Baianos brilham em dia de conquistas inéditas para o país

qua, 17/08/2016 - 09:40
YURI CORTEZ                         Robson Conceição comemora o ouro no boxe YURI CORTEZ

O Brasil conquistou mais medalhas nessa terça-feira (16), graças ao talento de dois baianos: Robson Conceição, ouro na categoria peso leve do boxe, e Isaquias Queiroz, prata no C1 1000 da canoagem.

Robson, de 27 anos, se tornou o primeiro campeão olímpico do país no boxe, depois de vencer o francês Sofiane Oumiha na decisão. Já Isaquias ganhou simplesmente a primeira medalha da história do Brasil na canoagem. Outras podem vir, já que o jovem de 22 anos participa de outras duas provas, o C1 200 e o C2 1000, com Erlon de Souza.

Na vela, Robert Scheidt passou perto de somar sua sexta medalha olímpica, mas acabou ficando em quarto da classe Laser, apesar de ter vencido a última regata.

Nos esportes coletivos, o dia foi marcado pela desilusão das seleções femininas de futebol e handebol, ambas apontadas como favoritas. Marta e companhia perderam nos pênaltis para a Suécia, para a tristeza da torcida que lotou o Maracanã, mas terá pelo menos a oportunidade de brigar pelo bronze. Já o handebol feminino caiu nas quartas de final, com derrota para a Holanda, e grandes destaques da seleção campeã mundial em 2013, como Dara e Dani Piedade, se despedem sem realizar o sonho da medalha olímpica.

A equipe masculina de polo aquático, que vinha surpreendendo nesses Jogos, também caiu nas quartas, derrotada pela Croácia, país de origem do técnico da seleção verde-amarela, Ratko Rudic, considerado uma lenda do esporte.

No vôlei de praia Larissa e Talita deram adeus ao sonho do ouro olímpico, com derrota para uma dupla alemã nas semifinais, mas Alison e Bruno Schmidt conseguiram se classificar para a decisão.

- A FAÇANHA

Quatro anos depois de Esquiva Falcão bater na trave, em Londres-2012, Robson Conceição enfim conquistou a primeira medalha de ouro do Brasil no boxe olímpico. Antes dele, outros quatro pugilistas haviam subido ao pódio, mas nunca no lugar mais alto. Além da prata de Esquiva, seu irmão, Yamaguchi Falcão tinha levado o bronze na capital inglesa, assim como Adriana Araújo. O pioneiro foi de Servílio de Oliveira, com outro bronze na Cidade do México-1968.

Depois de cair logo na primeira luta em Pequim-2008 e Londres-2012, nas duas oportunidades em combates contra pugilistas da casa, o baiano acabou se consagrando no seu país.

- A DECEPÇÃO

Um dia depois de Thiago Braz alcançar uma das maiores façanhas da história do esporte brasileiro, com o ouro e recorde no salto com vara, a principal expoente da modalidade no país sofreu mais uma desilusão olímpica. Em Pequim-2008, ela foi prejudicada pelo sumiço de uma das suas varas. Em Londres-2012, foi o vento que atrapalhou. Desta vez, uma hérnia de disco diagnosticada poucas semanas antes dos Jogos acabou com o sonho da campeã mundial de 2011 de subir pela ao pódio em casa, na sua última olimpíada.

- AS FRASES

"Estou sonhando, não quero acordar deste sonho, mas vamos botar a cabeça no lugar e ver como fica daqui para frente", se emocionou Robson Conceição, depois de conquistar o ouro olímpico.

"Infelizmente, hoje meu sonho ficou para trás. Toda a equipe estava motivada para conquistar essa tão sonhada medalha olímpica. Mais uma vez as quartas de final tiraram o nosso sonho. Só desejo a todas aquelas que continuarem que deem seu melhor, seu coração de verdade para a modalidade", pediu Dani Piedade, de 37 anos, depois de disputar sua última partida com a camisa da seleção brasileira de handebol.

"Essa medalha de prata, para mim, tem gosto de ouro. É uma batalha, uma luta diária mesmo, que venho trilhando há muitos anos", afirmou Isaquias Queiroz, feliz da vida com o vice-campeonato na prova de C1 1000 da canoagem.

- A HISTÓRIA

Um dos momentos marcantes da quinta noite de atletismo no estádio Olímpico Nilton Santos foi o hino brasileiro executado em honra de Thiago Braz, na cerimônia de premiação na qual recebeu sua medalha de ouro do salto com vara. Antes disso, porém, um outro som nada agradável foi ouvido pelo vice-campeão da prova, o francês Renaud Lavillenie, alvo de sonoras vaias, como aconteceu na véspera, quando protagonizou um duelo antológico com o brasileiro.

O francês Lavillenie foi muito criticado por ter falado em entrevistas a emissoras de TV, logo depois da prova, que se sentia como Jesse Owens, negro americano que competiu diante de Hitler nos Jogos de Berlim-1936. O recordista mundial indoor (6,16 m) pediu desculpas depois por essas declarações, mas reiterou ter ficado incomodado com a falta de "fair play" da torcida brasileira, que segundo ele, "feriu o espírito olímpico".

Nesta terça-feira, Thiago fez até sinal com os braços para pedir para o público parar de vaiar, mas foi apenas parcialmente atendido.

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