De garçom a jogador, Hericles por pouco não largou a bola

Meia coral contou detalhes de como quase desistiu do futebol e o papel fundamental de um dirigente em sua carreira

por Renato Torres ter, 13/03/2018 - 09:30
Rafael Bandeira/LeiaJáImagens Para quem passou a adolescência realizando trabalhos braçais, jogar pelo Santa é sonho realizado Rafael Bandeira/LeiaJáImagens

A história de Hericles Sousa, 22 anos, começou muito longe do Recife. Hoje titular absoluto, vestindo a camisa 9 do Santa Cruz, o meia chegou a desistir do futebol e trabalhar como pedreiro até ser convencido por um dirigente do Gama-DF a deixar a pequena cidade de Pirenópolis, localizada a 120 quilômetros de Goiânia-GO. Em entrevista exclusiva ao LeiaJá, ele relembra o início de carreira tardio, as dificuldades para disputar um espaço na base, até a chegada em um dos maiores clubes do Nordeste.

Foi difícil para o adolescente de apenas 15 anos - e nome inspirado em personagem de TV - encarar a desilusão com a carreira de jogador profissional. Com uma visão muito lúdica do que seria jogar futebol, Hericles não ficou com seu pai na capital goiana, onde tentou iniciar a carreira por Goiás e Atlético-GO. De volta ao município com pouco mais de 20 mil habitantes, restou a ele trabalhar para ajudar no sustento da família que não tinha uma situação financeira das melhores. Hericles fez de tudo um pouco, foi garçom, ajudante de pedreiro, trabalhou em oficina automotiva e até vendeu picolé, tudo para dar apoio à mãe e aos irmãos.

Tudo mudou graças ao olhar atento de um dirigente, estabelecido no mercado por trabalhar com nomes consolidados, como é o caso dos atacantes Marcos Júnior (Fluminese) e Leandro (Kashima Antlers-JAP), além do pentacampeão Kaká. Foi pela persistência de Vilson de Sá, prometendo tornar a jovem promessa em realidade, que o meia não se deixou abater. "Vilson insistiu comigo pois eu tinha desistido do futebol e ele me disse que nunca erra. Falou que se eu me dedicasse, me faria um atleta profissional. O cara trabalhou com muita gente boa, e eu conhecia a fama dele por conta dos atletas que estouraram. Ele é muito meu amigo, um pai mesmo que ganhei no futebol", contou.

E a aposta do cartola realmente vingaria. Como parte das divisões de base do Gama, no Distrito Federal, uma excursão fora do país deixou claro que não se tratava de um menino magrinho qualquer. "A gente fez uma excursão de pré-temporada por Bélgica, França, Alemanha, enfrentando sempre equipes de primeira e segunda divisão desses países. Consegui marcar dois gols, um de falta e outro de bicicleta, algo que nem imaginava fazer. Foi assim que ganhei uma chance no profissional", lembrou Hericles.

Quem o vê hoje no Santa Cruz, com um pouco mais de compleição física, porém ainda bastante fino não imagina o quanto o garoto de Pirenópolis-GO sonhavam em jogar dentro de um Arruda lotado. Por sinal, é algo que ainda espera ver, pois os públicos do Santa seguem abaixo dos cinco mil pagantes por partida em 2018. "Via os jogos do Santa na TV, o estádio lotado e era meu sonho estar aqui. Sei que ainda vou poder jogar diante de um Arruda cheio. Sou grato com tudo que me aconteceu e tenho várias metas. Quero ser campeão e subir com o Santa. Jogar Série A, na Europa e até seleção brasileira. Será muito difícil, porém não desisto. Não custa nada sonhar", afirmou o meia coral.

Confira a entrevista completa com Héricles: 

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