Ministro e comitiva viajam para mundial sem brasileiros

Uma delegação de nove pessoas será enviada pelo Ministério do Esporte até o Catar. Ciclistas brasileiros ficaram de fora por falta de recurso, entre outros motivos

dom, 09/10/2016 - 08:43
Roberto Castro/ME Ministro é ciclista amador e filiado à Confederação Brasileira de Ciclismo (CBC) na categoria master Roberto Castro/ME

O Campeonato Mundial de Ciclismo de Estrada começa neste domingo, no Catar, sem a participação de atletas brasileiros. Mesmo assim, uma delegação de nove pessoas será enviada pelo Ministério do Esporte, nela incluída o próprio ministro, Leonardo Picciani (PMDB-RJ), ciclista amador e filiado à Confederação Brasileira de Ciclismo (CBC) na categoria master.

Viajarão também três assessores especiais (Vanderley Alves, Márcio Derenne e Lilian Dias), um consultor jurídico (Tamoio Athayde Marcondes), a coordenadora-geral de cerimonial (Lucielen Barbosa), a chefe de gabinete do ministro (Raquel Nogueira da Motta), o chefe da assessoria de assuntos internacionais (Renan Leite Paes Barreto) e o secretário de Esporte, Educação, Lazer e Inclusão Social (Leandro Cruz).

A maior parte da delegação vai ficar em Doha desta terça-feira até o próximo dia 17, enquanto o ministro chega na quinta, acompanhado de dois membros da delegação, depois de participar de uma reunião da Agência Mundial Antidoping (Wada, na sigla em inglês), em Montreal, no Canadá.

Já os atletas não participarão por vários motivos. O Brasil não conseguiu classificação para o Mundial nas principais provas, uma vez que as vagas são distribuídas a partir de resultados coletivos, e, sem recursos, as seleções quase não competiram internacionalmente nas últimas temporadas. O País só se classificou no sub-23, mas optou por não enviar representantes.

O mesmo ocorreu com a Funvic, de São José dos Campos (SP), que tinha direito a participar da prova de contrarrelógio por equipes. O único time profissional da América do Sul na segunda divisão do ciclismo alegou que, com o orçamento apertado, o custo da viagem não compensava. O clube preferiu guardar o dinheiro para competir na China entre o fim de outubro e o início de novembro.

CONTATOS - Em nota, o Ministério do Esporte disse que, em Doha, Picciani terá encontros bilaterais para cooperação técnica e troca de experiências na organização da Copa do Mundo de futebol, uma vez que o Catar será sede em 2022. "Além disso, negociará parcerias para investimento no esporte de base no Brasil e no hipismo, para aproveitamento do Centro Nacional de Hipismo, em Deodoro, e terá encontro com o presidente da União Ciclística Internacional (UCI), Brian Cookson".

Ainda segundo a pasta, a reunião terá como objetivo "garantir a utilização do Velódromo Olímpico em competições internacionais de ciclismo de pista". O ministério ressalta que, depois de passar por Doha, Picciani discursará no Fórum Mundial de Cultura e Esporte, em Tóquio, convidado pelo ministro japonês do esporte. "Na visita ao Japão, o ministro terá encontros bilaterais para cooperação técnica entre os países na área do esporte e para a troca de experiências na organização dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos".

Ainda que não conste no Diário Oficial, a viagem ao Japão também servirá para que o ministro acompanhe uma etapa do Grand Slam de Jiu-Jítsu, modalidade que não é olímpica. Picciani também se diz praticamente desta arte marcial.

NEM NO PAN - Outra ausência em competição internacional do ciclismo brasileiro, neste caso de pista, ocorre no Campeonato Pan-Americano. A competição poderia ratificar a evolução do País na modalidade, dois meses depois da Olimpíada e após um investimento de R$ 143,6 milhões na construção de um velódromo coberto.

A equipe, com 12 atletas, treinou por 11 dias em Maringá (PR) para o que a Confederação Brasileira de Ciclismo (CBC) chamava de "um dos desafios mais importantes do calendário internacional". O problema é que a entidade não comprou as passagens para a disputa, que ocorre desde a última quarta-feira e termina neste domingo em Aguascalientes, no México.

Ao jornal O Estado de S.Paulo, a CBC explicou que a competição mudou de local "em cima da hora", em agosto. "Foi feita uma programação para ir ao Canadá. Quando mudou, fizemos reservas para ir ao México, mas a reserva caiu", relatou a entidade, por meio da assessoria. No site da Confederação Pan-Americana, o calendário da competição está publicado há pelo menos um mês.

No mês passado, a CBC noticiou que, além dos 12 ciclistas, estavam treinando em Maringá (PR) três profissionais da comissão técnica. A reportagem tentou contato com três dos ciclistas, que não quiseram comentar a ausência no Pan.

Apesar de planejar a ida dos atletas ao Pan-Americano, a CBC marcou o Campeonato Brasileiro de Ciclismo de Pista para praticamente as mesmas datas. O torneio, também em Maringá, começa nesta segunda-feira. A pontuação distribuída no Pan seria fundamental para que os ciclistas brasileiros conseguissem espaço na Copa do Mundo da modalidade, que, por sua vez, dá pontos para a disputa do Mundial.

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