Comerciantes criticam 'sumiço' de PMs do Centro do Recife
Nos meses de novembro e dezembro de 2017, eram muitos policiais militares circulando pelas ruas da região central da cidade. No início deste ano, a diminuição do efetivo da Polícia Militar foi notada
Pouco mais de dois meses após o anúncio da Operação Cerne, ação integrada da Secretaria de Defesa Social (SDS) de Pernambuco para intensificar o policiamento no Centro do Recife, comerciantes e transeuntes denunciam “sumiço” dos policiais militares. “Eram muitos guardas de boné laranja circulando e parados nas calçadas. Todos sumiram quando o ano virou e a violência segue piorando”, afirmou Lucas Alves, comerciante na Avenida Guararapes há mais de 20 anos.
O relato dos comerciantes parece se repetir a cada esquina. Seja na Avenida Conde da Boa Vista, Guararapes ou Dantas Barreto, principais vias da região central do Recife, a diminuição do efetivo da Polícia Militar foi notada. De acordo a divulgação feita pela SDS, a Operação Cerne era uma “parceria” entra a Polícia Civil, Polícia Militar e Corpo de Bombeiros no combate a roubos e furtos no Centro da capital pernambucana e não tinha data para ser encerrada. A ação foi planejada para abranger os bairros de São José, Santo Antônio, Boa Vista e Soledade.
Na quarta-feira (8), o LeiaJá.com foi às ruas e circulou pelos principais pontos do centro da cidade no horário de movimentação intensa, das 17h às 18h30. Diferente do cenário que se apresentou nos meses de novembro e dezembro de 2017, o policiamento era escasso e apenas quatros oficiais foram vistos na Praça do Diário, durante todo o percurso. Para Manoel Alexandre, comerciante há dez anos na Avenida Conde da Boa Vista, a diferença entre os períodos é clara e os relatos de assaltos voltaram à tona.
“Logo que eles colocaram um monte de policiais no ano passado, a violêncio diminuiu. Eram muitos circulando a pé por aqui. Este ano, eu quase não vi. Hoje mesmo só vi um de manhã. Ainda há policiamento, mas muito pouco e isso é uma atração para os bandidos, principalmente para gente que é comerciante e vive das vendas”, contou. Em novembro, a pasta prometeu reforço de policiais militares a pé, em motocicletas, viaturas de quatro rodas e cavalo. Também teria o apoio do Grupamento Tático Aéreo (GTA).
Em uma parada de ônibus da Avenida Guararapes, muitas pessoas também se queixaram e chegaram a chamar os PMs de “fantasmas”. “Só vi um hoje lá no Mercado de São José e por aqui, durante todo o dia, não avistei mais nenhum. Hoje mesmo teve um assalto na Riachuelo e o povo estava revoltado com o assaltante, batendo nele”, contou uma mulher antes de subir no seu ônibus.
Rosilda Silva e Genilson Silva, mãe e filho, trabalham vendendo frutas na esquina da Avenida Dantas Barreto com a Guararapes há mais de 25 anos. Afirmam nunca presenciar tempos tão violentos como os atuais. “Eu já presenciei vários assaltos e não pude fazer nada. No fim do ano, até que tinham muitos policiais. Hoje, eles ainda circulam, mas muito pouco. Os ladrões aproveitam a hora do almoço dos guardas e assaltam o povo. Situação triste”, lamenta Rosilda.
As queixas foram muitas. Falta de policiamento, insegurança em circular pelo Centro do Recife, principalmente no horário da noite, assaltos e furtos. Na falta de segurança pública, as pessoas que têm a região central como uma rotina diária garantem a integridade de formas alternativas. “Eu não vejo guardas. Não atendo o telefone, não mexo na minha bolsa e também evito andar com muito dinheiro. A gente não se sente seguro”, afirmou a aposentada Darcilene Severina.
Procurada pela reportagem do LeiaJá.com, a Polícia Militar de Pernambuco informou que a segurança no Centro do Recife foi mantida. “No local, a segurança é realizada pelo policiamento a pé e motorizado, além de ciclo patrulhas, que atuam através do patrulhamento ostensivo com rondas e abordagens. O Centro conta ainda com o apoio das unidades especializadas como CIPMoto e RPMon (regimento montado)”.
A reportagem também procurou a Secretaria de Defesa Social para esclarecer como anda o funcionamento da Operação Cerne, criticada por muitos frequentadores do centro pela ausência da PM. O órgão informou que estava analisando a demanda e até a publicação desta matéria não respondeu aos questionamentos.
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