Benedito da Macuca, um dos grandes nomes da cultura pernambucana, está completando 72 anos. Considerado um dos grandes pilares da música nordestina, o ilustre morador de Olinda pretende celebrar o novo ciclo pela harmonia potente e arrabatadora de sua sanfona.

Para festejar a data, com muita arte e resistência, os familiares de Seu Benedito estão preparando uma celebração especial. Uma mobilização está sendo feita para que o aniversário do sanfoneito aconteça no próximo dia 19, sexta-feira. A ação voluntária visa arrecadar dinheiro para exaltar a importância do instrumentista no convívio daqueles que admiram sua trajetória.

Som na calçada

Benedito da Macuca é conhecido por mostrar no palco a competência do seu ofício. Em frente de sua casa, na Rua do Amparo, em Olinda, ele encanta muita gente ao sentar na calçada para tocar sua inseparável sanfona. Com 60 anos de carreira, Seu Benedito já viu sua arte ser ameaçada.

Em 2017, o músico chegou a ser proibido de tocar seu instrumento na porta de sua residência por meio de uma notificação da Prefeitura. Na ocasião, Seu Benedito correu o risco de ter o material de trabalho apreendido.

Dona Anísia Gomes, esposa de Benedito da Macuca, lamentou a dimensão do imbróglio. "A gente sempre tocou aqui, com a rua cheia, e nunca teve essa proibição tão drástica assim", declarou. A produtora do artista também disse que não havia gostado da forma que o fiscal falou com o esposo.

"Ele não estava falando com um maloqueiro, Benedito é reconhecido como mestre da cultura nordestina. [...] Eu acho que cultura popular é cultura de rua. Se eu fosse um governante eu apoiaria e daria o incentivo. Tem que ver qual é o tipo de cultura que Olinda merece. Vamos deixar Olinda perder o título de Capital da Cultura para virar esse cemitério?", explicou Anísia.

Na época, a Prefeitura de Olinda entrou em contato com o LeiaJá dizendo o seguinte: "Aproveitamos para informar que a atual gestão tem se debruçado com muito empenho na valorização da cultura da cidade. A propósito, reuniões estão sendo realizadas pela prefeitura com todos os segmentos que compõem o Sítio Histórico para dialogar, de forma democrática, sobre o uso e ocupação do solo dentro dos preceitos embasados na harmoniosa convivência entre o poder público e a sociedade".