Diretor nega corrupção na escolha da Copa de 1998
Segundo o executivo, a candidatura da França era mais forte que a dos demais candidatos
O responsável pelo Comitê Organizador da Copa do Mundo de 1998 na França, Jacques Lambert, afirmou nesta quinta-feira que a Federação Francesa de Futebol (FFF) não pagou suborno para obter o direito de sediar o evento. Em entrevista ao jornal Le Parisien, o ex-homem forte do torneio, hoje responsável pela organização da Eurocopa de 2016, refutou as alegações da investigação do FBI de que as decisões sobre as competições de 1998, na França, e 2010, na África do Sul, teriam sido influenciadas pelo pagamento de propinas.
Lambert não fazia parte da equipe da candidatura da França à Copa do Mundo, mas trabalhou em estreito contato com Fernand Sastre, então ex-presidente da FFF e membro da equipe organizadora. "Sastre jamais teria se prestado a tais malversações", argumentou.
Segundo o executivo, a candidatura da França era mais forte que a dos demais candidatos, a Suíça e o Marrocos. Ele afirmou que a equipe de candidatura, liderada por Sastre, que já havia deixado o comando da FFF, teria de fato ido ao encontro de Jack Warner, ex-vice-presidente da Fifa e ex-presidente da Concacaf e um dos pivôs do escândalo que derrubou Joseph Blatter, para pedir seu voto de apoio.
Em troca, ouviu como exigência que a França disputasse um jogo amistoso contra a seleção de seu país, Trinidad e Tobago, às vésperas da Copa do Mundo de 1994. De acordo com Lambert, mesmo essa contrapartida não poderia ser assegurada por Sastre porque ele havia deixado a presidência da federação.
A versão de Lambert não desmente as investigações em curso do FBI. A polícia federal norte-americana indica que Warner teria sido subornado para decidir seu voto para a definição da sede de 1998, mas não diz que país teria pago o suborno. Há suspeitas de que a candidatura de Marrocos teria pago propina para tentar conquistar o direito de realizar o Mundial de 1998.
O trecho do depoimento de Chuck Blazer, ex-executivo da Fifa que colabora com as investigações, não deixa claro qual país teria pago propina. "Durante minha colaboração com a Fifa e a Concacaf, eu negociei com outras pessoas por volta de 1992 para facilitar a aceitação de propina para a seleção do país-sede para a Copa de 1998", disse Blazer no depoimento.