Jamaicana Thompson fecha dobradinha histórica

Ela venceu os 200 metros dos Jogos do Rio, somando mais uma medalha de ouro, quatro dias depois de ter triunfado nos 100 m

qui, 18/08/2016 - 09:08
OLIVIER MORIN Elaine Thompson cruza a linha de chegada dos 200m OLIVIER MORIN

Seguindo os passos do compatriota Usain Bolt, a jamaicana Elaine Thompson voltou a brilhar nessa quarta-feira (17), ao vencer a prova dos 200 m dos Jogos do Rio, somando mais uma medalha de ouro, quatro dias depois de ter triunfado nos 100 m.

O 'Raio' terá a oportunidade de fechar essa dobradinha pela terceira vez na quinta-feira (18), depois de se classificar com o melhor tempo para a final dos 200 m (19.78), sua prova predileta. A grande novidade é que, desta vez, o superastro não terá que competir com seu maior rival, Justin Gatlin, que obteve apenas o nono tempo entre os semifinalistas.

O americano, que ficou com a prata nos 100 m, no último domingo, oito centímetros atrás de Bolt, a eliminação com uma dor no tornozelo que arrasta há meses. "Eu senti uma dor no tornozelo direito. Eu torci esse tornozelo em novembro e isso me perseguiu a temporada. Hoje a noite, não pude correr a 100%", revelou o veterano de 34 anos, que no ano passado foi vice-campeão mundial dos 200 m, novamente atrás de Bolt.

Enquanto isso, o jamaicano se divertiu muito na pista do Engenhão. Como costuma fazer nas fase eliminatórias, o astro desacelerou nos últimos metros, mas viu o jovem canadense Andre De Grasse, medalhista de bronze dos 100 m, chegar à sua altura.

Com sorriso estampado no rosto, fez sinal de 'não' com o dedo e deu mais uma arrancada para garantir a vitória na sua bateria, dois centésimos à frente do canadense.

Thompson imita Griffith-Joyner

Na prova feminina, também houve um duelo entre grandes atletas, com lesão envolvida. No último sábado, Dafne Schippers ficou apenas em quinto lugar dos 100 m e tinha reclamado de dores na virilha. Nos 200 m, sua prova mais forte, a holandesa queria conquistar o ouro olímpico um ano depois do seu título mundial, em Pequim-2015, mas não foi páreo para a nova rainha jamaicana.

Medalhista de prata na capital chinesa, Thompson deu o troco na holandesa e se tornou a primeira mulher a completar a dobradinha 100-200 m desde a americana Florence Griffith-Joyner, em Seul-1988. "É muito especial para mim, porque passei minha infância assistindo às corridas de Veronica Campbell e Shelly-Ann Fraser (outras grandes velocistas jamaicanas). Competir contra Dafne é sempre uma batalha", comemorou a nova campeã.

O bronze foi para a americana Tori Bowie (22.15), que já havia levado a prata nos 100 m.

A noite também foi de festa para os Estados Unidos, que emplacaram três atletas no pódio dos 100 m com barreiras. Brianna Rollins levando o ouro, com tempo de 12.48, Nia Ali, a prata (12.59), e Kristi Castlin (12.61), o bronze.

O domínio das americanas nesta prova é tamanho que a recordista mundial da distância, Kendra Harrisson (12.20), sequer conseguiu a classificação olímpica por ter ficado pelo caminho nas seletivas do país. "Eu não sentia pressão e sabíamos que tínhamos o potencial para alcançar uma façanha como essa. Falamos sobre isso antes da prova, mas nem tanto. Só queríamos nos manter focadas e mostrar o quanto a nossa equipe é forte", relatou Rollins.

Klishina na indiferença geral

As americanas também brilharam no salto em distância, com ouro e prata para Tianna Bartoletta (7,17 m) e Brittney Reese (7,15). A sérvia Ivana Spanovic (7,08 m) completou o pódio. Atleta muito versátil, Bartoletta, de 30 anos, também é uma excelente velocista. Há quatro anos, na capital inglesa, ela fez parte do revezamento 4x100 m campeão olímpico que quebrou o recorde mundial.

Na indiferença geral do público, que veio em número bem maior do que nas últimas duas noites, certamente seduzidos pelo apelo de Bolt, Darya Klishina, única russa autorizada a competir em provas de atletismo no Rio, ficou em nono lugar (6,63 m).

A loira de 25 anos foi repescada de última hora, em meio ao escândalo de doping que abala seu país. "Sei que posso saltar mais longe, mas eu não treinei na semana passada porque foi duro mentalmente esperar pela decisão", afirmou a russa, que ficou pendente do veredito do Tribunal Arbitral do Esporte após a IAAF voltar atrás da decisão de repescá-la.

Mais cedo, na sessão da manhã, o queniano Conseslus Kipruto levou ouro na prova de 3.000 metros com obstáculos, batendo o recorde olímpico (8:03.28).

Esta quarta-feira de atletismo foi bastante positiva para o Brasil, com a classificação de Wagner Domingos, o Montanha, para a final do lançamento de martelo, e o ótimo nono lugar de Luiz Alberto Araújo depois de cinco provas no decatlo.

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