Fernando na ofensiva

Magno Martins, | ter, 17/03/2015 - 08:58
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Depois de fazer desabafos durante os seminários “Todos por Pernambuco”, na semana passada em Araripina, Petrolina e Salgueiro, o senador Fernando Bezerra Coelho (PSB) subiu, ontem, à tribuna do Senado. Em longo pronunciamento, afirmou que não tem culpa no cartório no esquema da operação Lava Jato, defendeu a memória do ex-governador Eduardo Campos e pediu pressa no seu julgamento.

Sobre as declarações do ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, o senador disse que teve com ele diversas reuniões e agendas, sempre para tratar de temas institucionais na condição de secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, no governo Eduardo Campos, e Costa como executivo da Petrobras.

“Como todos sabem, está sendo concluída uma grande refinaria em Pernambuco. Nenhum dos contratos para qualquer tipo de serviço na refinaria passou pelas minhas mãos. Todos, absolutamente todos, foram realizados exclusivamente pela Petrobras, sem qualquer gerência estadual”, afirmou, para acrescentar:

“Em 2010, não participei da coordenação da campanha à reeleição de Eduardo Campos. Portanto, nunca tratei de doações para aquela disputa com quem quer que fosse. Aliás, abro aqui um parêntese para fazer justiça a um amigo. Eduardo foi um gestor público sério, comprometido com as melhores causas democráticas e republicanas, e por isto mesmo deixou o governo com uma aprovação superior a 80%”, afirmou.

Fernando disse, ainda, que todas as contas dele foram devidamente analisadas e aprovadas pela Justiça Eleitoral. “Atacar Eduardo, agora que ele já se foi, é tentar macular a imagem de um grande líder que o Brasil perdeu de maneira tão precoce. Eduardo merece respeito pelo que foi e pelo que fez. As contradições nos depoimentos dos delatores são evidentes, e isso ficará demonstrado no curso das investigações”, assinalou.

PACOTE – O ministro do Desenvolvimento, Armando Monteiro, foi chamado, ontem, a Brasília, tão logo proferiu palestra no Recife sobre os rumos da economia em 2015. Ele integra o grupo de ministros convocado pela presidente Dilma para discutir as manifestações de rua do último domingo e a reação do Governo. Entre as iniciativas que o Governo vai propor como ofensiva está o lançamento do pacote anticorrupção.

Na corda bamba – Há muita preocupação no Governo com o destino do ministro Cid Gomes (Educação). Ele não se desculpou nem retirou a afirmação de que há uns 400 deputados achacadores. Na semana passada, quando foi adiado seu depoimento na Câmara, a temperatura subiu. O governo teme que a situação fique insustentável quando ele for depor no plenário.

Críticas a Rosseto – De passagem ontem pelo Recife, o ministro Armando Monteiro disse que o Governo deveria ter usado apenas um ministro para falar após as manifestações e criticou Miguel Rosseto, secretário-geral da Presidência. “A manifestação de Rossetto foi uma tentativa de atribuir [os problemas] à crise internacional. Sou do governo, sou solidário, mas posso expressar minha opinião livremente. Rossetto tem a sua avaliação e eu tenho a minha”, afirmou.

Saiu da toca – Um dia após os protestos realizados em diversas capitais do País contra o governo federal, a presidente Dilma defendeu, em pronunciamento, a liberdade das manifestações e disse que "valeu lutar pela liberdade" e contra a ditadura militar. "Presto homenagem a todos os que lutaram contra o regime de exceção e pela democracia e pelo restabelecimento pelas liberdades democráticas", afirmou. Ela acrescentou que teve a "honra de participar da resistência à ditadura".

Nova agenda – O governador Paulo Câmara diz que as manifestações demonstraram "claramente a necessidade de ajustes". Segundo ele, é preciso discutir uma nova agenda para o País. "O Brasil assistiu manifestações que demonstram claramente a necessidade de ajustes, de humildade, de transparência e de muito diálogo. Tem que ser apresentada e discutida uma nova agenda para o País”, pregou.

CURTAS

DIÁLOGO – O vice-presidente Michel Temer, acha que em vez de se assustar com os protestos realizados nas principais cidades do País, o Governo tem de "aplaudir" a iniciativa popular. Para ele, as ruas sinalizam que o Executivo tem de dialogar com "muita humildade" com a população.

INSATISFAÇÃO – Ministros do PT ainda insistem que as manifestações tiveram adesão apenas dos que não votaram em Dilma. Os ministros de outros partidos, porém, deixaram claro, na reunião de avaliação com a presidente, que há uma insatisfação muito mais ampla e difusa contra o governo do que se imaginava anteriormente.

 

Perguntar não ofende: O novo Governo Dilma será de coalização ou de transição? 

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