Fotos remotas: solução para mães que adoram registrar tudo

Novo modelo de fotografia tem garantido que gestantes e mães de recém nascidos não percam esse momento único de suas vidas

por Paula Brasileiro dom, 10/05/2020 - 08:00
Reprodução/Instagram/Michelle Rafael As fotógrafas Tainá Frota e Michelle Rafael aderiram ao novo formato de ensaio à distância. Reprodução/Instagram/Michelle Rafael

Mães adoram registrar cada momento vivido na maternidade. Da gestação, passando pelo crescimento dos rebentos, até aniversários e festinhas escolares, tudo merece ser bem guardado na memória - esta repórter o diz com conhecimento de causa por ser mamãe também - e não há melhor forma de fazê-lo que não por meio da fotografia. Em tempos de pandemia, um dos passatempos prediletos das mães poderia ter sido fatalmente prejudicado não fosse a astúcia e a capacidade de se reinventar dos profissionais da área que, com muita criatividade e uma forcinha da tecnologia, estão realizando ensaios à distância. 

Parece consenso entre os que aderiram à nova técnica de retratar as pessoas que o precursor desse novo estilo de ensaio tenha sido o fotógrafo italiano Alesso Albi. Com a rápida disseminação da pandemia do novo coronavírus, que tomou praticamente o mundo inteiro, os colegas de profissão de Albi logo foram seguindo a tendência, se reinventando e criando novos formatos e fazeres da sua fotografia.

No Brasil, profissionais dos quatro cantos do país já estão oferecendo o serviço. Para gestantes e mamães de recém nascidos, principalmente, este chega como um alento porque nesses casos, não haveria como marcar uma sessão de fotos para depois. O fotógrafo Jorge Bispo registrou à distância a apresentadora Titi Müller, grávida de seu primeiro filho, e o resultado encantador comoveu não só a ela como a seus seguidores: “Obrigada @jorgebispo por registrar esse momento tão louco e potente. Tudo meio improvisado, tudo muito criativo, e assim a gente vai”, postou. 

Foto: Reprodução/Instagram Titi Müller

A preocupação em não deixar a clientela ‘órfã’ também motivou a fotógrafa paulista Michelle Rafael. Ela transformou a novidade no projeto Home Sweet Dream e além de manter-se na ativa, também se deparou com a possibilidade de atender a clientes de outras localidades. “As mães de primeira viagem querem aquele registro e a minha forma de poder ajudar um pouquinho. Tá todo mundo em casa, há muito tempo, mas pelo lado positivo as famílias estão todas juntas e é um bom momento pra gente registrar essa reunião familiar, essas pequenas reuniões familiares que muitas vezes na correria do dia a dia passa. Uma das dificuldades que meus clientes têm é juntar todo mundo, pais, filhos, avós,  então é uma boa oportunidade pra conseguir isso também”.

Tainá Frota, fotógrafa de Brasília, também tem apostado no novo modelo de trabalho como uma forma de manter-se ligada aos clientes, além de proporcionar-lhes o registro desse período único. “Senti a necessidade urgente de me manter conectada às pessoas, encontrando uma maneira especial de enviar meu afeto e também de deixar marcado imageticamente esse tempo tão desafiador na vida de todos nós”. A profissional também aponta a “viabilidade  de execução de um registro fotográfico” durante a quarentena como um dos ganhos do formato. “Será para sempre um registro verdadeiramente único na vida dessas pessoas”.

Trabalho compartilhado

Fotos: Reprodução/Instagram Michelle Rafael (@mrfotografia)

A fotografia à distância traz novas possibilidades ao olhar de cada profissional mas também desafios e limitações. A parte física do processo, relativa a equipamentos e ao uso das tecnologias disponíveis, como conexão de internet, demandam um outro tipo de esforço, que é compartilhado entre fotógrafo e cliente. As fotos são feitas durante vídeo chamadas, através de aplicativos como facetime e Zoom e os fotografados precisam ir além das poses para que a sessão aconteça. “(A maior dificuldade é) a dependência de uma segunda pessoa para mover a câmera, ou deixá-la parada e a limitação de movimentação”, diz Tainá.

Mas, para além da dificuldade, a experiência pode ser de muita diversão e é o que tem acontecido durante as fotos. Como relata Michelle: “De uma certa maneira, o cliente também vira fotógrafo. Eu vou direcionando, como num ensaio normal, mas a diferença é que alguém do outro lado vai ter que fazer isso, colocar o celular nos lugares ou segurar em um ângulo conforme eu vou falando, então é uma oportunidade também pro outro lado sentir um pouco como é ser fotógrafo, é uma experiência super divertida”. 

Os resultados têm surpreendido, não só às fotógrafas como aos clientes . “A grande maioria se surpreende. Elas (as pessoas) não acreditam que vai ficar tão bom (o ensaio) e fica no final, é bem legal isso”, diz Michelle. Tainá complementa: “Tenho me surpreendido diariamente com o resultado das imagens e com a experiência de interação das pessoas. Os depoimentos e agradecimentos dos clientes são sempre muito emocionantes pois é um respiro no meio dessa situação tão angustiante que estamos vivendo”. 

Fotos: Reprodução/Instagram Tainá Frota (@tainafrota)

Futuro da fotografia

Desde Henry Talbot e Louis Daguerre - dois dos criadores da fotografia, no princípio do século 19 - a fotografia tem se reinventado e se modernizado com o passar do tempo. O avançar da tecnologia possibilitou à fotografia tornar-se mais acessível e próxima até mesmo dos não-profissionais e agora, a pandemia do novo coronavírus parece estar proporcionando um novo salto para essa arte. É o que acredita Michelle: “É uma ideia muito bacana, não só para agora, mas talvez, até para o futuro seja uma nova forma de interação com a fotografia, porque às vezes eu vejo que tem clientes distantes que gostariam de fazer mais coisas e a distância atrapalha”, diz a fotógrafa. 

 

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