Drag queen cai no brega com performances e ousadia

Com interpretações carregadas de humor, Dona Sandra é a atração deste sábado (26), na Casa do Fauno, em Belém

sex, 25/01/2019 - 11:05
Divulgação Dona Sandra será atração na noite de sábado Divulgação

Ousado, inusitado, dançante, alto-astral é o mínimo que se pode dizer do show que vai balançar as estruturas do casarão da Casa do Fauno neste fim de semana. E quem vai aterrissar no palco do espaço gastronômico e cultural do Reduto, neste sábado (26), é ninguém mais, ninguém menos que a drag queen Dona Sandra, também cantora e apresentadora, com o show “Drag no Brega”. O início será às 22 horas, com ingressos a R$ 15.

Dona Sandra, cuja carreira musical começou na virada de 2014 para 2015, oferecerá ao público uma amostra do seu novo espetáculo musical, que está sendo ensaiado e com o qual, em breve, empreenderá uma turnê. “Drag no Brega” – ainda o nome provisório do show – contém músicas autorais do EP lançado por ela em 2017 e traz, também, material novo.

Dentre as músicas lançadas por Dona Sandra, do final de 2018 para cá, estão três cujos clipes podem ser vistos no YouTube: “Bumbum batendo”, uma mistura de reggaeton com batidão de brega; “Tremendo o paredão”, um tecnobrega da pesada com participação da diva do gênero Keila Gentil; e “Dançando merengue”, um merengue, como o nome já diz, com participação da banda Xeiro Verde – esta lançada por último, já no mês de dezembro.

Em sua performance no palco, Dona Sandra terá a companhia da DJ Daniela, no sampler, com quem trabalha em sintonia fina. “Todas as músicas que vou apresentar eu mesma compus, a não ser uma que foi feita em parceria com uma amiga”, revela. Serão mais ou menos 90 minutos de apresentação. “Aviso logo: em show meu ninguém fica sentadinho, comportadinho, paradinho, viu? Vou botar todo mundo pra dançar”, promete.

A música de Dona Sandra é, de fato, um convite a soltar o corpo e deixar-se levar pelos ritmos que ela mistura com verve, suingue e uma dose generosa de bom humor. A artista conta que seu primeiro EP já tinha uma atmosfera sonora de boate, tipo festa mesmo, com batida eletrônica e letras insinuantes que convidam o ouvinte a cair na pista. No segundo EP eu trago mais batidas ainda do que no primeiro, mas sem perder essa vibe, essa pegada, esse alto astral, porém com um certo predomínio do tecnobrega”, detalha.

É importante que o público saiba, observa a artista, que Dona Sandra é uma identidade artística que só existe no palco. Fora dele, sem as roupas e a maquiagem extravagantes com as quais se apresenta, a drag queen abre espaço para seu criador, o publicitário Fabrício Figueiredo, de apenas 23 anos, especializado em design gráfico e marketing. “Eu uso a drag apenas para mostrar minha arte. Não sou Dona Sandra o tempo todo. E quem sou eu, de fato? Olha, sou um rapaz como outro qualquer. Há quem diga que sou até bonitinho, há quem diga que nem tanto”, ironiza.

Fabrício, que foi ator de teatro por cinco anos, conta que Dona Sandra nasceu na ribalta, em uma peça homônima – ou seja, intitulada “Dona Sandra” – dirigida por seu primo Bruno Torres. “A personagem era uma vendedora de tacacá, moradora da periferia de Belém, que tinha o sonho de virar estrela pop. Até que um dia o milagre acontece, mas somente no plano onírico, não na vida real”, conta.

Na época – virada de 2014 para 2015 –, para divulgar a peça, Fabrício destacou apenas uma cena musical do espetáculo e apresentou-a à parte sempre que encontrava ocasião.  A resposta do público foi tão boa, mas tão boa, que Dona Sandra, aos poucos, ganhou vida própria e virou o projeto artístico-musical que é agora.

 Perguntado se não é muita ousadia, em plena onda neoconservadora, investir numa identidade artística como a de Dona Sandra, com imagem pansexual, atitude e discurso provocadores, Fabrício reflete e conclui: “Acho que ser artista neste momento é carregar uma responsabilidade ainda maior. O público conservador, bem, esse não te aceita de qualquer jeito – não tem conversa. Mas quem compreende a nossa música, a nossa proposta e a nossa atitude, e muita gente compreende, pode ter certeza, não espera menos da gente. São pessoas que, como nós, querem resistir ao conservadorismo. Então vamos resistir juntos, né? E a música faz essa ponte, a música é o elo que nos une e nos fortalece numa resistência ao retrocesso que, agora, na minha opinião, é mais necessária do que nunca”, diz Dona Sandra – a face artística, ousada e criativa de um rapaz latino-americano, esclarecido e destemido, chamado Fabrício Figueiredo.

Serviço

Show: Drag no Brega

Artistas: Dona Sandra

Local: Casa do Fauno

Endereço: Rua Aristides Lobo, 1061, Reduto, Belém

 Data e hora: 26 de janeiro de 2019, sábado, 22h

Ingresso: R$ 15

 Informações: (91) 99808-2322

Da assessoria do evento.

 

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