Livro registra universo poético das periferias amazônicas

“Amazina, poemas de chuva” é a primeira incursão da antropóloga e pesquisadora paraense Marcilene Silva da Costa na poesia

ter, 14/06/2022 - 15:25

Trazendo registros da observação do mundo ao seu redor, a doutora e mestra em Antropologia Marcilene Silva da Costa lança o seu livro de estreia no mundo da poesia, nesta quarta-feira (15). “Amazina, poemas de chuva”, publicado pela Editora Folheando, carrega o olhar da autora sobre os modos de existência das populações periféricas da Amazônia brasileira.

Marcilene começou a organizar a obra durante a primeira onda da pandemia da covid-19, época em que morava em Toulouse, na França. Longe da família e com as fronteiras fechadas, a antropóloga retomou a forma de escrita que mais a agrada – a poesia. “Sentia urgência de registrar a forma como observava o mundo. A obra representa eu me assumir como escritora e perder a vergonha de mostrar meus textos”, revela.

Também pesquisadora, natural de Santa Isabel do Pará, Marcilene explica que a obra apresenta as populações amazônicas de maneira humanizada e que abordá-las é um jeito de mostrar a pluralidade delas, a partir da perspectiva de uma autora que nasceu no interior. Marcilene conta que também desejava mostrar personagens e enredos que conheceu na infância através de histórias que sua mãe contava.

Marcilene diz que a poética de "Amazina" tem origem africana e celebra a vida e a beleza presente em cada um de nós. Segundo ela, o escritor congolês Jean Kabuta realizou um estudo comparativo de literaturas orais e identificou uma narrativa descritiva de experiências de vida como forma autêntica de conhecimento, que consiste na interação entre escrita e oralidade. 

“A prática inspirou bastante minha escrita, visto que o autor me tocou muito quando afirmou que devemos criar poesias confiando em nós mesmos e também nas pessoas que nos rodeiam sem competições sociais”, complementa Marcilene.

A autora relata que a parte do processo de produção do livro da qual mais gostou foi repassar os poemas que escreveu para o computador. Marcilene trabalha escrevendo as ideias e o tema dos poemas nos vários cadernos de anotações que possui. “Também gostei muito do momento de retorno da leitura dos textos. Eu decidi trabalhar com leitoras beta (leitor beta é a pessoa que lê um livro em primeira mão, antes da publicação). Escolhi quatro mulheres para lerem e criticarem a obra antes da produção final”, conta.

Marcilene também revela o que espera a partir do lançamento do seu livro e quais resultados pretende que ele atinja. “Que mais autoras com fenótipo semelhante ao meu e de origem das classes populares escrevam e publiquem livros”, finaliza.

Sobre a autora

Marcilene Silva da Costa é natural de Santa Isabel do Pará, uma cidadezinha na qual o improvável e fictício são vividos e celebrados no cotidiano. Gosta de lidar e brincar com palavras. Acredita e trabalha pela democratização da leitura e escrita como direito fundamental para populações marginalizadas. Pesquisa e ensina sobre racismo, opressões interseccionais e descolonização do pensamento. Doutora em Antropologia pela Universidade de Toulouse, França, e mestra em Antropologia pela Universidade Federal do Pará, Brasil, é do Norte e está no Norte. Atualmente, mora em Montreal, Canadá.

Serviço

Lanlamento de "Amazina, poemas de chuva".

Data: 15 de junho de 2022.

Hora: 19 horas.

Local: Sede da Academia Izabelense de Letras, Colégio Antônio Lemos.

Endereço: Avenida Antônio Lemos, Santa Isabel do Pará, 68790-000.

Compre o livro aqui: Editora Folheando.

Contato e informações:

 E-mail: ezili.marci@gmail.com

Instagram: @marciezili (https://www.instagram.com/marciezili/?hl=fr)

 

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