Esgoto a céu aberto e buracos tomam conta do Recife

Canteiros de obras, em sua maioria, não possuem trabalhadores no local e já duram meses sem finalização ou previsão de conclusão

por Naiane Nascimento seg, 15/06/2015 - 13:39

Águas de esgotos tomando ruas e calçadas. Buracos complicando o trânsito. Riscos de acidentes. Comércio sofrendo financeiramente com o transtorno. Esse é o panorama das ruas da cidade do Recife nos últimos meses.

Se o trânsito da cidade já costuma ser desagradável, com a quantidade de canteiros de obras espalhados pelas ruas, essa situação fica ainda pior. Os problemas mais recorrentes são os de tampas de bueiros quebradas e que necessitam a implantação de uma nova, no entanto, após a colocação da nova placa, é necessário que a área ainda fique isolada por cinco dias e só é liberada após a autorização de um engenheiro. De acordo com dois trabalhadores da obra de recolocação de tampa, na Rua da Coragem, no bairro da Encruzilhada, o local permanecia fechado, por estar no período de secagem e firmação do concreto. 

Nesse caso, havia trabalhadores no local, mas essa realidade não é recorrente nas demais localidades, como é o caso da obra de drenagem no cruzamento da Rua da Regeneração com a Bom Conselho, no Arruda. “Esse buraco, especialmente, é uma vergonha. O problema aqui é crônico. O canteiro está aí há cerca de um mês, eram oito trabalhadores, mas eles não apareceram mais e está tudo parado”, explica o digitador, Ricardo Sybalde.

A funcionária de um bar, às margens da obra, Joana Vasconcelos, conta que o movimento no estabelecimento sofreu uma grande queda, por conta do odor, além do trânsito que se agravou no local. “Durante as chuvas isso aqui não alaga pouco”, ironiza a trabalhadora, que comenta que a água alcança cerca de 50cm nas ruas do cruzamento e leva cerca de 2h para escoar. 

Outro problema foi localizado na Rua das Moças, na Campina do Barreto. O local é rota de ônibus, vários carros e motos, que já passam a ignorar o semáforo e utilizaram o canteiro como rotatória,explica Ana Cláudia, dona de mercearia. O feirante Erandi Santana, informou que há mais de três meses o serviço foi iniciado e ainda não finalizado e, para agravar ainda mais, há mais de uma semana não apareciam trabalhadores no local. 

Apesar das sinalizações ou tentativa de informar aos condutores para o perigo, acidentes por conta desses buracos são bastante recorrentes. “Se você ficar aqui por um tempo vai ver algum acidente”, avisa o frentista Admilson Gouveia que explica ter sido ele, junto com outros funcionários, que improvisaram uma sinalização para a ausência da tampa de esgoto na Avenida Beberibe. Como, muitas vezes, as autoridades não apresentam disponibilidade para sanar os problemas, os populares resolvem tomar atitudes para remediar. Também na mesma via foi encontrado outro buraco que vazava água, deixando moradores sem água, mas o problema foi amenizado. “Eu mesmo comprei um cano e dei um jeito da água não ir embora e minimizar o problema. Também colocamos essa planta para sinalizar o buraco na pista”, lembra o porteiro Wilson Hernane. 

E a lista de obras não para por aí. Pelo menos duas são causadoras de dores de cabeça para os moradores e transeuntes da zona norte do Recife. Na Rua das Pernambucanas, no bairro das Graças, um conserto promovido pela Compesa gerou transtorno, nos últimos dias. As ruas do entorno ficaram congestionadas e a ausência da Companhia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU) complicou ainda mais a situação no local. “Além do congestionamento, o mau cheiro era grande. Se tem que fazer o trabalho, que ele seja feito, mas eles poderiam trabalhar também à noite para adiantar o serviço”, ressalta uma moradora da área que não quis se identificar. Apesar de, aparentemente, o problema ter sido sanado na última semana, as águas do esgoto voltaram a minar o asfalto e os buracos tornaram a se formar. 

Na Estrada do Arraial, no Parnamirim, em conserto há mais de dez dias, os moradores e, principalmente os comerciantes estão sofrendo com o desvio de carros feitos na área, além da angústia pela falta de previsão do fim do serviço. “Já sofri muito prejuízo com essa obra. Nosso movimento caiu em cerca de 50%, um caminhão já bateu na minha fachada. Em 18 anos de funcionamento, não me lembro de uma época desse jeito”, lamenta Jorge Correia, proprietário de padaria. Ele acrescenta que durante esse período junino, sempre contrata mais funcionários, mas com o baixo movimento, este ano, não fez nenhuma contratação extra e não sabe como será o restante do ano, visto que não há mais previsão para a conclusão do serviço. “Nossa expectativa é que esteja finalizado até o final do ano”, ironiza. Correia também explicou que comerciantes da área procuraram a Empresa de Manuteñção e Limpeza Urbana (Emlurb), ma não foram, sequer, recebidos para solicitar que a área do desvio se aproxime mais da obra.

A equipe do LeiaJá também recebeu informações que os moradores da Rua do Bom Pastor, no bairro da Iputinga, zona oeste, também estão sofrendo com um serviço de esgoto. Segundo moradores, o problema já existe há alguns meses. Foi iniciada a obra, no entanto, quando se acreditava que estava finalizada, um buraco foi novamente aberto. O canteiro está tomando parte da via e há águas de esgoto empossadas, além do mau cheiro. 

Até o fechamento desta matéria, a Compesa não informou um porta-voz para explicar a situação para a nossa equipe. 

Veja o vídeo com o retorno do problema na Rua das Pernambucanas:

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