Empreendedores abrem rotas alternativas à crise

Preço bom e foco no cliente estão entre as fórmulas adotadas por microempresários paraenses para manter seus negócios em atividade nos tempos de aperto econômico

por Julia Klautau ter, 01/03/2016 - 16:38

A crise econômica que eclodiu no Brasil em 2015 preocupa os pequenos empresários que pretendem fazer crescer seu negócio em Belém. No momento parece arriscado investir em lojas, bares e restaurantes, mas algumas pessoas procuram alternativas para prosperar no mercado em 2016, mesmo que isso signifique ir para um caminho diferente de sua formação acadêmica.

Há um ano e meio, Felipe Beckman, de 27 anos, e o sócio Orlando Martins, de 28 anos, abriram a barbearia Brooklyn, na avenida Senador Lemos. O espaço diferenciado conta com a criatividade e oferece serviços como bar, barbearia, sala de jogos e estúdio de tatuagem. “Posso agregar muita coisa aqui. A ideia é sempre encher de serviços”, explica Felipe. Formado em administração, Felipe afirma que os custos para manter a barbearia são baixos.

Segundo ele, apesar de parecer um local para clientela masculina, também é frequentado por mulheres, principalmente na área do pub. “Esse mercado, há uns cinco anos no Brasil, principalmente em São Paulo, pegou fogo. Nós pesquisamos e vimos o que têm aí fora”. Além dos serviços já disponíveis, Felipe e Orlando resolveram construir uma sala do noivo, prevista para ficar pronta entre junho e julho deste ano, onde os homens podem relaxar antes de subir ao altar.

Para o administrador, preço bom e qualidade no serviço são a receita do sucesso nos negócios. “A demanda está grande”, conta Felipe.

Em março de 2015, Samantha Quemel trabalhava como redatora publicitária, mas fez os planos para abrir seu próprio restaurante japonês. Agora, em 2016, ela é proprietária do Miyazaki, na travessa Nina Ribeiro.

Com 29 anos e formada em publicidade, Samantha conta com o serviço de sushimans japoneses e que conhecem bem a técnica de preparo da comida típica. Isso, segundo ela, é um diferencial do restaurante na hora de pensar na quantidade de restaurantes japoneses na capital.

Para Samantha, o maior obstáculo é o valor do dólar. “Antigamente pagávamos uma peça de salmão, hoje em dia pagamos o dobro”, explica. “O peixe, a lula, o atum, nada vem daqui. Com a alta dos preços, sofremos com isso.” Uma altternativa que Samantha encontrou é abrir a cozinha para outras comidas, como pratos executivos para o almoço.

Para quem gostaria de abrir um negócio, Samantha aconselha: “Pesquise e estude mercado, estude fornecedor, preços e documentação. Tem que estar tudo em ordem”.

De acordo com levantamento feito pelo Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), apenas nos dez primeiros meses de 2014 foram criados mais de 1 milhão de empreendimentos formais no país. Esse número está próximo à quantidade de empresas criadas no mesmo período de 2013.  O estudo detectou ainda que em alguns segmentos da economia voltados para o mercado interno haverá atividades com boas perspectivas, apesar da crise. Entre elas estão empresas ligadas à alimentação, construção, estética e reparação de bens duráveis, como automóveis, que tiveram seu consumo estimulado durante o período de mais forte aquecimento da economia.

Além disso, figuram entre as atividades com maior potencial aquelas típicas de pequenos negócios e que independem da conjuntura econômica: preparo de alimentos para consumo domiciliar e comércio de alimentos, construção, instalações elétricas, sanitárias, hidráulicas e de gás, confecção e comércio de roupas, cabeleireiros, atividades de estética e beleza, comércio de cosméticos, bijuterias e artefatos semelhantes.

No vídeo abaixo, veja entrevistas com empreendedores de Belém.

Com apoio de Mirelly Pires e Yasmin Paschoal.

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