Almério faz show em São Paulo e fala sobre sua música
Confira entrevista com o artista, que ganhou o prêmio de Cantor Revelação no "Prêmio da Música Brasileira"
O cantor pernambucano Almério se apresentou no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), no festival "Sai da Rede", realizado em São Paulo. O intérprete e compositor mostrou as músicas do seu segundo e mais recente disco: "Desempena", que o levou a ganhar o prêmio de Cantor Revelação do "Prêmio da Música Brasileira", além de ter sido indicado a Melhor Cantor ao lado de Lulu Santos e Chico César.
O show começou pontualmente às 20h da última sexta-feira e antes da metade do show, o público que ocupava todo o espaço do pequeno mas lotado teatro do CCBB, já aplaudia o performático artista, que respondeu interagindo e brincando com o público, inclusive brindando com uma dose de cachaça deixada por um fã no palco.
A banda foi comandada pelas guitarras de Juliano de Holanda, rodutor do disco e nome conhecido na cena musical pernambucana.
Além das músicas do disco, já entoadas em coro pelos presentes, como "Queria ter pra te dar" (Thiago Martins), "Melancia Tatoo"(Almério) e "Segredo" (Isabela Moraes), Almério e banda tocaram duas músicas inéditas: "Ainda Vivo", canção composta por Pedro Luís e Lucky Luciano e "Meu Amozim", de PC Silva. Ambas as músicas estarão no primeiro DVD do artista, gravado em 10 de agosto no Teatro Santa Isabel, Recife, Pernambuco.
Almério é cria da cena musical pernambucana que conseguiu ganhar visibilidade sem ter de sair de casa antes. A música produzida em Pernambuco atualmente tem nomes muito bons como Flaira Ferro, Isadora Melo, Romero Ferro, Thiago Martins e Amaro Freitas entre outros nomes muito bacanas", comentou Juliano de Holanda.
Ao final do show, Almério tirou fotos e trocou abraços com o público.
O cantor também conversou com o "LeiaJá" sobre sua música.
LeiaJá: Como foi a participação da Elba Ramalho na faixa "Do Avesso"?
Almério: É parte mais solar do disco. Quando eu comecei a gravar "Do Avesso", eu imaginei a voz dela cantando comigo. André Brasileiro, que é meu empresário estava trabalhando com ela, dirigindo o show do "Grande Encontro", aí eu disse "André, pensei na voz de Elba. Será que é possível?" Ele disse: "Escreva para ela e mande a faixa que eu levo".
Eu escrevi tudo que eu pensava sobre ela, a influência forte que ela tem sobre minha música, sobre minha arte e a resposta dela foi mandar a música já gravada.
Quando ela mandou a música já gravada eu já tinha colocado a minha voz e eu tive de refazer porque ela veio assim "engolindo tudo". A experiência que ela tem, o jeito de cantar único, inconfundível. Foi um presente dos deuses.
LeiaJá: Seu primeiro álbum foi lançado em 2013. Nesse intervalo de quatro anos o que pode comentar sobre a maturação do seu trabalho?
Almério: Meu primeiro álbum eu gravei juntando grana, cantando na noite e o que eu ganhava guardava para pagar as despesas do disco. Foi uma batalha! Muita gente me ajudando na caminhada. A base sonora dele é a mesma do "Desempena", só que o "Desempena" já vem com Juliano Holanda me ajudando na direção musical e o Juliano tem o dom de "bordar canções", não só fazer arranjos mecanicamente. Ele entendeu que base sonora é diretamente saída das bandas de pífano e está aí essa sonoridade crua do "Desempena".
LeiaJá: Além de você, podemos citar a Flaira Ferro, Thiago Martins, Isadora Melo, Romero Ferro, Amaro Freitas , que são expoentes da cena pernambucana atual fazendo o nome dentro do estado e depois partindo para fora. Antes o movimento era o inverso com o pessoal buscando o eixo Rio-São Paulo para depois conquistar espaço em casa. Como você enxerga essa efervescência e profusão de talentos da música em Pernambuco atualmente?
Almério: Pernambuco é um berço de artistas muito inquietos em todas áreas. Isso antes do manguebeat, desde os anos 70 com a MPB psicodélica, depois nos anos 90 veio o Chico Science. Nós nos alimentamos dessa riqueza cultural que é Pernambuco.
Com todas essas influências, os nossos diálogos se fortalecem muito, pois trocamos muitas idéias, lembramos que fazemos parte dessa contemporaneidade e é isso. A gente se alimenta da riqueza cultural do estado e conseguindo espaço aqui, em seguida levamos isso para outro universo.