativas para divulgar e vender seu trabalho. “O mercado se afunilou e o impresso sempre foi o foco e o maior setor que empregava ilustradores, cartunistas e humoristas de charges. A gente não tem mais isso, poucos veículos estão usando. Estamos buscando alternativas na internet, publicando o próprio trabalho, editando livros, estamos fazendo como os músicos fazem. Antes vendiam CDs, hoje fazem mais shows para ganhar dinheiro”, compara.

Quanto ao papel político que caricaturista e chargista têm dentro da sociedade, Hippertt considera importante manifestar-se politicamente através de seus trabalhos, como resposta ao que vem acontecendo no país. “Eu faço charge pra mim. Na minha timeline, sempre bato nessa tecla do cenário político em que o país se encontra, da questão social que vivemos. Cresci na época da ditadura, sinto um medo danado de botarem o Exército na rua de novo”, revelou.

A palestra foi aberta, mas teve um público bastante direcionado para o seguimento do humor. Compareceram muitos profissionais e acadêmicos da área, entre eles Marcos André, que é estudante de Design. “Sou admirador do trabalho de Hippertt, pois tem um traçado muito refinado e próprio dele”, contou o estudante.

André Hippertt ocupou um dos lugares na bancada de jurados no IX festival de Humor da Amazônia, realizado domingo, na Feira do Livro. Também foram jurados Evandro Alves (MG), Lúcio Ribeiro (PR) e o próprio Biratan Porto.

Por Joel Campos.

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