Autores apresentam retrato de Belém em obras literárias

Escritores criam enredos em cenários da capital paraense e ajudam a divulgar cultura, tradição e personagens da cidade

ter, 11/01/2022 - 09:23

A cidade de Belém tem sido retratada na literatura em diversos gêneros. O desenvolvimento de histórias na capital teve um crescimento nos últimos anos, com livros inspirados em ambientes, na cultura e nos personagens, reais e fictícios, da capital paraense.

Diversos são os autores que fazem parte do acervo de livros focados na cultura do Estado. A escritora e jornalista Iaci Gomes, de 29 anos, faz parte desse núcleo de novos autores interessados em colocar nas páginas de livros a vivência em Belém misturada com ficção.

Nascida no Mato Grosso e paraense de coração, a autora lançou no ano de 2021 o livro "Nem Te Conto", reunião de contos de terror que têm como cenário Belém e outras regiões do Pará. A autora disse que escolheu o gênero terror para mostrar a cultura da região amazônica em uma categoria literária ainda não muito comum.

“Eu sou muito fã de terror. É um gênero que desde pequena me atraiu. Eu acho que o terror abre tanta possibilidade para nós. Não só o terror, mas o realismo mágico, o realismo fantástico, que são os gêneros de que eu gosto muito e que estão no 'Nem Te Conto'”, destacou.

A publicação da obra recebeu muito apoio e despertou o interesse de pessoas de outros Estados. “Foi uma surpresa muito legal. Eu já recebi alguns feedbacks. 'Eu quero muito visitar'. 'Eu quero conhecer o Utinga. 'Eu quero conhecer esse lugar que tu falas aí no livro'”.

Ainda de acordo com Iaci, a produção de conteúdos da cultura regional impulsiona o interesse do público paraense e de outras partes do país a conhecer e valorizar Belém do Pará e os demais municípios. “É uma chance de a gente mostrar para os jovens que ainda há muita cultura. Tem gente fazendo cultura sobre Belém, criando histórias e criando música. É uma cidade que está em constante desenvolvimento”, acrescentou Iaci Gomes.

Além de revelar os talentos da literatura paraense, livros são um refúgio em meio a situações difíceis, principalmente com a pandemia, ressaltou a escritora. “Procure escritores paraenses, procure editoras paraenses e valorize. Se você não puder comprar, compartilhe. A gente que lança livros independentes, a gente sabe o quanto um compartilhamento em rede social já ajuda muito”, pontuou.

Com 50 anos de literatura e teatro paraense, o escritor Edyr Augusto Proença escreveu sua primeira peça de teatro aos 16 anos. Desde então, tem dedicado a vida a escritos sobre Belém e regiões paraenses. São mais de 30 textos teatrais e 17 livros publicados. As obras do escritor contemplam poesia, crônicas, contos e romances.

Conforme explica Edyr, escrever sobre a própria terra lhe permite apresentar um novo cenário aos leitores. "Escrevo sobre minha cidade porque moro aqui. É o meu cenário que ofereço ao público", afirmou.

A falta de incentivo educacional é um problema que impede jovens de conhecer autores paraenses, acrescenta o autor. Segundo Edyr, o baixo rendimento de leitura dificulta a maneira de se expressar, e ainda há a preferência por livros estrangeiros.

“Os poucos que leem preferem comprar livros de autores internacionais e esses best-sellers estão sempre nas melhores prateleiras, onde, com exceção da livraria Fox, não há paraenses. Recomendo a audácia de comprar [livros regionais], ler e depois considerar se devem ler outro. Garanto que vão gostar”, finalizou o escritor.

Por Quezia Dias.

 

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