‘Baile do Menino Deus’: um espetáculo que nunca acaba

Encenado há 14 anos no Marco Zero, Bairro do Recife, o espetáculo se renova a cada para surpreender e encantar o público

por Paula Brasileiro sab, 23/12/2017 - 11:03
Rafael Bandeira/LeiaJá Imagens O espetáculo se renova a cada ano Rafael Bandeira/LeiaJá Imagens

É possível um espetáculo se repetir por 14 anos consecutivos e ainda assim apresentar-se novo para o público? O Baile do Menino Deus - Uma brincadeira de Natal prova que sim e, para 2017, traz uma temporada com grandes novidades que vão dos figurinos ao texto da montagem. As sessões acontecem neste sábado (23), domingo (24) e segunda (25), no Marco Zero, Bairro do Recife. O acesso é gratuito.

Ronaldo Correia Brito, escritor e diretor do Baile falou ao LeiaJa.com, durante o ensaio geral realizado na última sexta (22), sobre o desafio de renovar o espetáculo. A trama conta, sob as cores e perspectiva de elementos da cultura popular, a história de dois pícaros que buscam celebrar o nascimento do menino Jesus com cores e elementos da cultura popular. “Nunca é o mesmo espetáculo, é sempre diferente. A última fala do Mateus diz: ‘o baile aqui não termina, o baile aqui principia”; nós não imaginávamos que isso era uma espécie de profecia sobre o futuro deste espetáculo escrito há 34 anos”, frisou Ronaldo.

Para a temporada 2017, o Baile ganhou figurinos novos, novidades no texto que traz à discussão a temática indígena e reforços na orquestra e no elenco infantil. As apresentações também contarão com audiodescrição, pela primeira vez, além da costumeira tradução em libras. “O Baile nunca é velho, ele é sempre novo, por isso ele é amado pelo público. A gente teve a sorte de alcançar uma linguagem que fala para todas as pessoas.”, arrematou o diretor.

Outra novidade, para este ano, é o novo integrante do elenco, o cantor Carlos Filho, interpretando o Anjo, a Borboleta e o Arlequim. “São funções que eu não costumo desempenhar, não sou ator nem bailarino. Tem sido muito desafiador. Mas ao mesmo tempo, um encantamento muito grande. O artista precisa disso”, disse. Ele ressaltou a importância do trabalho da equipe do espetáculo que conta com cerca de 300 pessoas, 14 músicos e 26 cantores, entre outros.

Integrante do elenco do Baile do Menino Deus há 13 anos, o cantor Silvério Pessoa celebra mais uma temporada do espetáculo. “O Baile nunca termina, ele sempre se recria, o nascimento do menino também é um símbolo que é de renovação e, para mim, é sempre como se fosse o primeiro”, disse antes de subir ao palco para ensaiar.  Silvério também falou da relevância do espetáculo enquanto ferramenta de discussão de temas sociais: “A arte sempre foi um mecanismo de posicionamento. Então, mais uma vez o Baile decalca esse olhar e dá um parecer próprio a duas causas universais, a da civilização indígena, que está cada vez mais comprimida e esquecida, e os negros com todas essas questões da intolerância religiosa e da falta de solidariedade. O Baile se posiciona com uma poética e um colorido lindos, vai ser emocionante”.

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Serviço

Baile do Menino Deus - Uma brincadeira de Natal

Sábado (23), domingo (24) e segunda (25) | 20h

Marco Zero (Bairro do Recife)

Gratuito

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