Glória Perez desabafa no aniversário da morte de Daniella
Daniella Perez, filha de Glória, foi assassinada em 28 de dezembro de 1992 por Guilherme de Pádua
Após completar 25 anos do caso de Daniella Perez, assassinada em 28 de dezembro de 1992 por Guilherme de Pádua, seu companheiro na telenovela De Corpo e Alma, escrita pela sua mãe, Glória Perez, a dramaturga contou com o apoio de diversos colegas de trabalho, como o vencedor do Emmy Internacional Walcyr Carrasco, autor de O Outro Lado do Paraíso, no vigésimo quinto aniversário da morte da filha.
A mãe de Daniella escreveu um texto em seu Facebook em que, não só marcava o dia de hoje, mas relembrava suas conquistas após o trágico acontecimento que comoveuo Brasil à época. A autora começou sua lembrança dizendo: Em 1992, as leis penais eram ainda mais frouxas. Matar não dava cadeia: assassinos tinham direito de esperar, em liberdade, por um julgamento que podia ser adiado indefinidamente — bastava ter advogados que soubessem explorar as brechas da lei e utilizar o número infinito de recursos disponíveis para atrasar o andamento dos processos. A não ser que o crime cometido estivesse elencado na Lei dos crimes hediondos, promulgada em 1990, que listava crimes que deviam ser levados a sério. Para estes, tidos como os mais graves, a prisão era imediata e não se admitia pagamento de fiança.
Glória, então, explicou que, regidos sob essas regras, ela e mais diversas mães se uniram para mudar a situação. Fizeram um abaixo-assinado que reunia mais de um milhão e 300 assinaturas em apenas três meses, 300 mil a mais do que o um milhão necessário. Perez continua seu relato ao desabafar sobre a dificuldade de conseguir transformar a norma. Porém, destaca um homem em especial:
Mas houve um senador de coragem: Humberto Lucena, então presidente do Senado, enquadrou a emenda como urgência urgentíssima. Assim, o homicídio qualificado foi incluído na Lei dos crimes hediondos.
A composição é finalizada com outro acervo de memórias sobre as mulheres que lutaram pela causa que propunha uma nova emenda:
Foi uma campanha de mães, uma campanha encabeçada por mães que haviam perdido seus filhos: Jocélia Brandão (de Minas, mãe da Miriam Brandão), as mães de Acari, as vítimas de Vigário Geral, a Valéria Velasco, de Brasilia, e tantas outras! A mudança não teria nenhuma interferência no caso dos nossos filhos, uma vez que a lei não retroage para punir. Mas é graças a essa emenda que criminosos como Suzanne Richtofen, o casal Nardoni, e tantos outros, ainda estão na cadeia. Não fosse isso, já estariam rua há muitos anos.
Assim nasceu a primeira emenda popular da História do Brasil. Na prática, o que ela fez foi igualar a vida humana à vida dos botos e dos papagaios. Mas já é alguma coisa!
E o colega de profissão, Walcyr Carrasco, demonstrou apoio a Glória. O escritor comentou em seu post no Instagram, sob as legendas de Vinte e cinco anos é menos que vinte e cinco dias, que vinte e cinco horas, que vinte e cinco segundos. Filho não se conjuga no passado! escritas pela mãe de da atriz: 25 anos que perdemos Daniella Perez pelas mãos de assassinos torpes que hoje estão soltos, refazendo suas vidas. Ela mudou de nome, ele virou pastor de igreja. Um abraço carinhoso à amiga Glória Perez, que, em meio a dor e a saudade, se mantem forte e lutando por justiça.
O assassino Guilherme de Pádua e sua esposa, também participante do crime, foram condenados a 19 anos e seis meses de prisão pelo assassinato cometido à Daniella Perez, morta por 18 golpes de tesoura. No entanto, ambos foram soltos em 1999.