Escritor paraense produz biografia do poeta Ruy Barata

Na última terça-feira (24), Denilson Monteiro compartilhou suas técnicas de escrita e falou de questões literárias na Casa das Artes, em Belém

seg, 30/05/2022 - 15:58
Clóvis de Senna/LeiaJáImagens Biógrafo de Ruy Barata, Denilson Monteiro escreveu a biografia de Chacrinha Clóvis de Senna/LeiaJáImagens

A roda de conversa promovida pela Casa das Artes, na última terça-feira (24), por meio da Fundação Cultural do Pará, contou com a presença do escritor Denilson Monteiro, que esteve em Belém com o objetivo de concluir pesquisas e entrevistas para o novo livro que está escrevendo, "Ruy Barata, uma biografia”. Denilson é paraense e vive no Rio de Janeiro. O trabalho está sendo produzido desde 2020.

“Esse livro estava previsto fazer parte das programações centenárias do Ruy Barata, em 2020. Agora já tem boa parte escrita, eu precisei vir aqui pra Belém porque não teria sentido terminar o livro sem passar pelos locais por onde ele passou e visitou”, ressalta o escritor.

Em sua obra, Denilson vai abordar os primeiros anos da vida de Ruy Barata, o convívio com a elite de Belém, sua vida em família, o interesse pela política como oposição à ditadura Vargas no Estado Novo e a seu interventor no Pará, Magalhães Barata, a eleição e mandato como deputado federal, a perseguição e as prisões durante a ditadura militar. Também fala de poesias e da parceria musical com o filho, Paulo André Barata, que resultou em várias composições de sucesso.

Ruy Barata nasceu em Santarém, Pará, em 25 de junho de 1920 e morreu em 23 de abril de 1990, em São Paulo. Mudou-se para Belém aos 10 anos, para estudar. Foi professor de Literatura da Universidade Federal do Pará (UFPA), historiador, advogado, político, jornalista e poeta. Iniciou a faculdade de Direito em 1938 e, por influência do pai, Alarico Barata, aos 26 anos entrou na política. Sua trajetória política é refletida em diversos poemas e estudos, como “Me trae una Cuba Livre/Porque Cubra libre está”.

Seu primeiro livro de poemas foi publicado em 1943, chamado de “Abismo dos Medos”, com apoio do poeta e romancista paraense Dalcídio Jurandir. Casou-se com Norma Barata, com quem teve sete filhos. Entre eles, Paulo André Barata, seu parceiro em várias canções, como “Pauapixuna”, “Esse Rio é Minha Rua” e “Foi Assim”. Essas se tornaram clássicos da MPB e foram interpretadas por vários cantores paraenses, como Fafá de Belém, que levou a obra do artista para todo o país.

Suas ricas obras inspiram e se encontram presentes até hoje nas mais variadas manifestações culturais. Em dezembro de 2020, comemorando o centenário do poeta, o Governo do Pará criou o “Ano Cultural Ruy Barata”, que compreende todas as manifestações culturais promovidas no Estado do Pará neste ano. Um ano antes, em 2019, Denilson foi convidado e iniciou sua pesquisa e escrita sobre o poeta.

O escritor conta que Ruy Barata era contra a exploração do homem e preocupado com as injustiças sociais e causas ambientais, especialmente na Amazônia. “Era um homem que, muito tempo antes de se falar, de se ter essa coisa da ecologia, já tinha uma preocupação com a devastação da Amazônia e, por conta disso, já era chamado de comunista mesmo antes de ser. Depois, ele, realmente, entrou para o Partido Comunista Brasileiro – PCB – e foi perseguido pela ditadura cívico-militar, foi impedido de fazer uma das coisas que ele mais gostava na vida, que era lecionar”, relata.

Denilson também ressalta sobre a vida boêmia do poeta e sua capacidade de envolver-se com os que estavam ao seu redor, independentemente da faixa etária, tratando todos de igual para igual. “Ele era uma figura muito importante, tanto que você vê busto e estátua pela cidade; terminal hidroviário com o nome dele. Ele tinha uma letra dele dizendo: ‘Eu sou de um país que se chama Pará’. Ele tinha orgulho de ser paraense”, diz.

Denilson Monteiro nasceu em 1967, em Belém. É autor das obras “A bossa do lobo: Ronaldo Bôscoli” (2011), biografia do jornalista e compositor Ronaldo Bôscoli; “Divino Cartola: uma vida em verde e rosa” (2013), fotobiografia do compositor Cartola; e “Chacrinha: A Biografia” (2014).

Por Amanda Martins, Juliana Maia, Lívia Ximenes e Clóvis de Senna (sob a supervisão do editor prof. Antonio Carlos Pimentel).

 

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