Injeção para tratar eczema também alivia asma severa
Segundo o estudo, injeções de 200 a 300 miligramas ministradas a cada duas semanas durante um ano conseguiram reduzir à metade os potencialmente letais ataques de asma, em comparação com o grupo que ingeriu um placebo
Um medicamento injetável para tratar uma doença de pele inflamatória conhecida como eczema também pode ser eficaz no combate à asma severa, revelou um estudo publicado nesta segunda-feira (21), indicando usos mais amplos para uma classe custosa de remédios conhecidos como biológicos.
O Dupilumab (Dupixent) foi aprovado em 2017 pela FDA, agência que regula alimentos e medicamentos nos Estados Unidos. Fabricante do medicamento, a Regeneron Pharmaceuticals estabeleceu o preço do tratamento em US$ 37.000 (mais de R$ 136 mil) ao ano.
Agora, o remédio anti-inflamatório foi submetido a um teste com mais de dois mil pacientes que sofrem de asma de moderada a severa.
Segundo o estudo, injeções de 200 a 300 miligramas ministradas a cada duas semanas durante um ano conseguiram reduzir à metade os potencialmente letais ataques de asma, em comparação com o grupo que ingeriu um placebo.
A droga também melhorou a função pulmonar dos pacientes, segundo as descobertas divulgadas na Conferência Anual da Sociedade Torácica Americana, em San Diego, e publicadas na edição online do The New England Journal of Medicine.
No caso de pacientes com um alto número de um tipo específico de leucócitos, denominados eosinófilos, os ataques de asma diminuíram em dois terços.
"O medicamento não só reduziu os sintomas severos da asma, mas melhorou a capacidade respiratória", explicou o coautor do estudo, Mario Castro, médico e professor da Escola de Medicina da Universidade de Washington, em Saint Louis.
"É importante porque esses pacientes têm uma doença crônica incapacitante, que piora com o passar do tempo com a deterioração da função pulmonar. Até agora, não temos um medicamento para a asma que altere o curso da doença", acrescentou.
Os efeitos colaterais do tratamento incluem dor e inchaço no local da aplicação.
Cinco pacientes que receberam o dupilumab e três que tomaram um placebo morreram durante o estudo, mas os pesquisadores afirmaram que estes pacientes tinham múltiplas condições médicas graves e que o remédio não deveria ser responsabilizado por suas mortes.
Os resultados do estudo indicam que o dupilumab terá seu uso aprovado para o tratamento da asma severa, segundo um editorial que acompanhou o artigo no New England Journal of Medicine.
Isso significa que pelo menos outros três remédios biológicos - remédios com algum tipo de origem natural, seja humana, de animais ou micro-organismos e são fabricados por biotecnologia - também podem se candidatar no combate à asma.
Eles incluem o mepolizumab, o reslizumab e benralizumab - todos tratamentos anti-inflamatórios aprovados por reguladores americanos nos últimos anos.
"Esta nova classe de tratamento é um avanço claro no tratamento da asma", escreveram os editores do periódico, Jeffrey Drazen e Michael Harrington.
Mas, alertaram, nenhum deles oferece uma cura real para a asma, apenas uma diminuição dos sintomas, e mais estudos são necessários.