'Vaquinhas virtuais' incentivam companhias de teatro
Com a dificuldade de conseguir apoio governamental, alguns artistas recorrem a financiamentos coletivos
Nesta segunda-feira (19) é comemorado o Dia do Artista de Teatro. A data homenageia todos que estão envolvidos em uma produção teatral, como diretores, dramaturgos, sonoplastas, iluminadores, responsáveis pelo cenário e figurino, entre outros. Todas essas funções são essenciais para o sucesso de um espetáculo.
Atualmente, para que alguns espetáculos aconteçam, companhias de teatro estão optando pelo financiamento coletivo, onde espectadores incentivam a cultura com contribuições em uma plataforma digital. Os custos de uma peça então são viabilizados com essa "vaquinha virtual".
A Crua Companhia de Teatro é uma delas. Desde 2016, o grupo se inscreveu em editais nacionais e internacionais do Programa de Ação Cultural (Proac) para a estreia de "Sete Crianças Judias", com texto de Caryl Churchill e direção de Vana Medeiros e Pedro Braga. Mas o grupo não conseguiu financiamento público.
Este ano, para estreia do espetáculo, o companhia optou pelo financiamento coletivo. Em menos de um mês conseguiram bater a meta para custear a produção. "É uma maneira de cobrir a ausência estatal na cultura, novamente alguém fazendo o papel do estado. Não é o ideal, mas como o artista não vive de 'divulgação', as campanhas deixam os custos menores para os coletivos e permitem que continuem produzindo. Além de aproximar o público das produções por meio das recompensas", afirma uma das fundadoras da Crua Pamela Regina.
Por meio do financiamento coletivo, a Companhia Unó de Teatro conseguiu estrear a peça "Rubro", nos palcos de Montevideu, no Uruguai. "Fomos convidado para uma mostra e parcialmente financiados pelo o evento. Também precisamos fazer o financiamento coletivo e levantamos o valor em um sarau cultural. Além de brechó e vendas de pão de mel em alguns eventos. Não tivemos nenhuma ajuda financeira da Prefeitura, por exemplo", conta Diego Pinheiro, diretor da peça e um dos fundadores da Unó.
Segundo Pinheiro, esse tipo de colaboração é muito importante para as companhias de teatro, pois quem contribui acredita no trabalho dos artistas.
O analista de marketing Renato Santos, 27 anos, é uma das pessoas que incentiva o trabalho desses artistas. Desde 2015, ele já apoiou 15 projetos por meio de plataformas digitais, sempre pensando em uma oportunidade de mudar o cenário da cultura independente. "O financiamento coletivo, mais que nunca, se torna uma ferramenta importante na contribuição da perpetuação de cultura independente, enquanto vemos o poder público indo em sentido contrário, com todos os cortes em incentivo", ressalta.