Exposição reúne obras sobre o tempo e as memórias
Galeria Benedito Nunes, no Centur, em Belém, abre espaço para intervenções de artistas paraenses sobre o movimento e as histórias vividas
A Galeria Benedito Nunes, na Fundação Cultural do Estado do Pará (Centur), em Belém, abriu as portas para o público contemplar as obras artísticas de grandes nomes das artes visuais. A exposição com o tema “Outras Memórias e Outros Documentos”, sob a curadoria de Orlando Maneschi e Camila Fialho, vai até 23 de setembro.
A mostra objetiva levar o público a uma reflexão sobre as memórias através das artes. “Estamos com uma vasta programação refletindo a constituição de arquivos, acervos e como se desdobram essas memórias”, contou Camila Fialho (38). Camila disse também que a proposta da exposição é estender a reflexão para o campo sensível do ser humano. “A gente está discutindo o tempo todo sobre imagem e como ela reverbera nos diversos campos do conhecimento”, disse a curadora.
Quem já visitou a exposição ficou encantado com os trabalhos. “Deparei com muitas surpresas, os registros das imagens em geral, da pessoa, da figura. Estou achando fantástico. Como todos os outros anos, as exposições, nas galerias de Belém, não me decepcionaram”, detalhou Thomas Rodrigues (23), artista visual.
Entre as artistas expositoras está a paraense Marise Maués, ganhadora do prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia, em 2015. Além das fotografias, ela apresenta um vídeo que fala das memórias guardadas pelas pessoas. “Entendo que nascemos como uma folha de papel em branco e vamos escrevendo nossa história à medida que vamos experienciando nossa existência”, declara Marise. “Nosso corpo é como um corpo arquivo, não no sentido somente de um corpo que guarda memórias, mas que todo dia cria memórias, portanto estamos sempre a produzir arquivos.”
No vídeo "Loess", a artista acompanhou por sete horas e meia o movimento das marés enchente e vazante. “A intenção do vídeo era mostrar esse sujeito contemporâneo que em uma existência se constrói e reconstrói a todo o momento, ante um processo de globalização que o torna sujeito presente em vários lugares. Convive com diversas realidades ao mesmo tempo, passando a não possuir identidade fixa”, conta Marise, que disse estar muito feliz por ter seu trabalho na amostra.
“Deparei com uma obra fantástica que é a da Marise Maués, uma artista brilhante, que fala sobre o tempo, as memórias e as emoções e isso me toca muito. Gosto da representatividade que ela traz”, enfatizou Thomas Rodrigues, que visitou a exposição.
A mostra reúne obras como "Midas", do artista Armando Sobral, também paraense, "1 Irreal", de André Parente, entre outros. A entrada é franca.
Por Rosiane Rodrigues.
Fotos de Fernanda Cavalcante e Thalía Araújo.