Cineclube destaca o protagonismo da mulher no cinema

Sessões gratuitas do Cine Fem, no Sesc Ver-o-Peso, em Belém, realçam o papel feminino na direção e produção de filmes

qua, 22/01/2020 - 11:57

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“O Cine Fem é um cineclube que tem um aspecto feminista e feminino. Porque programa para a exibição, seguida de debate, filmes dirigidos por mulheres ou que possuam uma representação feminina”, diz Lorena Montenegro, organizadora do cineclube, crítica de cinema e jornalista. O cineclube é realizado no Sesc Ver-O-Peso desde meados de 2017 e conta com um público que varia de 10 a 15 pessoas por sessão.  

Lorena acredita que o Cine Fem possui um papel pedagógico. Foi um dos cinco projetos nacionais comtemplados, em 2018, pelo Núcleo de Cinema do Sesc. Isso é um incentivo ao projeto, que recebe uma verba maior para comprar os direitos de exibição dos filmes, já que as sessões são gratuitas, além de preencher uma lacuna no que se refere à exibição de filmes dirigidos por mulheres em Belém.

Para a coordenadora de audiovisual do Sesc Ver-O-Peso, Carol Abreu, a necessidade de se trabalhar o protagonismo e estimular o empoderamento feminino foi o ponto chave para a criação do Cine Fem. “Geralmente, a gente recebe um catálogo do Cine Sesc, que tem entre 36 a 40 filmes. A partir disso, eu faço uma triagem dos filmes que são dirigidos por diretoras ou de filmes que têm histórias de mulheres. Então organizamos de acordo com a mostra que é feita no mês. Sempre escolho um filme que trate sobre a relação da mulher", disse.

Na primeira sessão do Cine Fem foi exibido “Garota sombria caminha pela noite” e na última, “A juíza”. Em “Garota sombria caminha pela noite”, a personagem principal e a diretora são mulheres. O filme tem um forte discurso feminista e discute a inversão de poderes entre homens e mulheres. Além desses filmes, também entraram em cartaz “Na praia à noite sozinha” e “Uma lagartixa no corpo de mulher”.

Cristina Senna, frequentadora do Cine Fem, considera interessante a perspectiva de um cinema que discute a questão de gênero. “Gostei da mediadora ser a Lorena porque é bastante atuante. Não só na questão cinematográfica, mas também por ser uma pessoa ativista nessa linha do empoderamento feminino”, diz. Ela conta que se sente estimulada a continuar a luta diária como mulher.

Independentemente de o cineclube ser voltado para mulheres, existem homens que participam. O cineclubista Bruno dos Anjos acredita que essa iniciativa contribui para que ele seja um homem melhor e aprenda a se colocar no lugar da mulher. “Essas iniciativas deveriam entrar mais na realidade do Brasil. Para muitas pessoas, não é comum ir ao cinema, pois elas ficam nos centros urbanos e o restante da cidade fica à margem desse processo. Mesmo os filmes que são considerados de sucesso, tanto brasileiros como internacionais, não conseguem atingir essa parte da população”, explica o jovem.

“O objetivo do debate é difundir a cultura cinematográfica. Toda atividade cineclubista existe não só para que as pessoas tenham acesso ao cinema, mas para que haja fluidez de se entender os filmes por outros vieses”, explicou Lorena. Ao final das exibições são realizados debates sobre o filme. As discussões são em cima do tema, do custo, da visão da diretora. Cristina conta que nos filmes quais assistiu no cineclube, só conseguiu entendê-los melhor depois do debate.

O Cine Fem já teve mais de 10 exibições. A programação pode ser encontrada na página do Facebook (/sescpara/), no site (www.sesc-pa.com.br/) ou no guia disponibilizado pelo Sesc. As sessões são gratuitas.

Por Bruna Oliveira.

 

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