Em entrevista a Marcelo Tas, Maitê Proença revive passado
Atriz falou sobre tragédias de sua vida, como o suicídio do irmão
Maitê Proença deu uma entrevista emocionante para o programa Provocações, de Marcelo Tas, na TV Cultura. Para começar, a atriz falou sobre o fato de ter sido demitida na Rede Globo após 37 anos na emissora. A artista já fez diversos papéis importantes na casa, como Felicidade, onde interpretou uma das Helenas de Manoel Carlos, e na segunda versão de Gabriela, onde interpretou a Dona Sinhazinha Guedes Mendonça. Seu último trabalho no canal foi em Liberdade, Liberdade, como Dionísia.
- Quem fez meu primeiro contrato foi o Boni. E eu achei que eu nunca ia sair de lá porque havia um relacionamento - apesar de ser administrado pela pessoa que mais entende de televisão no Brasil, que é o Boni - tinha uma atmosfera meio familiar. Então a gente construiu, tijolo a tijolo. Então ser mandada embora não é uma coisa muito agradável. E outra coisa que acontece ali dentro, que eu percebo, é que quem ficou tem panelas, como em todo lugar. Você gosta de trabalhar com os seus. Então, os atores dão festas, convidam os diretores, saem para comprar bolsa com diretora em Nova York... Tem uma série de coisas que eu não consigo mais fazer. Não sei qual é a política, não parece ter muito uma política.
Maitê também falou sobre as tragédias de sua vida: seu pai assassinou a mãe e, anos depois, se matou. Seu irmão adotivo, Zuza, acabou cometendo suicídio.
- Eu acho que é temperamento. Ou você se emburaca ali e fica, sentindo pena de si, achando que o mundo foi injusto com você, ou então você vê que o mundo é injusto mesmo com todo mundo. O acúmulo de pequenas tragédias diárias também é uma barra pesada, né? Vai massacrando a personalidade das pessoas. E ou você tem o negócio que te impulsiona pra frente, ou não. E eu tinha.
Ela ainda explicou como lidou com todo esse cenário caótico na época.
- Primeiro que o Zuza foi embora de casa, não aguentou. Foi embora até mesmo antes da minha mãe morrer. Estava muito pesado e ele saiu. E me sobrou um irmão pequeno, e eu tive que criar aquele irmão. O meu pai ficou louco, acabou parando em um manicômio. Não tinha muito jeito. Eu tinha muitas coisas para cuidar, e eu fui levando como eu pude.
E afirmou que se recusa a permanecer triste.
- Eu tenho horror à tristeza, porque eu a conheço profundamente. Eu não gosto dela nem um pouquinho.