Câmara de Salvador quer acabar Carnaval na Quarta de Cinza
Projeto de lei que proíbe festas a partir das 5h da manhã da Quarta-Feira Ingrata foi aprovado na última quarta (11)
O Carnaval pode ser um pouco mais curto em Salvador em 2020. Na última quarta (11), a Câmara Municipal da capital baiana aprovou um projeto de lei que proíbe a realização de festejos carnavalescos na cidade a partir das 5h da Quarta-feira de Cinzas. A proposta tem fundamento religioso e ainda depende da sanção do prefeito ACM Neto (DEM) para virar lei.
Segundo o vereador Henrique Carballal (PV), autor do projeto, não se deve fazer Carnaval na Quarta de Cinzas considerando ser este o dia que marca o início da Quaresma. Segundo a Igreja Católica, a Quaresma - período de 40 dias que antecede a Páscoa - deve ser de resguardo. "O Carnaval é uma festa vinculada ao calendário eclesiástico. Esticá-lo para a Quarta-feira de Cinzas é fazer uma negação do que é o Carnaval. Não sou nenhum fundamentalista religioso, gosto de Carnaval, mas o que vinha acontecendo era um exagero", disse Carballal em entrevista à Folha de São Paulo.
Se virar lei, o projeto vai acabar com um tradição de 24 anos em Salvador, o Arrastão da Quarta-Feira de Cinzas. Idealizada por Carlinhos Brown, a festa coloca trios elétricos no percurso contrário ao do Carnaval, seguindo o circuito Barra / Ondina. Ivete Sangalo, Daniela Mercury e Léo Santana foram alguns dos artistas que já passaram pelo trajeto. Mas, para o vereador Carballal, não se pode comparar uma tradição de duas décadas com uma de mais de mil anos e que, embora o Estado seja laico, cabe ao Poder Pùblico reconhecer a maioria cristã. "Estamos falando de uma tradição milenar", disse.