As lutas e o sabor de ser mãe de criança com microcefalia

Grupo formado por cerca de 120 mães se reuniu no WhatsApp para formar uma rede de apoio

por Naiane Nascimento sex, 11/03/2016 - 10:03

A rotina de visitas a hospitais, consultas médicas, tratamentos e reabilitação é a realidade das mães de crianças com microcefalia. Por conta disso e do constante contato que passaram a ter no dia a dia de dedicação aos filhos no ambiente hospitalar, algumas mães resolveram se unir em uma rede de solidariedade.

“Foi pelo convívio diário nos hospitais que nós resolvemos nos unir, formando um grupo no WhatsApp para trocar nossas experiências e dar apoio”, explica Gleyse Kelly, uma das fundadoras da União de Mães de Anjos (UMA).

Atualmente, o grupo possui cerca de 120 mães, além de um médico ginecologista e a fundadora da Aliança de Mães e Famílias Raras (AMAR), Pollyana Dias. O UMA conta com mais 25 mulheres que não possuem o aplicativo. Nestes casos, o intercâmbio de informações acontece por telefone e nas reuniões presenciais que realizadas mensalmente.

De acordo com Elaine Marques, mãe de João, de sete meses, o UMA é de extrema importância para ela, afinal, foi necessário abdicar de trabalho e outras tarefas fora de casa para se dedicar integralmente ao filho. “Muitas vezes acordamos tristes e uma dá força para a outra, porque elas sabem o que a outra está passando”.

A dedicação exclusiva aos seus bebês é um fator presenta na rotina de todas elas. Além disso, a realidade se torna mais dura para algumas, abandonadas pelo companheiro após saber que o filho tinha microcefalia.

Outra questão enfrentada em conjunto é a busca por respeito, visto que o preconceito ainda se faz presente em algumas situações. "Minha filha é normal, não tem nada de diferente. Microcefalia é só a questão de ter uma cabeça menor, mas nada muda", pontua Gleyse. “Nós queremos respeito, porque daqui a 15 anos haverá uma criança assim em cada esquina e a sociedade precisa aceitar”, frisa Germana Soares, uma das fundadoras do grupo.

A UMA vislumbra um caminho cheio de batalhas e conquistas, como a luta por mais respeito e aceitação de pessoas com a deficiência na sociedade, a inclusão e o apoio do governo em agilizar os benefícios destinados a essas crianças.

O grupo ainda conta com o auxílio da AMAR para fazer o elo entre as mães que desejam ingressar na rede, assim como na facilitação da elaboração de campanhas de arrecadação de donativos. “No momento estamos arrecadando fraldas [tamanhos M e G] e leites para bebês como Nan, Nestogeno e Aptamil”, detalha a fundadora da AMAR. Os artigos podem ser entregues na sede da Aliança, que fica localizada no Centro de Esporte Lazer e Cultura Alberto Santos Dumont, localizado na Rua  Almirante Nelsom Fernandes, S/N, no bairro de Boa Viagem, Zona Sul do Recife. 

O Portal LeiaJá bateu um papo com algumas das Mães de Anjos, pertencentes ao grupo. Confira a matéria realizada no encontro presencial da UMA:

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