A Forma da Água lidera as indicações ao Globo de Ouro
Filme Guillermo de Del Toro concorre em sete categorias, incluindo melhor filme de drama, diretor e roteiro
"A Forma da Água", do mexicano Guillermo del Toro, obteve nesta segunda-feira (11) o maior número de indicações ao Globo de Ouro 2018, que mostrou tolerância zero em relação aos escândalos sexuais que abalam Hollywood.
O Globo de Ouro, que será entregue em 7 de janeiro, é visto como uma oportunidade para que a indústria do cinema e da televisão mostre que condena totalmente os abusos sexuais que vieram à tona depois das chocantes denúncias contra o poderoso produtor Harvey Weinstein.
A produção fantástica de Del Toro - que conta a história de amor entre uma zeladora e uma criatura anfíbia mantida em um tanque de água em uma instalação do governo dos Estados Unidos - concorre em sete categorias: melhor filme de drama, melhor roteiro, melhor diretor, melhor canção original, melhor atriz (Sally Hawkins), melhor ator coadjuvante (Richard Jenkins) e melhor atriz coadjuvante (Octavia Spencer).
Na categoria mais prestigiada também estão disputando "Me chame pelo seu nome", "Dunkirk", "The Post - a Guerra Secreta" e "Três anúncios para um crime".
O anúncio, realizado dois dias antes das indicações aos influentes prêmios do sindicato de atores (SAG), são um termômetro do momento atual visando o Oscar.
- Diretoras excluídas -
O filme chileno "Uma mulher fantástica", do diretor Sebastian Lelio, recebeu uma indicação na categoria de melhor filme estrangeiro.
Protagonizado por Daniela Vega, Francisco Reyes e Luis Gnecco, conta a história de uma mulher transsexual que enfrenta a morte de seu companheiro em meio aos preconceitos, às reprovações e à violência.
"Estou emocionada de que estejamos reconhecendo pessoas como eu, que não eram vistas na televisão quando cheguei a este país", disse a indiana Meher Tatna, presidente da Associação de Correspondentes Estrangeiros de Hollywood (HFPA, em inglês), que entrega os Globos de Ouro. "Como jornalista sempre busco a diversidade e estou feliz de celebrá-la".
No entanto, nas redes sociais foram vistas críticas por não existirem mulheres entre as indicadas ao prêmio de melhor direção. É o caso de Greta Gerwig, cujo filme "Lady Bird - é hora de voar" teve duas indicações.
Dee Rees tampouco foi indicada por seu trabalho em "Mudbound - lágrimas sobre o Mississipi", assim como Patty Jenkins por "Mulher Maravilha", filme que não apareceu em nenhuma categoria, para incômodo dos fãs.
O diretor Jordan Peele ("Corra!") também não foi indicado.
- Tolerância zero -
Não era esperado que a Weinstein Company, que demitiu seu cofundador, obtivesse alguma indicação, inclusive antes do escândalo.
Mas como disse à AFP o diretor James Gunn ("Guardiões da Galáxia Vol. 2"), não se fala em outra coisa quando diretores e atores se reúnem.
Os nomes de Kevin Spacey, James Toback, Jeffrey Tambor e Louis C.K. sequer foram sussurrados.
Vencedor na categoria de melhor ator de série dramática em 2015 por "House of Cards", Spacey não poderá repetir o feito devido às diversas denúncias contra ele feitas por vários homens.
E isso atingiu colegas como Robin Wright, que também já ganhou anteriormente, ou qualquer outro integrante desta série, vencedora de oito prêmios.
E, para arrematar, Spacey aparecia como o grande candidato a uma indicação pelo filme "Todo o dinheiro do mundo", mas o diretor Ridley Scott decidiu retirá-lo das cenas e filmar no último minuto com Christopher Plummer, agora indicado para o prêmio de melhor ator coadjuvante.
A comédia "Transparent", com muitas indicações e uma estatueta para Tambor, tampouco foi indicada.
"Big Little Lies", a minissérie produzida pelas estrelas Reese Witherspoon e Nicole Kidman, e que venceu cinco Emmys, recebeu seis indicações.
"Feud: Bette and Joan" a segue com quatro indicações, enquanto "Fargo", "The Handmaid's Tale" e "This is Us" tiveram três indicações cada uma.
"Viva - a vida é uma festa" foi indicada e não deve ter obstáculos para levar o prêmio de melhor filme de animação, a menos que seja afetada pelo fato do cofundador da Pixar John Lassater ter admitido um comportamento inapropriado com funcionários.