Obama diz que risco atômico continua a existir
Criada por iniciativa de Obama, a cúpula tem por objetivo reduzir e aumentar a proteção de material nuclear e radioativo utilizados em atividades civis ao redor do mundo
O presidente dos EUA, Barack Obama, disse nesta sexta-feira que o risco de terroristas obterem material atômico continua a existir e a "evoluir", apesar dos avanços obtidos desde a realização da primeira Cúpula de Segurança Nuclear, em 2010. Em discurso de abertura da quarta edição do evento, em Washington, o americano afirmou que nem todas as 2.000 toneladas de material nuclear existentes no mundo estão protegidas de maneira apropriada.
"Só uma pequena quantidade de plutônio, do tamanho de uma maçã, poderia matar ou ferir centenas de milhares de pessoas inocentes", declarou a representantes de 52 países reunidos na capital americana.
"Seria uma catástrofe humanitária, política, econômica e ambiental com ramificações globais por décadas. Mudaria o nosso mundo", afirmou. "Não podemos ser complacentes."
Criada por iniciativa de Obama, a cúpula tem por objetivo reduzir e aumentar a proteção de material nuclear e radioativo utilizados em atividades civis ao redor do mundo. Os programas militares, que usam 96% do estoque de urânio altamente enriquecido, estão fora do âmbito da cúpula.
Ainda assim, Obama anunciou que os EUA divulgarão na sexta-feira uma descrição detalhada das medidas de segurança adotadas pelas Forças Armadas para proteger materiais nucleares, com a expectativa de que isso amplie a transparência de outros países em relação ao tema. Washington também divulgará pela primeira vez em uma década um inventário de seu estoque de urânio altamente enriquecido, que pode ser usado na fabricação de bombas atômicas. Segundo ele, o volume desse material detido pelo EUA diminui de maneira "considerável" nos últimos dez anos.
Desde o início do governo Obama, em 2009, houve a remoção ou neutralização de aproximadamente 3.000 toneladas de urânio altamente enriquecido de vários países. Segundo o Departamento de Estado, a quantidade seria suficiente para a fabricação de 150 bombas atômicas.
Segundo o presidente dos EUA, os esforços coletivos dos últimos anos evitaram que grupos terroristas conseguissem acesso armas nucleares ou tivessem sucesso na fabricação de uma "bomba suja", nome usado para definir uma bomba tradicional contaminada com material nuclear ou radioativo.
Mas ele lembrou que a Al-Qaeda já tentou obter dispositivos nucleares e que pessoas envolvidas nos ataques terroristas de Paris e em Bruxelas gravaram em vídeo o deslocamento do administrador de uma instalação nuclear belga. "Não há dúvida de que se esses loucos conseguirem colocar suas mãos em uma bomba nuclear ou em material nucelar eles certamente os usarão para matar o maior número possível de pessoas inocentes."
O Brasil, a Argentina e outros 13 países apresentarão declaração durante a cúpula na qual defenderão a eliminação de armas nucleares como o único caminho para afastar de maneira definitiva o risco do terrorismo atômico. Esse grupo de nações também criticou a exclusão dos arsenais militares das discussões da cúpula. "a segurança física nuclear não poderá ser fortalecida se limitarmos nossos esforços às quantidades relativamente pequenas de materiais nucleares utilizados para fins pacíficos e ignorarmos a ameaça apresentada pelas vastas quantidades de materiais utilizados nos programas de armas nucleares", diz a declaração.