Comandando um dos melhores times do Brasil, o Internacional – o Sport sentiu a força do Colorado na partida do último domingo (24), quando perdeu por 2x0, na Ilha -, o técnico Dorival Júnior concedeu uma entrevista a Leo Medrado, âncora do programa Jogo Rápido, que você acompanha todas as segundas-feiras no Portal LeiaJá.

Com a mesma educação que mostrava nos tempos de Sport, quando dirigiu o clube em 2006, Dorival Júnior falou, entre outros assuntos, dos bastidores da sua profissão, do papel da imprensa, da sua saída do Santos após um atrito com Neymar, sobre o Sport e o atacante Gilberto, ex-Santa Cruz, que integra o elenco do Inter.

Confira os principais trechos:

Profissão

Temos uma classe extremamente desunida, traiçoeira. Diretores recebem ligações de outros treinadores se colocando à disposição, mesmo com esse clube estando com um treinador desenvolvendo um trabalho.  Aconteceu isso comigo não só no Inter, como no Cruzeiro, Santos e Sport. É uma classe que não se respeita e aí vamos cobrar respeito de quem?

Imprensa

Infelizmente, de um modo geral, a imprensa nacional está caminhando para uma situação que está difícil para qualquer profissional trabalhar. As pessoas não dão tempo, cobram em cima de um resultado. Não observam o que está sendo desenvolvido ao longo da semana para que seja emitida uma opinião com embasamento. Virou uma marca da imprensa, ser combativa, agressiva e pessimista.  Ela poderia ir por outro caminho. É preciso tempo para se desenvolver e analisar um trabalho. No Brasil, quem começa um trabalho não tem a chance de ver o resultado.

Neymar

Houve uma alteração muito brusca na vida do Neymar, de promessa ele passou a ser a grande estrela do Santos em um espaço curto de tempo. Aonde o ônibus do Santos parava, a impressão é que os Beatles estavam chegando, devido à quantidade de gente ao redor.  E a gente foi percebendo um reação um pouco diferente dele. Já tinha conversado com ele umas três vezes antes daquele episódio (os dois discutiram na hora da cobrança de um pênalti e logo depois, Dorival deixou o Santos). Mas não ficou nenhum resquício daquele episódio. Já falei com ele várias vezes e acredito que tudo isso foi importante em termos de amadurecimento para o Neymar.

Categorias de base

O Brasil ainda não aprendeu a formar nem a vender seus jovens jogadores. As divisões de base precisam ter grandes profissionais trabalhando fundamentos com a garotada. A grande maioria joga uma bola no meio do campo e pronto. Esse é o maior vício do trabalho de base no Brasil. E está custando caro. Um jogador que poderia ser vendido por 15 milhões de euros sai para o mercado exterior por muito menos.

Gilberto (ex-Santa Cruz)

Vários clubes me ligaram, como Náutico, Sport, Bahia, Ceará e Coritiba, para contratá-lo. Ele ficou sabendo, pois nunca vou impedir de o jogador saber de sondagens de outros clubes. Mas Gilberto está evoluindo, está mais focado dentro daquilo que objetiva na carreira. É um garoto que tem qualidade e espero que ele aproveite essa oportunidade no Inter.

Sport

Tenho falado constantemente com gente do Sport e ex-jogadores e tenho um carinho muito grande, como pelos outros clubes que passei. Foi uma passagem importante na minha carreira.