Náutico lança camisa antirracista e lamenta seu passado

"Que o futebol nos ajude a lutar por um mundo melhor", enfatizou o presidente Edno Melo

sex, 18/09/2020 - 13:02
Caio Falcão/Comunicação CNC Nilson foi personagem de episódio de racismo nos Aflitos Caio Falcão/Comunicação CNC

No passado, o Náutico participou de um processo de exclusão de negros do futebol. E evidentemente, o clube não se orgulha disso. Não há pedido de desculpas que apague. O que o Náutico vai fazer, portanto, é contribuir efetivamente no discurso e na prática das ações contra o racismo.

A camisa número 1 de goleiro "Vidas Negras Importam" é um marco na história do clube. Pela primeira, o escudo não terá o vermelho, mas sim o preto, para simbolizar o compromisso do clube em levantar esta bandeira.

"O Náutico tem uma das mais belas histórias do futebol brasileiro. É claro que existem erros e, como não se muda o passado, quem faz o presente pode reconhecê-los. Porque a história continua sendo escrita. Reparar não é possível? Podemos corrigir. O Náutico é alvirrubro, mas também de todas as cores, raças, gêneros e crenças. Que o futebol nos ajude a lutar por um mundo melhor", enfatizou o presidente Edno Melo.

Além da ação da camisa "Vidas Negras Importam" e toda a conscientização que existirá em torno dela, o Náutico também disponibilizará outras formas de combate ao racismo.

"Essa camisa representa o reconhecimento do clube de um passado racista e o entendimento que a tolerância é zero em relação a isso. O Náutico tem um canal direito com torcedor, através do site e aplicativo oficial, para denúncias de racismo e todos os casos vão ser apurados e em se confirmado, sendo sócio, será excluído do quadro, e caso não seja, vai ser encaminhado para as autoridades competentes", explicou o Vice-Presidente de Marketing, Luiz Filipe Figueirêdo.

A campanha tem como símbolo o ex-goleiro alvirrubro, Nilson, que, quando atuava pelo Santa Cruz, sofreu insultos racistas vindos da torcida do Náutico. Posteriormente, Nilson virou ídolo no Timbu, conquistando o Campeonato Pernambucano de 2004.

"A camisa achei lindíssima, maravilhosa, espetacular em todos os sentidos. Mas o mais importante de tudo isso, é a ação que o Náutico montou. É ver o Náutico abandonando o passado que ele não se orgulha, que é do racismo. Saber que o clube está levantando essa bandeira e dizendo 'não' ao racismo me faz ficar muito orgulhoso. Me sinto honrado em ter participado dessa ação. Espero que essa mensagem chegue à nação alvirrubra e a todos em Pernambuco, Brasil e mundo afora. Nós precisamos combater o racismo, pois o racismo mata", disse o ídolo alvirrubro.

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MANIFESTO ANTIRRACISTA

A gente tem orgulho da nossa história. A tradição, os títulos, os craques, o estádio dos Aflitos e A Mais Fiel do Nordeste são parte fundamental do que é ser Clube Náutico Capibaribe.

Mas nem tudo do passado nos orgulha. Ser o último clube do Recife a ter aceito negros vestindo a nossa camisa nos envergonha. Sem esconder ou deixar de falar do assunto, sabemos o quanto esta atitude colaborou com o preconceito e a discriminação.

Não podemos apagar o racismo do nosso passado, e só um pedido de desculpas não é suficiente. O que a gente pode e vai fazer é contribuir cada vez mais no combate ao racismo estrutural, à desigualdade social e à violência contra negros.

Pela primeira vez na história, o vermelho e o branco são deixados de lado, por uma causa bem maior: avisar para todo mundo que o Náutico também é preto!

Da assessoria do CNC

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